Análise Ergonômica e avaliação das condições de segurança do trabalho em um Ateliê de Costura
Por: Carolina234 • 4/12/2018 • 3.599 Palavras (15 Páginas) • 316 Visualizações
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O caso tratado se refere à análise ergonômica realizada em um ateliê de costura, que se localiza em uma galeria comercial no centro de Cabo Frio e foi inaugurado em 2004. No início, funcionava com apenas duas costureiras, que são as proprietárias, em uma loja alugada. Hoje conta com um total de 16 funcionários distribuídos em duas lojas. O ateliê oferece os serviços de conserto (simples e especializado) e confecção. Foi o pioneiro da região e hoje compete com três concorrentes diretos.
A composição da população de trabalho é dada por um total de 16 mulheres, sendo que duas são proprietárias, três são recepcionistas e onze são costureiras. A faixa de idade das costureiras varia de 42 a 63 anos e o nível de escolaridade é o ensino fundamental incompleto. Entre as costureiras, a rotatividade é baixa. A média de permanência na empresa é de 6 anos, um tempo grande em relação ao tempo total de existência do ateliê.
Inicialmente, devido aos efeitos da sazonalidade, era necessária a contratação de mão de obra extra no final do ano e no carnaval, época em que ocorrem grandes eventos na cidade. Entretanto a queda atual da demanda fez com que a empresa fosse capaz de passar pelos períodos de pico de vendas sem a necessidade da contratação de funcionários temporários.
Para compreensão mais detalhada da empresa foi realizado o mapeamento dos processos, conforme ilustrado na Figura 1. O mapeamento tem por objetivo criar um modelo de negócio, isto é uma abstração de como um negócio funciona. Os detalhes do modelo variam de acordo com a perspectiva de quem o cria, pois cada um possui um ponto de vista sobre os objetivos e as demais características do negocio. Isso é normal, e a modelagem de processos de negócio não resolve esse problema completamente. O modelo de negócio, no entanto, fornece uma visão simplificada da estrutura do negócio, servindo como base para comunicação, melhorias e inovações (ERIKSSON; PENKER, 2000).
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Figura 1 – O processo no ateliê de costura
Fonte: Elaborado pelos autores
- Atendimento: O processo tem início na recepção, onde o cliente é atendido, os serviços solicitados são analisados e descritos em ordens de serviço por uma das recepcionistas.
- Verificação: Os serviços demandados são verificados por uma das donas. Em seguida as peças de roupa são colocadas em sacolas, portanto, cada cliente tem a sua sacola de serviços. Cada sacola é designada a uma das costureiras e essa costureira, por sua vez, fica responsável por todos os serviços daquele cliente.
- Passar: Para realização da costura, as funcionárias passam todas as peças de suas respectivas sacolas para facilitar a operação e torná-la mais precisa. Há somente dois locais para realização dessa atividade.
Os serviços estão divididos em confecção, conserto simples e conserto especializado. Cada costureira tem em seu posto de trabalho uma máquina de costura simples. Além dessas, existem máquinas específicas (overloque) e mesas de corte distribuídas entre os dois andares para o uso comum.
- Consertos simples: Os consertos simples são aqueles reparos mais comuns que não exigem que a costureira se desloque de seu posto de trabalho e que podem ser realizados por todos os funcionários.
- Consertos especializados: Os consertos especializados necessitam de mudança para as outras máquinas de uso comum e são realizados somente por duas funcionárias.
- Confecção: A confecção necessita de mudança para as outras máquinas de uso como, com também para a mesa de corte. Podendo ser realizado somente por três funcionárias.
- Armazenagem: Quando todos os serviços já estão prontos, as costureiras guardam as roupas de volta nas sacolas e alocam nos armários localizados nos setores produtivos ou em seus postos de trabalho.
- Armazenamento para entrega: Estas sacolas são levadas até a recepção, onde serão armazenadas até o dia da entrega.
- Verificação com avaliação do cliente: Os serviços finalizados são conferidos junto com o cliente e só são entregues se estiver tudo conforme o que foi pedido. Caso não esteja, a sacola volta com os serviços não aprovados para o setor de costura.
Durante as observações diretas do setor de costura, foi possível encontrar diversos problemas que afetavam a saúde das funcionárias e a produtividade. Dentre eles, as funcionárias relataram iluminação insuficiente para a realização das tarefas e ambiente abafado. Foi possível perceber que o arranjo físico não permitia uma boa circulação de pessoas e materiais e que os assentos estavam em desacordo com a NR17.
Problemas identificados
Arranjo Físico
Em operações de manufatura, como as indústrias do setor têxtil, um dos fatores que devem ser avaliados em uma análise ergonômica é o arranjo físico. Segundo Corrêa (2004), os arranjos físicos das operações de manufatura devem atender todas as necessidades espaciais inerentes aos equipamentos e postos de trabalho e fluxos físicos de insumos e materiais tangíveis, levando-se em consideração os espaços, nas dimensões horizontais e verticais, bem como das atividades e circulação de pessoas. Dessa forma, foram reproduzidos os arranjos atuais para análise e proposição de melhorias. A Figura 2 ilustra o arranjo físico atual no primeiro e no segundo andar respectivamente.
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Figura 2 – Setores do Ateliê
Fonte: Elaborado pelos autores
O ateliê é dividido em três setores. A Figura 2 apresenta a divisão destes setores pela extensão do ateliê. O setor de costura é representado na figura pelo número 1 e pela cor vermelha, a administração é representada pelo número 2 e a cor azul, enquanto a recepção é representada pelo número 3 e pela cor amarela.
O arranjo físico deve ser capaz de oferecer a possibilidade de se operar apropriadamente todos os equipamentos do processo produtivo, diminuir as distâncias entre as tarefas, para eliminar os tempos improdutivos e ser capaz de se adaptar as variações do volume de produção e de variedades de produtos fabricados (CORREIA, 2004).
Na empresa o arranjo físico atual apresenta complicações no trânsito de pessoas e materiais. Os caminhos por onde as costureiras passam são estreitos e estão quase sempre obstruídos, dificultando a movimentação
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