ALTURA DE PLANTA, DIAMETRO CAULINAR E PRODUCAO DO PINHAO-MANSO IRRIGADO SOB DIFERENTES NIVEÍS DE SALINIDADE
Por: eduardamaia17 • 17/10/2018 • 7.690 Palavras (31 Páginas) • 372 Visualizações
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Key words: Jatropha curcas L., irrigation, electrical conductivity
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INTRODUÇÃO
O pinhão-manso (Jatropha curcas L) é uma planta pertencente à família Euphorbiaceae, havendo dúvidas sobre sua origem; alguns autores a consideram nativa do Brasil, mas, segundo (CORREIA, 2005)[6], seu mais provável local de origem é a América Central.
Com escassez de águas de boa qualidade em todo o mundo, o uso de fontes salinas na irrigação deve ser considerado uma alternativa importante, desde que se garanta o uso de tecnologia para evitar maior impacto às áreas irrigadas, através de um manejo cuidadoso.
Diante da preocupação atual com o efeito estufa, aquecimento global e com a limitação ao uso das reservas de combustível fóssil, o pinhão-manso, dentre outras oleaginosas, tem despertado interesse dos produtores, do governo e das instituições de pesquisa, por sua rusticidade. Nesse contexto, com a possibilidade do uso do óleo de pinhão-manso para a produção de biodiesel, abrem-se amplas perspectivas para o aumento das áreas de plantio com essa cultura no semiárido nordestino (Drumond et al., 2010)[7].
Outro fator que contribui para tais perspectivas está relacionado à qualidade de muitas fontes hídricas, principalmente as águas de poços, situados no cristalino, e águas superficiais de reservatórios, em locais com propensão à salinização. Em regiões áridas e semiáridas, a salinização decorre da natureza física e química dos solos, do regime pluvial e da alta evaporação. Naturalmente, o uso de irrigação acarreta a incorporação de sais ao perfil do solo, por conter na água sais solúveis; devido ao seu uso continuado em irrigações, na ausência de lixiviação, o sal se deposita na zona do sistema radicular e na superfície do solo, decorrente da evaporação da água. A salinização do solo progride quando a quantidade de sais, nele acumulada pela água de irrigação, é maior que a quantidade removida pela água de drenagem (Armas et al., 2010)[3].
Pouco se conhece sobre a bioquímica e a fisiologia do pinhão-manso; não existem cultivares definidas e alguns aspectos agronômicos ainda carecem de investigação, como, por exemplo, a população de plantas ideal e a configuração de plantio (Beltrão, 2006); outro aspecto a ser considerado por pesquisadores é a larga distribuição da colheita de sementes, onerando os custos de mão-de-obra. Entretanto, com a possibilidade do uso do óleo do pinhão-manso para a produção do biodiesel, abrem-se novas e amplas perspectivas de estudos, imprescindíveis para se ter tecnologia de suporte ao aumento das áreas de plantio com essa cultura, no semiárido nordestino.
As perspectivas favoráveis ao aumento de área plantada com essa cultura decorrem, não somente dos baixos custos de sua produção agrícola, principalmente na agricultura familiar, com mão-de-obra própria, mas, sobretudo, porque poderá ocupar solos pouco férteis e arenosos; em geral, tais solos são inaptos à agricultura de subsistência, proporcionando, assim, uma nova opção econômica para regiões carentes, principalmente na agricultura familiar (Achten et al., 2008; Toral et al., 2008).[1]
Sem dúvidas, o pinhão-manso deverá se inserir entre as mais promissoras fontes de matéria prima, rica em óleo, para produção de biocombustíveis. As facilidades de seu manejo agrícola, comparativamente a outras espécies, tornam essa espécie bastante atrativa e, especialmente, recomendada para um programa de produção de óleos vegetais.
A literatura disponível, atualmente, sobre a cultura do pinhão-manso ainda é bastante escassa, pois passou a ser objeto de maior interesse nos últimos anos, com as perspectivas de redução do uso do petróleo, decorrente de impacto ambiental, e pela possibilidade de serem usados óleos vegetais como combustíveis. Um dos trabalhos encontrados é o de Nery et al. (2009) que estudaram o crescimento de pinhão-manso, em ambiente protegido, irrigado com níveis de salinidade variando entre 0,6 e 3,0 dS [m.sup.-1] e verificaram ser a área foliar a variável mais afetada.
Mesmo sendo a espécie Jatropha curcas de baixa exigência hídrica, sobrevivendo em condições de baixa precipitação e adaptada a condições de calor, alta luminosidade e à semiaridez, a garantia de produção será maior com uso de irrigação, precisando ser pesquisada a possibilidade de seu cultivo em condições de salinidade, a exemplo do que foi realizado na germinação e início de crescimento de mudas do próprio pinhãomanso (Andréo-Souza et al., 2010)[2]e com mamoneira e algodoeiro (Cavalcanti et al., 2005; Jácome et al., 2005)[5], outras oleaginosas com potencialidades de cultivo sob estresse salino.
Nesta pesquisa, os estudos consistiram de avaliação de variáveis de crescimento e de produção da cultura do pinhãomanso, irrigado com águas de diferentes níveis de salinidade, em ambiente aberto.
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MATERIAL E METODOS
O experimento foi conduzido em lisímetros de drenagem da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais/UFCG, em Campina Grande, PB, com as coordenadas geográficas 7[grados] 15' 18" de latitude Sul, 35[grados] 52' 28" de longitude Oeste e altitude de 550 m. O clima da região, de acordo com a classificação climática de Koppen, adaptada ao Brasil (Pell et al., 2007; Nóbrega, 2010), é mesotérmico semiúmido, com verão quente e seco (4 a 5 meses) e chuvas de outono e inverno.
As plantas foram cultivadas em lisímetros, construídos em fibra de vidro, com paredes de 0,75 cm de espessura e dimensões de 1,60 m de comprimento, 0,90 m de largura e profundidade de 1,0 m. os lisímetros foram nivelados recebendo, no fundo da caixa, uma camada de brita zero e outra camada de areia lavada, revestidas por uma manta de "Bidim OP-20". Na parte inferior do lisímetro, foi inserido um dreno de PVC, com diâmetro de 25 mm conectado a um espaço de coleta de todos os lisímetros, através de registros, para avaliação do consumo hídrico das plantas e da evapotranspiração. Sobre a camada de areia, os lisímetros foram preenchidos com material de solo (1,01 [m.sup.3]), retirado em área próxima ao campus da UFCG, onde há ocorrência natural de outra espécie (pinhão-bravo), obedecendo
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