EM BUSCA DOS IMPONDERÁVEIS DA VIDA REAL O MÉTODO ETNOGRÁFICO

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- O trabalho deve ter uma organização sistemática de dados de modo a evitar um caos no futuro, na hora da construção do texto.

- Como cada pesquisador escreve sua própria história com o seu olhar particular, esse trabalho não tem uma padronização, de modo que dificilmente outro pesquisador conseguirá relatar a mesma história. Por isso, torna-se difícil replicar um estudo dessa natureza.

- As qualidades individuais do pesquisador, aliadas ao contexto do grupo pesquisado e a bagagem teórica do antropólogo faz com que, ao estudar um mesmo problema, etnógrafos produzam distintas monografias.

Dentro do trabalho de campo, ao contrário de um laboratório, as pessoas possuem relações sociais mais importantes do que a estabelecida com o pesquisador, sendo-lhes, portanto, muito mais relevante manter o comportamento habitual inerente àquele contexto social, ao invés de fingir uma atitude visando “agradar” ao estudioso do assunto.

A etnografia das sociedades complexas

Os contextos atuais são muito diferentes daqueles em foram elaboradas as etnografias clássicas. O antropólogo contemporâneo tende a rejeitar as descrições holísticas, se interroga sobre os limites da sua capacidade de conhecer o outro, procura expor no texto as suas dúvidas, e o caminho que o levou à interpretação, sempre parcial.

Nas etnografias clássicas e modernas ocorre um distanciamento físico e temporal entre a coleta de dados no campo e a elaboração do texto, isto pode fazer e faz com que se perca muito da experiência tal como a mesma foi vivenciada pelo pesquisador.

A etnografia, nos dias atuais, é polifônica, ou seja, os informantes possuem voz no texto. O texto etnográfico coloca em evidência um diálogo que se estabelece entre pesquisador, os pesquisados e a teoria.

A Associação Brasileira de Antropologia estabeleceu um código de ética, no qual os direitos das populações, objetos da pesquisa, sejam respeitados. Tais direitos são imprescindíveis, tendo em vista que o “outro” pode ser um vizinho ou pessoa próxima do pesquisador.

O passado auxiliando na compreensão do presente

A importância de se estudar o contexto histórico está na capacidade que o mesmo possui de permitir da compreensão da estabilidade e da mudança sociocultural. Através do conhecimento histórico, pode-se prevenir erros de interpretação do presente.

Algumas fontes podem ser obtidas em arquivos públicos, empresas, cartas, jornais, revistas,etc. Porém algumas fontes apresentam uma certa dificuldade ao acesso do pesquisador, sejam elas públicas ou privadas.

O pesquisador de dados históricos pode se confrontar com algums problemas relacionados à questão de originalidade, da existência de erros ou falsificações na documentação. Uma das maneiras de evitar isso é fazer o cruzamento de dados.

Os documentos históricos podem apresentar dois tipos de viés: o da observação e o da interpretação. O primeiro está ligado à observação realizada no campo e pode estar impregnado com o ponto de vista do pesquisador e o segundo pode apresentar um certo etnocentrismo, uma vez que existe uma distância física e temporal entre a ocorrência dos fatos e análise.