DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR – EXTRATO AQUOSO DE CRAVO E SEPARAÇÃO DO EUGENOL
Por: YdecRupolo • 29/5/2018 • 1.672 Palavras (7 Páginas) • 480 Visualizações
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Colocou-se 10 g de cravos em um balão de fundo chato e adicionou-se 150 mL de agua destilada. Posteriormente, iniciou-se o aquecimento onde a velocidade de destilação permaneceu lenta, porem constante. Destilou-se até coletar de 100-150 mL do destilado. Logo após o destilado foi transferido para um funil de separação.
Em seguida o destilado foi extraído com três porções de cloreto de metileno de 10 mL cada. As camadas foram separadas em aquosa e orgânica, desprezou-se a fase aquosa, coletando a fase orgânica em um béquer de 100 mL. Para retirar os traços de agua presentes na amostra adicionou-se 3g de sulfato de sódio anidro na fase orgânica e deixou em repouso por cerca de 15 minutos, após filtrou a mistura em papel filtro coletando o filtrado em outro béquer de 100 mL previamente tarado.
Após a filtração concentrou-se a mistura por evaporação em banho maria até que restou apenas o resíduo oleoso. Determinou-se a massa de eugenol.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O eugenol (principal constituinte químico do óleo essencial) possui atividades antimicrobianas, antioxidantes e anti-inflamatórias comprovadas por estudos (OLIVEIRA et al., 2008). Os resultados obtidos da extração de eugenol foram expressos em rendimento (%) e apresentados da Tabela 1.
Tabela 1: Dados obtidos da extração do eugenol no cravo.
Massa de cravo (g)
Massa do Erlenmeyer vazio (g)
Massa Erlenmeyer com eugenol (g)
Massa de eugenol obtido (g)
Rendimento da extração (%)
10,2425
56,2316
57,8472
1,6156
15,77349
De acordo com Queiroz et al. (2001) a extração líquido-líquido é usada para realizar a separação de uma amostra em duas fases distintas (aquosa e orgânica). Uma melhor maneira de obter eficiência na extração é o solvente ter afinidade com o soluto de extração, da razão do número de extrações ou fases.
Os resultados obtidos neste estudo foram diferentes aos encontrados por Rabêlo (2010) encontrando um rendimento de 3,54% de eugenol nos componentes de óleo essencial do cravo. Ainda de acordo com o autor, o tempo de extração também pode ser significativo, visto que, uma destilação rápida pode resultar em uma extração contendo, principalmente, componentes mais voláteis, mas, isento das melhores características. No entanto, uma destilação mais demorada encarece o produto e acaba por sobrecarregá-lo de aromas pouco relevantes.
Oliveira et al. (2008) realizaram extração de óleo essencial pela técnica de hidrodestilação, usando um adaptador Clevenger das espécies Pimenta dioica (folhas e frutos) e Syzygium aromaticum (botões florais, talos e folhas), componente majoritário presente nessas espécies foi o eugenol, variando de 72,87 a 90,41%.
Alves et al. (2011) tiveram dificuldade em escolher o processo correto para extrair eugenol de cravo-da-índia, onde verificaram que no arraste de vapor, houve um rendimento muito baixo quando comparado a técnica de soxhlet (onde houve rendimento superior), porém nesse último método de extração, outras substancias foram extraídas também.
Franco et al. (2009) realizaram extração de óleo essencial do cravo-da-índia em CO2 supercrítico utilizando análise cromatográfica, e os resultados experimentais obtidos a 155 bar e temperatura fixa de 25ºC durante 20 minutos, mostrou-se a melhor condição de arraste do óleo do cravo-da-Índia (Eugenia caryophyllata) em laboratório.
Queiroz et al. (2001) afirma que a razão das fases amostra: solvente, número de extrações efetuadas e a afinidade do soluto pelo solvente de extração são os fatores que interferem na eficiência da extração líquido-líquido.
A técnica de extração líquido-líquido também é muito utilizada para produção de biodiesel, como o caso de Rezende (2009), que utilizou como solvente o etanol contendo diferentes teores de água, para desacidificação de óleo de macaúba para produção de biodiesel.
Os tipos de cultivo e o ambiente (temperatura, umidade e exposição ao sol) no qual o vegetal se desenvolve também exercem influência no rendimento da extração. Bem como o grau de umidificação e a concentração de nutrientes do solo (SIMÕES; SPITZER, 1999).
A técnica de extração liquido-líquido também é comumente empregada para desacidificar óleos vegetais (retirando de ácidos graxos livres, além de fosfolípidios, ceras, pigmentos e frações de metais). Neste processo de desacidificação a extração liquido-líquido quando comparada a outros métodos de extração como o refino químico apresenta diversas vantagens, como a redução de perda de óleos neutros, economia de energia, e também pelo fato de não produzir sabões (RODRIGUES, 2011).
Muitas vitaminas lipossolúveis também podem ser extraídas de matrizes alimentícias, como por exemplo, vitamina A do leite em pó, utilizando acetato de etila, que é o solvente mais recomendado para esse tipo de alimento. Em peixes, para análise de vitaminas A e D, deve-se utilizar mistura de éter etílico e éter de petróleo (PAIXÃO; STAMFORD, 2004).
CONCLUSÃO
Através dos dados apresentados neste trabalho, conclui-se que a extração líquido-líquido possibilitou extrair o eugenol do cravo-da-índia, porém os resultados encontrados na literatura apresentaram significativas divergências com os dados gerados neste estudo.
Portanto, ressalta-se a necessidade de outros estudos envolvendo a extração desse composto, para fins comparativos.
REFERÊNCIAS
ALVES, G.A; SANTOS, M.R; ARAÚJO, M.H.A; SILVA, S.O. Eugenol: Do Cravo à Estética. (Anais). In: 51º Congresso Brasileiro de Química. São Luis - MA, 2011.
BUSATO, N. V; SILVEIRA, J.C; COSTA, A.O.S; JUNIOR, E.F.C. Estratégias de modelagem da extração de óleos essenciais por hidrodestilação e destilação a vapor. Ciência Rural, Santa Maria, v.44, n.9, p.1574-1582, set, 2014.
FILIPPIS, F.M. Extração com CO2 supercrítico de óleos essencial de Hon-sho e Ho-sho- experimentos e modelagem. 2001. 114f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química), 114f.
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