As Funcoes das Estrevistas Preliminares
Por: eduardamaia17 • 8/2/2018 • 1.071 Palavras (5 Páginas) • 322 Visualizações
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A partir da percepção que o paciente tem do seu analista (sujeito do suposto saber) que surge o enamoramento do paciente para com o analista, desde momento em diante o que antes era uma demanda transitiva (demanda de algo) se torna uma demanda intransitiva (demanda de amor). O amor é um efeito da transferência que no processo de terapia apresenta-se como uma resistência. Ao analista fica reservada a função de fazer revelar-se a demanda da dimensão do desejo que está atrelada a um sujeito suposto desejar. Com isso a demanda irá separar-se do sintoma e irá apresentar-se na dinâmica da transferência. Através deste desvelar-se da demanda em forma de desejo que o analista conseguirá alcançar o objeto causador do desejo, ou seja, a questão sexual por trás da demanda. “Trata-se aqui da vertente da transferência como colocação em ato da realidade sexual do inconsciente” (QUINET, 2009. p. 32). O analista nesta situação dever ter de modo consciente que esse significante que lhe é atribuído é falso, porém para a evolução da análise, para que o analisante entre no discurso analítico, ele deve “fazer-de-conta” que de fato é este sujeito de suposto saber.
Lacan nos adverte prontamente em relação aos cuidados que o analista deve ter a assumir esta postura. Ele trará a retificação subjetiva, em outras palavras, a dimensão ética (ética da psicanálise, ética do desejo) como uma resposta a ser dada a patologia. Lacan também reconhece que a experiência analítica só será possível na intersubjetividade, na “relação de sujeito a sujeito”, na qual a experiência dialética será o objetivo. A retificação acontecerá de modo diferente com base na subjetividade de cada sujeito. Com o neurótico, por exemplo, a retificação acontece no campo da causalidade que se mostra como consequência; com o histérico, por sua vez, “a retificação subjetiva visa à implicação do sujeito em sua reivindicação dirigida ao Outro, fazendo-o passar da posição de vítima sacrificada à de agente da intriga da qual se queixa, e que sustenta seu desejo na insatisfação” (QUINET, 2009. p. 34). Nestas duas situações o objetivo é trazer o indivíduo a consciência das suas escolhas para que ele perceba que a sua subordinação ao desejo se dá como desejo do outro. Assim ele tomará consciência que escolhe sem pensar e que o seu pensar não é seu e sim o pensar de outro que ele assumiu como sendo seu.
REFERÊNCIA:
QUINET, Antonio. As funções das entrevistas preliminares. In: QUINET, Antonio. As 4+1 Condições da Análise. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p. 13-34.
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