Falcão: Meninos do Tráfico

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Olhando por esse viés vemos os meninos do tráfico como os bandidos, que não se “regeneram”, ele se torna um risco para a sociedade, uma ameaça aos demais e a psicologia entra nesse processo para dizer em que momento ao longo desse processo ele tornou-se criminoso (devido ao abuso, ausência paterna, más condições da família, trabalho na infância, violência, etc.), traçando um perfil da personalidade e demostrando o risco que a sociedade corre, caso ele esteja livre.

Pensamos então, no modo como o outro deve se colocar, culpabilizando o sujeito. A sociedade julga a conduta, a vida passa a ser permeada pela lógica crítica, o discurso jurídico, então, passa a ser importante na contemporaneidade. Quando operamos dentro dessa perspectiva que incita a punição, sendo ela feita pelo estado opera pelos cidadãos, estamos reforçando a perspectiva de inimigo da sociedade, partindo do pressuposto da lógica binária, onde há os amigos, as pessoas de “bem” e os inimigos, onde podemos expor os inimigos a morte. Quando esse sujeito rompe com o contrato social, ele passa a ser resumido às descrições cientificas.

Devemos enquanto psicólogos tentar desconstruir essa ideia da lógica dicotômica, de predição do comportamento e de que através de testes em um determinado momento da vida do sujeito se reduza a sua personalidade e suas possibilidades em um simples laudo, sendo o suficiente para demonstrar suas intenções e suas aspirações.

“Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir.

[...]Um crime pra comentar e um samba pra distrair

Deus lhe pague. ”

(Chico Buarque)