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A importancia da brinquedoteca no contexto hospitalar

Por:   •  28/3/2018  •  2.229 Palavras (9 Páginas)  •  350 Visualizações

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Estratégias metodológicas

Foi feita uma revisão bibliográfica acerca do tema que norteou a pesquisa: a importancia da brinquedoteca e do brincar.

Visitamos dois hospitais, sendo um filantrópico e outro particular, na cidade de Belo Horizonte – Minas Gerais. E, a partir dos nossos objetivos, buscamos fazer um lavantamento dos relatos dos profissionais e responsáveis pelos pacientes, assim como uma observação participante.

As visitas ocorreram nos meses de março e abril do ano de dois mil e dezesseis. As observações e conversas com os profissionais e/ou responsáveis pelos pacientes ocorreram durante um período de três horas em cada hospital.

Tomamos como guia teórico as contribuições de Winnicott acerca da criança e do brincar.

Resultados

No primeiro hospital (particular) visitado, a observação ocorreu durante o período de 3 horas.

A primeira observação foi a respeito da infra-estrutura. Apesar de não ter uma grande variedade de brinquedos e o espaço ser muito pequeno, era um ambiente agradável e cheio de cores.

Durante nossa permanência, apenas uma criança do sexo masculino, com idade de 3 anos, foi à brinquedoteca. Essa criança permaneceu por pouco tempo (cerca de dez minutos) e estava acompanhada de sua mãe. Mostrou-se um pouco acanhada com a presença das observadoras, mas continuou explorando aquele ambiente colorido e mais agradável que o leito.

Em uma oportunidade, contamos para a mãe da pesquisa que estava sendo realizada e ela fez o seguinte comentário: “eu estou com ele aqui há uma semana. Esses dias a enfermeira comentou que tinha uma brinquedoteca no final do corredor”, “Ah... se não fosse esse espaço, eu estaria perdida... Ele é muito agitado.” “Já me ajuda bastante” “...é muito difícil aparecer criança aqui. Quando eu trago ele, normalmente não tem ninguém”. Logo em seguida a criança precisou voltar para o leito, impossibilitando a continuidade do relato.

Não existe, neste hospital, um responsável pelo ambiente; alguém que faça um planejamento de atividades, brincadeiras que estimulem a criança. Assim, o responsável pela criança é quem deve acompanhar e supervisioná-la na brinquedoteca. Existe, inclusive, uma placa manifestando a proibição da permanência da criança desacompanhada. Consequentemente, não tinha um horário específico para se dedicar a alguma atividade lúdica. Dessa forma, as crianças iam quando e se quiserem.

No segundo hospital (público), não há uma brinquedoteca em si. Há um espaço de brinquedoteca, mas que, segundo os funcionários, não funciona como tal; não funciona conforme exige a lei.

Não foi autorizada a permanência das observadoras dentro deste espaço. Mas foi possível notar que havia maior fluxo de crianças, que também estavam acompanhadas por algum responsável. Além disso, havia maior interação entre elas e a maioria esboçava alegria naquele momento de descontração, sorrindo uma para as outras.

Apesar de não realizarmos uma observação propriamente dita, tivemos a oportunidade de conversar com o psicólogo responsável, que atua na instituição há 25 anos. Ele relata que lá eles valorizam muito o brincar livre, não havendo diariamente alguém planejando atividades no espaço destinado para as crianças. Apesar disso, existe, sim, momentos em que isso acontece com a colaboração de voluntários, como os doutores da alegria.

Ele também relata que o a brincadeira lúdica, assim como o brinquedo em si podem ser utilizados como uma intervenção em casos em que a criança resiste ao tratamento: “...tinha uma paciente em tratamento oncológico que não queria de jeito maneira deixar os enfermeiros colocarem o acesso na veia dela, e chorava... Então, eu peguei a boneca, pedi para os enfermeiros primeiro colocassem o acesso na boneca e falei com a paciente ‘a gente vai colocar o acesso nela primeiro, pra você ver se vai acontecer algo ruim...’” “...viu? Vai doer um pouquinho só no inicio, mas depois não vai doer mais e você vai poder receber o remédio para você se recuperar mais rápido”. Segundo ele, a criança cessou o choro, observou atentamente a equipe e permitiu que os enfermeiros colocassem o acesso.

Em relação ao brinquedo, o psicólogo relata: “o que importa não é o objeto em si. É o significado lúdico que a criança coloca nesse objeto que nos interessa” “... um outro paciente ficava brincando com o soro que era aplicado nele. O soro tinha um significado lúdico para ele”. Como afirmou Winnicott (1975. p.76), a criança traz para dentro da brincadeira objetos da realidade externa e os utiliza a serviço de a realidade interna ou pessoal.

Ainda segundo o psicologo, nos casos em que a criança não pode sair do leito devido a imunidade baixa, etc., a intervenção lúdica é feita no leito, mas geralmente com alguma finalidade imediata para o tratamento clínico. Porém, eles buscam adaptar brinquedos para as crianças que ficam em isolamento: “Esses dias me chamaram porque a criança queria muito que ursinho dela fosse ficar com ela. Mas devido a baixa imunidade, não poderia.” “... conversei com os médico, pensamos numa maneira de levar o urso” “...falei pra paciente ‘olha, a gente pode trazer o urso, mas pra isso vamos enrolar ele todinho nesse plástico porque, assim, podemos desinfetar facilmente...”.

Análise de dados ou resultados (?)

A partir desse trabalho, notamos que embora exista uma lei que torna obrigatória a existência de uma brinquedoteca nos hospitais pediátricos, não há um cumprimento rigoroso dessa lei.

No primeiro hospital visitado (particular), existe um espaço consideravelmente agradável, mas não há uma organização, uma gestão voltada para o brincar e para a criança. Como agravante, a existência desse ambiente não é efetivamente informada aos responsáveis pelas crianças internadas. Esses responsáveis acabam descobrindo no decorrer de conversas com funcionários ou com outras pessoas que se encontram na mesma situação.

Além disso, não há uma intervenção lúdica. Não foi relatada a presença de um psicólogo que trabalha com a ludicidade como forma de facilitar e proporcionar um pouco de bem-estar no tratamento da patologia clínica.

A inexistência de uma pessoa responsável pela brinquedoteca, que elabore brincadeiras a fim de estimular as crianças a brincarem mais e, consequentemente, se beneficiarem dessa ação,

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