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O Trabalho das Drag Queens e a Sociedade

Por:   •  31/1/2018  •  7.934 Palavras (32 Páginas)  •  344 Visualizações

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃO

O que iremos discutir neste trabalho é de forma bem ampla, a relação de trabalho das Drag Queens e a sociedade heteronormativa que conhecemos, que ao passar dos anos se manteve com seus prejulgamentos, que mesmo com o evoluir do individuo ainda mantém resquícios de uma sociedade retrograda com relação ao que difere da dicotomia masculina e feminina.

Apresentaremos um contexto histórico social, retratando o papel da Drag Queen em períodos de transformação da sociedade e o seu papel desempenhado, nem sempre como de costume em papéis teatrais, mas às vezes em papéis de extrema importância, como por exemplo, na década de 60, em plena revolução sexual, entre outros movimentos.

Abordaremos os conceitos de identidade e construção da mesma, impossível falar sobre Drag Queens, sem passarmos pela questão da identidade de gênero, onde se percebe a pluralidade de gêneros, de possibilidades, a Teoria Queer e sua fascinante história de construção da identidade do individuo , entre outros conceitos, não deixando de lado a principal questão que é a identidade da Drag Queen, a sua identidade Queen e sua relação com seu alter-ego.

Em meio a tudo isso, infelizmente nos deparamos com o preconceito, existente em uma sociedade heteronormativa e patriarcal, o classicismo de nossa sociedade insiste em ser violento com os não binários, e com isso temos consequências que acarretam danos as vezes irreparáveis, mas que há solução, e mostramos que a informação é a melhor arma na proteção dos direitos dos iguais.

E finalizamos, falando obviamente do mundo das Drag Queens, como ambiente de trabalho, relações de trabalho, entre outras questões que envolvem o trabalho das Drag Queens, pois ser Drag pode sim ser vista como uma carreira, com suas dificuldades, barreiras a serem enfrentadas, mas que existem suas possibilidades.

1. POWERFUL DRAGS

Existem várias origens atribuídas ao termo Drag Queen, algumas datam desde Shakespeare, mas o que todas as origens consentem é quanto à sua vertente artística. Uma das mais difundidas e mais aceitas é sua origem no século XIX, onde o termo Drag Queen era cunhado a homens que se vestiam como mulheres com fins teatrais, artísticos. Homens travestidos de mulheres eram perfeitamente aceitos no âmbito teatral, e até com certo respeito e apreço, ao contrário do que aconteciam com mulheres que se arriscavam na vida artística, onde eram rechaçadas e discriminadas.

A Drag Queen como conhecemos hoje surgiu em meados dos anos 50 e 60, especificamente nos Estados Unidos, ainda nesta época as Drag Queens eram marginalizadas e pertencentes a uma cena mais underground, nesta época vivia-se a chamada revolução sexual, onde mulheres buscavam seu lugar na sociedade, e este movimento desafiava as normas e os códigos tradicionais do comportamento relacionados a sexualidade e aos relacionamentos. Vemos ai um grande apoio da causa gay, até então submersa em meio a uma sociedade tradicionalmente binária, onde o levante se deu em apoio além da contracepção de pílulas anticoncepcionais, nudez, legalização do aborto, divórcio, entre outras, além-claro da normalização da homossexualidade.

Embora o início do ativismo gay parte da Alemanha, de um século atrás, os motins de Stonewall desempenharam um papel importante na identificação de uma minoria difusa. Este motim foi desenvolvido graças às grandes mudanças que sofreram os Estados Unidos no início dos anos sessenta com o ressurgimento do feminismo e igualdade de sexo, amor livre introduzido pela corrente hippie, uma mobilização estudantil latente, a explosão da revolução sexual e do movimento Black Power, que abriu o debate sobre democracia e igualdade racial. Estas mudanças continham elementos necessários para a luta LGBT adquirir os créditos que a identidade gay que precisava. (CHAPARRO, N. e VARGAS, S. E. Imágenes de la diversidad El movimiento de liberación LGTB tras el velo del cine. Revista Culturales. Colômbia. vol. 7. nº 14. 2011. Tradução nossa).

Com isso, uma tímida, mas crescente efervescência começou a surgir no ativismo gay, mais especificamente em 1969 no Bar Stonewall Inn em Nova York, um bar que era frequentado em sua maioria pelo público gay, devido aos constantes ataques e abordagens abusivas da policia local, claramente dotada de preconceito, pela primeira vez houve um levante da comunidade contra o abuso evidente da policia que era pautada em uma política existente na época que procurava marginalizar e criminalizar os homossexuais.

O que poucas pessoas sabem, é que o Stonewall Inn, era um bar que abrigava não somente os gays que eram marginalizados, mas também moradores de ruas, onde eram alimentados e recebiam cuidados ali, cuidados estes que lhes eram negados pela sociedade tradicional e elitizada.

Um ano depois deste levante da comunidade LGBT naquela época, ainda sem esta nomenclatura, era criada a primeira Parada Gay do mundo, e as Drag Queens tem um papel fundamental neste levante e na defesa do público gay, por conta de suas veias artísticas, se utilizavam se seus espaços para encarnar um papel político na defesa dos gays, mulheres e dos menos favorecidos.

1.2. TUPINIQUEENS

No Brasil, o movimento Queen surgiu com mais força e amplitude entre as décadas de 80 e 90, onde invadiu as casas noturnas, os Clubs, com performances de artistas do pop internacional.

A partir de meados dos anos 90, foi observada uma drástica redução destes artistas, a resposta mais plausível foi que o mercado não absorvia e não valorizava este profissional, fazendo com que muitos abandonassem o mesmo para trabalhar com outras coisas, se dedicar a uma carreira mais heteronormativa, ou até mesmo com alguns saindo do país, o que houve muito nesta época também, uma exportação de artistas Drag Queens brasileiras.

E mesmo diante da crescente no movimento LGBT, eram poucos os holofotes para cena Queen, e assim permaneceu até por volta de 2009/2010, onde o advento da Internet, mídias sociais, e o programa norte-americano, nos moldes de Reality Show, RuPaul’s Drag Race[1], da Drag Queen mais famosa no mundo, e tida como a rainha das Drag Queens, RuPaul[2], que desde os anos 90 aparecia na TV, atuava como modelo, filmes, musicais, e como a maior militante das Drag Queens do mundo. Diante tudo isso, um novo Boom Queen, surgiu, e o Brasil não ficou atrás, com este fenômeno,

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