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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA ENTREVISTA PSICOLÓGICA

Por:   •  10/7/2018  •  7.664 Palavras (31 Páginas)  •  283 Visualizações

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O sujeito deve estar preparado para a interpretação ser efetuada, o que necessita de uma realação construída entre analista-paciente. O procedimento não diretivo não formula juízos e não aconselha, “o analista não deve ser senão o espelho que reflete aquilo que lhe é mostrado” (Freud, 1913).

Fenômenos psicológicos que surgem no decurso das entrevistas: Neste dispositivo específico surge um certo número de fenómenos psicológicos.

1. Regressão – trata-se de um momento do processo terapêutico onde o sujeito volta ao passado (temporal) ou como um registro imaginário e não da realidade (formal), chega ao material inconsciente (tópica).

2. Resistências – mantém as lembranças no inconsciente. Aparecem durante o trabalho terapêutico.

3. Transferência – representa o motor da cura e pode ser assim definida como repetição diante do analista de ações (hostilidade, afetividade, etc.) que possuem externa a terapia desde a infância com pessoas o rodeiam.

4. Contratransferência – trata-se de uma resposta do analista à transferência do paciente, mas que designa também, de forma mais geral, o conjunto das reações inconscientes do analista perante o seu interlocutor.

Especificidades da entrevista clínica

Tem como forma particular a comunicação, a apreensão do discurso e de comunicação e apesar de tudo uma conversa.

Entrevista psicanalítica e entrevista clínica psicológica

Ligações: Ambas foram influenciadas pelo modelo psicanalítico e sempre houve laços fortes entre elas. Segundo Didier Anzieu: A psicanálise acabou por prestar um serviço à psicologia em dois planos, o da garantia teórica e o de exemplo, senão mesmo de um modelo de pratica. Por seu lado, a psicologia serviu de veículo à propagação da psicanálise num pais que durante muito tempo lhe foi indiferente ou reticente.

Especificidades: Ferenczi (1928,1929,1933), psicanalista e contemporâneo de Freud, é um dos precursores das psicoterapias breves. Rapidamente se interessou pela melhor maneira de ajudar os seus pacientes, experimentando um certo número de mudanças técnicas. Após algumas variações, Ferenczi centrou o dispositivo terapêutico na questão das interações entre analisado e analista: com efeito, segundo ele, qualquer ato, qualquer gesto, qualquer melhora ou deterioração do paciente é um sinal da relação transferencial ou um sinal de resistência a esta relação.

Tomou então uma posição em relação à técnica analítica proposta por Freud, criticando a atitude do analista, isto é, sua passividade objetiva e não intervenção, onde para ele reativava os momentos traumáticos e ampliava a desorganização do paciente. Ferenczi aconselhava que o analista tranquilizasse e “consolasse” o paciente em vez de permanecer numa paciência imperturbável.

Modalidades da Entrevista nas Psicoterapias Breves

Pioneiros

As psicoterapias breves tiveram seu início com Alexander e French (1959) que propuseram modificações técnicas da psicanálise e desenvolvem a experiência emocional corretiva (Gilliéron, 1997).

Michael Balint propõe a psicoterapia focal; com foco no problema e tempo limitado em uma entrevista face a face.

Peter Sifnéos (1972) desenvolve a psicoterapia de curto prazo provocadora de ansiedade, com vista à resolução do problema. A atitude do terapeuta é semi-diretiva.

Quadro

A entrevista nas psicoterapias breves tem o tempo limitado e é feita face a face, o que acentua as trocas afetivas. É menos constrangedora para o sujeito, pois aproxima-se de uma entrevista, mais racional e menos significativo. Mais próximo da realidade e menos da dimensão imaginária. Pode passar de uma forma não diretiva para mais diretiva.

Regras de funcionamento

Na abordagem das psicoterapias breves, proposta por E. Gilliéron, encontramos um certo número de regras de funcionamento:

- A indicação da psicoterapia breve faz-se em três a quatro sessões. É aquilo que ele chama “a investigação psicodinâmica breve”. O objetivo é exploratório, descobrir o problema levou o paciente á analise, além de conhecer sua personalidade e as possibilidades de mudança no o indivíduo. Elabora a interpretação rapidamente, dando alívio ao sujeito e a continuação da terapia. Gilliéron propõe a análise rigorosa, nesta primeira investigação, do modo de interacção segundo o modelo das comunicações;

- Após a investigação, a psicoterapia breve inicia-se com um número de sessões programadas sobre o qual há um entendimento entre paciente e terapeuta;

- A atitude do terapeuta situa-se numa atenção flutuante, mas também intervêm igualmente para trocar e propor interpretações.

Abordagem Fenomenológica:

Precursores e primeiras aplicações

Originou-se no século XIX, contra a corrente organicista. Edmund Husserl (1859-1938) buscou compreender o homem e a sua psicologia partindo da observação sem à priori teórico dos estados de consciência, do vivido, da experiência e dos modos de relação do sujeito com o seu meio. Martin Heidegger (1889-1976), propõe uma filosofia que preconiza o conhecimento do ser humano no mundo, de uma descrição das coisas na sua essência sem qualquer pressuposto teórico.

A filosofia fenomenológica acentua, a necessidade de um retorno à experiência humana, o que marca a psicologia e a psicopatologia. Karl Jaspers (1883-1969) é um dos primeiros a introduzir a dimensão fenomenológica em psicopatologia.

Karl Jaspers fez uma abordagem descritiva da fenomenologia; o seu método consistia em descrever as vivências psíquicas conscientes dos doentes mentais, classificar esses estados entre si e compara-los com as vivências psíquicas do homem normal.

Fenomenologia: um outro olhar sobre a prática da entrevista

A abordagem fenomenológica pode ser definida como um conhecimento descritivo dos fatos. Tenta apreender o indivíduo de maneira global e suas significações.

A abordagem fenomenológica não propõe qualquer técnica psicoterapêutica particular, mas insiste na

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