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Freud e a educação

Por:   •  26/1/2018  •  2.550 Palavras (11 Páginas)  •  372 Visualizações

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É a partir desta afirmação que Freud propõe que as pulsões sexuais podem ser destinadas a fins não necessariamente sexuais, mas para caminhos sociamente aceitos e úteis por meio da sublimação como exemplifica Kupfer (1997, p. 42) “São elas a produção científica, artística e todas aquelas que promovem um aumento do bem-estar e da qualidade de vida dos homens.”

Relacionando a sublimação das pulsões com a educação, Freud coloca o papel do professor como facilitador da sublimação, entretanto não trata-se de uma forma de desenraizar o “mal”, idéia que permeava o pensamento de pedagogos da época que viam na criança um mal originário, ao contrário, via a na sublimação uma forma de canalizar esse “mal” em direção a valores superiores e na produção de bens culturais para a sociedade. Em sua obra não cria um método para auxiliar na sublimação, visto que isto estaria a cargo dos educadores. Kupfer (1997) faz exemplo de uma criança que gosta de brincar com fezes, neste caso um professor poderia oferecer argila, para substituição, ao invés de ameaçar com castigos ou punições.

Freud afirma que “Sem perversão não há sublimação” e “Sem sublimação não há cultura”. Entretanto por mais que o professor seja um facilitador, a sublimação pertence ao campo do inconsciente, ou seja, não poderá ser manipulada, todavia, não trata-se na uma atividade impossível, pois em 1908 afirma: “o educador é aquele que deve buscar para seu educando, o justo equilíbrio entre o prazer individual –inerente à ação das pulsões sexuais- e as necessidades sociais- a repressão e a sublimação dessas pulsões.” KUPFER(1997, p, 45-46)

Em 1907, Freud aborda a questão de esclarecimento sexual para as crianças, e sua definição é clara. Só se deve falar sobre sexualidade com a criança a partir do momento em que a mesma demonstra interesse pelo assunto, mesmo que seja provável que os mesmo já tenha encontrado suas respostas de acordo com a fase de desenvolvimento. Mas o grande impasse está na resistência em tratar o assunto de maneira natural, o suposto esquecimento da sexualidade infantil é na verdade repressão de conteúdos que não suportáveis para o ego. Freud afirma que “nós adultos não compreendemos nossa própria infância”, sendo assim ele aborda que para ter contato e compreender a infância seria necessário retornamos a ela. Como? Por meio da análise. Somente dessa maneira o educador poderia se reencontrar com sua própria criança que esta esquecida.

A idéia de inconsciente já é latente nesta etapa do pensamento freudiano, e esta noção de sistema inconsciente contribuem para que sua visão sobre a educação seja desestimulada, visto que a partir deste conceito Freud revela que “não somos senhores de nossa própria casa”, ou seja, existe forças psíquicas que inferem diretamente no funcionamento da psique, inicialmente Freud atribuiu os conflitos pulsionais entre pulsão de preservação do e pulsões sexuais como a origem do desprazer humano, a chamada dualidade pulsional, entretanto segundo Kupfer (2005) no psiquismo há uma força que escapa ao principio de prazer, a repetição. O individuo mesmo em sofrimento, torna a repetir a experiência desagradável, esta força o impede de desenvolver Freud denominou pulsão de morte, algo que busca arrancar a vida do homem. Assim a evolução da teoria freudiana afirma que o conflito psíquico esta no conflito das pulsões do eu e sexuais que estão em prol da sobrevivência versus a pulsão de morte. Tais realidades psíquicas estão no inconsciente de todo individuo e não há controle sobre elas, inclusive do educador. Sendo este o porta voz do conhecimento Freud aponta para a dificuldade de educar, visto que o inconsciente do educador pode dificultar suas ações, pois é através da palavra que o educador exerce sue poder de convencimento e de submissão ao aluno.

No entanto, a realidade do inconsciente ensina, como já foi dito, que a palavra escapa ao falante. Ao falar, um político ou um educador estará também fadado a se perder, a revelar-se, a ir na direção contrário àquela que se eu havia determinado. A palavra com a qual espera submeter, acaba, na verdade, por submetê-lo à realidade de seu próprio desejo inconsciente. (KUPFER, 1997, p. 59)

É a partir dessas considerações de que a palavra exerce ao mesmo tempo forças de controle e submissão que Freud considera impossível psicanalisar a educação, entretanto a autora afirma que não é impossível.

Psicanálise e educação na era pós-freudiana

Não fora poucas as tentativas de conciliar a psicanálise com a educação, dentre elas Kupfer (1997) ressalta três das principais direções deste estudo, analisando concomitantemente a difusão das bases da teoria freudiana que ainda estavam em construção. De acordo com a autora, no que tange a construção da teoria psicanalítica, Freud não atentou-se a descrever o desenvolvimento emocional infantil, Karl Abraham fora discípulo de Freud responsável pela formulação da descrição do desenvolvimento afetivo-emocional. O objetivo de fora analisar o processo pelos quais o indivíduo torna-se um ser sexuado a parir da descrição das funções parciais e a estruturação do complexo de Édipo. “O Édipo tem caráter construtivo, ou seja, constitui, conforma pessoas segundo modelos fornecidos pelo pai e pela mãe ou por quem quer que venha ocupar essa função” (Kupfer, 1997, p.66). O processo de identificação é inconsciente, sendo assim não há como formular um modelo ideal para o processo de identificação.

Entretanto o uso de um modelo ideal de identificação fora proposto por Oskar Pfister em que o mesmo promovia o promovia como modelo de vida para os alunos. Pfister segundo Kupfer (1997) encontrou na psicanálise uma maneira de dominar as forças inconscientes e direcioná-las para o caminho do bem, embasado na moral da sua religião, ou seja unir psicanálise e moral. Hans Zulliger também trabalhou com Pfister, fazia uso dos pressupostos da teoria freudiana para psicanalisar e diagnosticar os alunos difíceis e trabalho arduamente para banir os castigos físicos e humilhantes com os quais algumas instituições tratavam os alunos considerados rebeldes.

Já Anna Freud, filha de Freud propôs a transmissão de conhecimento aos professores, para que os mesmo trabalhassem seus alunos, defendendo a idéia de que ocupassem um lugar de autoridade perante a criança. Essa proposta favoreceu o aumento do uso da psicanálise no diagnostico de comportamentos tidos como doenças e usa-los para classificar e segregar crianças dos demais. È a partir dos estudos de Melanie Klein que contrapõe um pouco

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