Teoria sistema psicológico
Por: Salezio.Francisco • 25/4/2018 • 1.704 Palavras (7 Páginas) • 417 Visualizações
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Outra cena interessante passada no filme, é quando Chantale aparece vestida de noiva em um bosque e Hubert de terno, ambos estão correndo, mais especificamente Hubert correndo atrás da mãe, como se a desejasse, e a mesma foge do filho.
Até que, um tempo depois, sua mãe Chantale recebe uma ligação do colégio dizendo que Hubert fugiu, deixando apenas um bilhete em seu quarto. O diretor faz insinuações machistas sobre a criação e a maneira como ela cuida de seu filho, e Chantale se revolta extravasando com respostas em sua defesa e em defesa de Hubert.
Ela vai encontra-lo no lugar em que o seu bilhete dizia. Chegando lá, ve Hubert sentado em uma pedra, num lugar que foi muito marcante em sua infância. Ela senta-se ao seu lado e o abraça.
4. OBJETIVO DA OBRA
Foi observado que o objetivo do escritor do filme foi relatar o relacionamento conturbado de um filho com sua mãe, sob a perspectiva verossímil da realidade de um adolescente (envolvendo sexualidade, uso de drogas, paixões e talentos).
5. PONTO CRITICO DA OBRA
Durante toda a obra foi possível perceber a deturpada relação entre mãe e filho, porém, a cena (possivelmente advinda de um sonho do personagem principal) na qual ele, vestido de terno, corre atrás da mãe, vestida de noiva, para que ao fim ela rejeite segurar sua mão foi o ápice para a relação entre o conteúdo da obra e os conceitos psicanalíticos estudados.
6. ANALISE CRITICA
Durante o filme, o personagem principal Hubert se mostra irritado com Chantale, sua mãe. Desde o início, não tem paciência para com ela, não hesita em gritar com ela mesmo sem necessidade. Apesar disto, há momentos em que demonstra certo afeto por ela, ainda que timidamente. Em geral, sua relação é muito problemática. A narrativa revela que o pai de Hubert os abandonou muito cedo, quando ele era ainda criança. Logo, é visto que a figura materna é o único foco do ambiente familiar. ´E importante salientar, sobre o enredo, que Hubert é homossexual e tem um namorado. A descoberta, por parte da mãe, não ocorre por meio do filho, porém, apesar de surpresa, ela não o repreende.
De acordo com Nasio (1995) e sua interpretação da Psicanálise de Freud, toda criança passa por um complexo chamado Complexo de Edipo. Em sua versão masculina (que será aqui abordada), o menino, em sua fase fálica, direciona sua pulsão sexual para a mãe, tornando-a seu objeto sexual. Logo, o pai se transforma num modelo a ser seguido, uma vez que ele possui a mãe. Em seguida, “a identificação amorosa transforma-se numa atitude hostil contra o pai” (Nasio, 1995, pg. 42). O conflito sempre resulta em uma resolução, majoritariamente narcisista, na qual a criança é obrigada a escolher entre seu próprio corpo ou o objeto desejado.
No filme, pouco é demonstrado da relação do personagem com seu pai, esse só se mostra presente na hora de disciplinar o garoto. ´E sabido que ele possui algum tipo de afeto pela mãe, apesar de sua constante brutalidade com ela. Há uma fala em que ele implica que não a ama como mãe, mas ainda assim a ama. ´E importante frisar que, em todas as cenas que mostram sua infância, Hubert expressa alegria na presença materna, fazendo alusão a um tempo em que eles possuíam uma boa relação. Outra cena essencial para a relação entre o filme e a disciplina é dada por um momento onírico onde há a visão da mãe, vestida de noiva, fugindo do filho, que tenta segurar sua mão mas é rejeitado.
Após a análise das cenas, é possível inferir que a época de momentos felizes da infância mostrada no filme pode ter relação com o auge do Complexo de Edipo, em que o filho ainda deseja a mãe como objeto sexual. A cena em que ela está vestida de noiva sugere uma não resolução do complexo, levanta a possibilidade de o filho continuar desejando a mãe. O fato de ela ter rejeitado segurar sua mão, aliado a ausência do pai, pode também indicar que não houve o pai como figura de castração, outro fator que favorece a não resolução do conflito. Sob a perspectiva de Zimerman (1999), a ausência do pai consiste em uma ação patogênica, uma vez que dificulta a resolução edípica.
Segundo Marco A. Coutinho (1952), “A organização sexual infantil se divide essencialmente em duas fases: uma primitiva ou pré-edipiana e outra fálica ou edipiana. [...] A primeira, que começa nos primeiros anos de vida e se estende, aproximadamente,até os dois anos, é marcada pela relação dual entre mãe e filho. A segunda,que se situa no período que vai, aproximadamente, dos três aos quatro ou cinco anos, podendo começar antes dos três anos e se estender até os seis anos, caracteriza-se pela intervenção da figura do pai, cuja função é introduzir a lei que interdita o primeiro objeto de amor” (Marco, 1952, pg. 47). No filme, como dito mais acima Hubert apresenta uma certa agressividade com qual sua mãe também expõe como forma de defesa a essa agressão de seu filho, o que é “normal” quanto ao genitor de desejo do mesmo sexo, ao se apresentar como rival, torna-se alvo de sentimento hostil e agressivo.
Logo, conforme apresentado no filme Hubert tem uma preferência pelo sexo oposto. Ele mantém relações sexuais escondidas de sua mãe - que ao mesmo tempo mostrava que não gostava da ideia o apoiava - com Antonin Rimbaud que se torna junto a sua professora Julie Cloutier- que relatou já ter passado por isso em sua infância- apoio para essa relação conturbada.
Para Freud a Homossexualidade é uma posição libidal, uma orientação sexual e sustenta essa ideia a partir do complexo de Édipo que conforme o original, é a escolha de objeto a qual o satisfará. Tal escolha que não é a seleção do sexo oposto, definirá as escolhas futuras. Segundo Freud (1905), A psicanálise considera que a escolha de um objeto, independentemente de seu sexo – que recai igualmente em objetos femininos e masculinos - , tal como ocorre na infância, nos estágios primitivos da sociedade e nos primeiros períodos da historia, é a base original da qual, como consequência da restrição num ou noutro sentido, se desenvolvem tanto os tipos normais quanto os invertidos (Freud, 1905, pg. 146).
De acordo com Zimerman (1999), dentro da Psicanálise há o conceito de uma maternagem adequada,
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