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Resenha A vida sexual humana. Sigmund Freud. Conferências introdutórias á psicanálise (1916-1917), Capítulo 20.

Por:   •  10/11/2018  •  2.003 Palavras (9 Páginas)  •  627 Visualizações

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é somente desenvolvida na puberdade, cometem um erro, pois confundem sexualidade com reprodução e dificultam o entendimento da sexualidade, das perversões e das neuroses. Freud pensa que esse erro tem sua fonte na influência da educação, na qual a sociedade tenta domar e submeter esse ímpeto reprodutivo a uma vontade individual que esteja de acordo com a ordem social. A sociedade também tenta deixar para outro momento o desenvolvimento desse instinto, até que a criança tenha alcançado a maturidade intelectual. Porém isso é importante para que o ser humano desvie sua energia da atividade sexual para o trabalho, para as suas responsabilidades sociais. Freud comenta que essa experiência tem mostrado aos educadores que a tarefa de guiar a vontade sexual da nova geração, só pode ser realizada pela influência. Não precisa esperar os momentos turbulentos da puberdade, mas já se pode intervir na vida sexual da criança, preparando-a para a fase posterior. O que muitas vezes acontece é que se ignoram as práticas sexuais da criança ou como a ciência faz, considera a criança como pura e inocente. O autor diz que as crianças são as únicas que não participam dessas convenções, demonstrando a todo o momento que o caminho rumo a pureza ainda está por ser percorrido. Podemos observar nas crianças entre cinco a seis anos de idade, a presença da sexualidade, ou seja, a presença dos “maus hábitos infantis”, como intitulam aqueles que negam a sexualidade infantil. Neste período da vida, a criança por ser considerada assexuada, é envolvida por uma amnésia, que somente por exploração analítica, seus conteúdos são capazes de serem alcançados, mas que aparecem nos sonhos infantis. Neste ponto do texto, Freud expõe o que se pode perceber com mais clareza na vida sexual da criança, ou seja, sua libido. Essa é uma força com que o instinto se manifesta, por exemplo, a manifestação da fome, o desejo de alimentação. Dessa forma, as práticas sexuais dos lactentes dependem de difícil trabalho de interpretação, que quando baseadas em investigações analíticas, tem com resultado a busca da retrospectiva do sintoma. No lactente, os primeiros impulsos da sexualidade estão apoiados em funções importantes para a vida, como a alimentação. Quando saciado ele adormece junto ao peito da mãe, demonstrando uma expressão de satisfação, que é a mesma satisfação que mais tarde, na vida adulta, se repetirá no orgasmo sexual. O lactente quer repetir essa ação, sem, contudo demandar mais alimento, não sendo a fome que o estimula e sim a satisfação, com o ato de sugar. Ele obtém prazer com o ato de sugar, e logo o bebê faz essa dissociação da alimentação. Ele obtém prazer quando a região oral está excitada, e esse prazer é caracterizado como sexual. Então se aprende na psicanálise que o significado psíquico desse ato perdura para toda a vida, ou seja, o mamar no peito da mãe, torna-se ponto de partida de toda a vida sexual. É um modelo para toda satisfação sexual posterior, que tem efeitos profundos na vida psíquica. O bebê também substitui o peito por outra parte do corpo, como o polegar e a própria língua, se fazendo independente na obtenção de prazer, não importando a aprovação do mundo exterior. Depois acaba intensificando esse prazer, encontrando-o em outras partes do seu corpo, como fonte de satisfação descobrindo a excitabilidade de seus órgãos genitais, conduzindo-o do ato de sugar à masturbação (manipulação dos seus genitais). É bem interessante que se destaque que a criança já nasce com essa energia libidinal, ou seja, todos são criados desta forma, com a capacidade de sentir prazer e satisfação. E é necessário que cada fase do desenvolvimento infantil seja respeitada com naturalidade, acompanhando a criança em suas curiosidades, sem que se atropelem os assuntos referentes à sexualidade adulta, seja através do assédio, abuso, permitir que veja conteúdos impróprios para sua idade, ou mesmo ensinamentos que não estão preparadas para aprender. Vejo que todas as fases do desenvolvimento pelas quais passamos, é um preparativo para a sexualidade na vida adulta. Se esses conteúdos são adiantados na vida da criança, surgem aí as possibilidades de aparecerem às perversões em geral.

Para Freud a criança tem contato com a sua sexualidade a partir da satisfação com o seu próprio corpo, ou seja, o seu corpo é objeto de satisfação. Um exemplo disso é o ato de sugar, que além de suprir uma necessidade orgânica, também promove o autoerotismo. O prazer que o lactente sente na alimentação, ao ingerir alimentos, também o sente, quando os expele, em forma de excremento e urina. Porém, é através da excreção, no processo de liberar o intestino e esvaziar a bexiga, que o infante tem o primeiro contato com o limite, com a inibição, ao ser tolhido pelo outro, que lhe impõe o momento, supostamente, certo das suas necessidades fisiológicas, sendo assim, o prazer oriundo disso, é rechaçado como algo vergonhoso, que consequentemente, dá lugar à dignidade social. Com isso, aquilo que tinha um valor para o sujeito por ser dele, é transferido a outros objetos, como o dinheiro, presentes e até ao orgulho em urinar. A constatação de satisfação sexual, mesmo não sendo nos órgãos genitais, é confirmada quando se vê adultos que sentem prazer sexual em outros órgãos do corpo, como o ânus, no caso de homossexuais.

Quando se fala de sexualidade infantil, observa-se que nela está presente a perversão, visto que, o ato sexual é entendido apenas, para a reprodução, entretanto, isto não é possível à criança. Porém mesmo assim, ela usufrui de certa satisfação sexual, que deve ser considerada, caracterizando, desta forma, a perversão. No seu desenvolvimento o lactente, divide a obtenção de prazer, no seu próprio corpo, e no objeto exterior. Todavia, ele se concentra em si mesmo, destacando os órgãos genitais, buscando a satisfação via masturbação.

A criança desde cedo, a partir do terceiro ano de vida, já começa a sua busca em conhecer a sexualidade. O menino acredita que ambos os sexos possuem pênis, mas quando em contato com alguma menina acha que ela teve uma perda, aí se desenvolve o complexo de castração, ou seja, o medo de perder o seu órgão. O complexo de castração se estende para outros aspectos da sua vida, como o caráter, relacionamentos, resistências. A menina, por sua vez, se

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