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Digestibilidade aparente de nutrientes para carapeba

Por:   •  16/5/2018  •  5.612 Palavras (23 Páginas)  •  481 Visualizações

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Keywords: Acará-peba, amino acid, nutritional value, sea culture

1. Introdução

A carapeba, Diapterus rhombeus, é um peixe onívoro e eurialino, apresentando boa adaptação em ambientes com diferentes salinidades, sendo características favoráveis para piscicultura. Estudos com carapeba foram conduzidos sobre aspectos biológicos (Etchevers, 1978; Chaves & Otto, 1998; Silva et al., 2011), distribuição (Araújo & Santos, 1999; Ayala-Perez et al., 2001; Costa et al., 2012), entretanto, não foram realizadas pesquisas com digestibilidade dos ingredientes, que é um passo primordial para a confecção de rações eficientes.

Entretanto, um grande desafio da piscicultura é obter alta produtividade com o mínimo de resíduos excretados no ambiente. Isso é particularmente aplicado à excreção de nitrogênio (N) e fósforo (P) que limitam a produção primária de algas, podendo causar eutrofização nos sistemas de produção, que dependem exclusivamente de uma alimentação balanceada (Furuya et al., 2005; Cyrino et al., 2010).

Assim, a disponibilidade dos nutrientes para os peixes deve ser determinada em termos de digestibilidade, que representa a fração dos nutrientes dos ingredientes usados na alimentação, que não são excretados (Goddard & Mclean, 2001; NRC, 2011).

A determinação do coeficiente de digestibilidade dos alimentos é importante para avaliar os valores nutricionais dos ingredientes que serão usados na formulação de dietas para peixes. Esta determinação baseia-se no na digestão e absorção dos nutrientes provenientes dos ingredientes ingeridos pelo peixe, dependendo das condições e dos métodos aplicados nos experimentos de digestibilidade (De Silva 1989; Bureau et al. 2002). Dessa forma, objetivou-se com este estudo, avaliar o coeficiente de digestibilidade aparente de fontes proteicas e energéticas para juvenis de carapeba.

2. Material e métodos

2.1. Peixes e Infraestrutura

Exemplares de carapeba foram obtidos em ambiente natural de estuário na região de Ituberá-BA, utilizando artefatos de pesca como redes, puçás e embarcação que foram operados por pescadores profissionais. Os peixes foram transferidos para um laboratório experimental de adaptação, localizado na cidade de Ituberá onde foram mantidos em caixas de fibra de vidro (310 L) com aeração constante e filtro biológico para adaptação ao ambiente confinado e ao manejo alimentar. Após quinze dias, foram transferidos em caixa de transporte (500 L), equipada com sistema de oxigenação, para o Laboratório de Alimentação e Nutrição de Peixes (Aquanut) da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, Brasil (14º 47' 20" S 39º 02' 58" W).

Os peixes passaram por um segundo período de adaptação de 2 semanas às instalações e ao manejo alimentar. Para o ensaio de digestibilidade com duração de 21 dias, foram utilizados 80 exemplares de carapeba (13 ± 3,23 g) que foram mantidos em oito aquários de digestibilidade (densidade de 10 peixes/aquário) com formato cônico (200 L), equipados com sistema de aeração e filtro biológico. Na parte inferior dos aquários foram instalados coletores que eram submersos em água e gelo durante os períodos de coleta de fezes.

A qualidade da água quanto à temperatura, pH, oxigênio dissolvido e salinidade, foi mensurada diariamente com aparelho multiparâmetro YSI Professional Plus, obtendo valores médios de 25,75°C ± 0,8; 7,49 ± 0,3; 8,25 ± 1,2 mg/L; 21,9 ± 1,1 ppt, respectivamente.

2.2 Preparações das dietas

Foi utilizada uma dieta referência com 325,00 g Kg-1 de proteína bruta e 15,46 MJ kg-1 (Tabela 1), baseada nas informações para o pacu (Piaractus mesopotamicus) e formulada utilizando o programa computacional SUPER CRAC®, com a adição de 1,0 g Kg-1 de óxido de cromo (Cr2O3) como indicador externo nas rações para a determinação da digestibilidade.

As rações testes foram confeccionadas utilizando a mistura de 70% da dieta referência com 30% do ingrediente a ser testado. Na confecção das rações, os ingredientes utilizados foram moídos em moinho tipo faca, passados em matriz de 0,5 mm e posteriormente homogeneizados, de acordo com a formulação de cada ração.

As rações foram processadas em moedor de carne com reversor equipado com matriz de 2 mm. Foi realizado o umedecimento prévio da mistura utilizando água a 40°C e os grânulos de ração foram secos em estufa (55°C) de ventilação forçada por 24 horas e, posteriormente, desintegrados para facilitar a ingestão pelos peixes.

Foram avaliados os coeficientes de digestibilidade aparente de matéria seca (CDAMS), proteína bruta (CDAPB), energia bruta (CDAEB) e aminoácidos (CDAAA) da dieta referência e de sete ingredientes utilizados, sendo três fontes proteicas (farelo de soja, farelo de glúten de milho e farinha de peixe) e quatro fontes energéticas (fubá de milho, farelo de trigo, farelo de arroz e amido de milho). Para cada ingrediente testado foram utilizadas três repetições.

2.3 Manejo experimental

Os peixes foram alimentados cinco vezes ao dia (8h00; 10h00; 12h00; 14h00 e 16h00), até a saciedade aparente. Ao final do dia após a última alimentação, os aquários de digestibilidade eram sifonados e uma descarga de água era feita para a retirada das sobras de ração. Às 7 horas da manhã do dia seguinte os coletores dos aquários eram desacoplados e o material coletado era depositado em recipientes de alumínio, identificados e levados para secagem em estufa de circulação forçada a 55°C por 24 horas. Em seguida, as escamas presentes nas excretas foram retiradas com auxílio de uma peneira com malha de 1 mm e pinça. As amostras secas foram armazenadas em recipientes plásticos e mantidas em refrigerador (4°C), para a determinação da composição bromatológica. Para cada ração testada, os peixes passaram por período de adaptação à nova ração de uma semana e, posteriormente, cinco dias de coleta de fezes.

2.4 Determinações da digestibilidade

As análises laboratoriais de matéria seca (MS), energia bruta (EB) foram feita no Laboratório de nutrição de peixes (AQUANUT-UESC) e as de proteína bruta (PB) e aminoácidos (AA) foram realizadas pela CBO Analises Laboratoriais (Campinas–SP), segundo metodologia AOAC (2000), analisadas em triplicata. Os coeficientes de digestibilidade aparente das dietas (CDA) foram calculados (De Silva 1989;

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