A RESSIGNIFICAÇÃO DA IDENTIDADE NA APOSENTADORIA
Por: YdecRupolo • 13/12/2018 • 10.563 Palavras (43 Páginas) • 322 Visualizações
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Zanelli e Silva, (1996) indicam que essas transformações estão relacionadas com o modo de viver de cada um, onde o trabalho ocupa uma parte considerável do tempo na vida do trabalhador e atua como regulador.
A perda do papel profissional implica na perda da significação do sujeito, pois também se perde a identidade pessoal, este fato é ocasionado pelo trabalho possuir um papel central na vida de cada ser humano, o afastamento da vida profissional provoca também a perda de status, responsabilidades e prestigio, gerando grandes impactos no processo da aposentadoria. (Zanelli e Silva, 1996).
Tendo em vista, que o trabalho através dos séculos foi um dos grandes percursores nas transformações do homem e da sociedade atual, ele exerceu um poderoso significado na construção da identidade do indivíduo, sendo assim, a intenção deste trabalho é realizar uma investigação que possa proporcionar conhecimento sobre a relação do trabalho e identidade do indivíduo, e os processos de ressignificação da identidade profissional dos sujeitos.
Portanto, o modo de produção capitalista, o qual idolatra a produção e o lucro alienando o trabalhador, a aposentadoria é comumente vivida como a perda do próprio sentido da vida, uma condição de morte social, na qual Santos (1990) afirma que se valoriza apenas aqueles que produzem, depreciando-se o sujeito aposentado.
Zanelli e Silva (1996) indicam que é no trabalho que o indivíduo reconfigura a percepção de si mesmo e do ambiente construindo o seu crescimento e desenvolvimento pessoal.
Para Zanelli (2000) a aposentadoria apresenta-se como um momento de transição que pode proporcionar condições para a ampliação pessoal, descobrindo fontes de prazer, maturidade e crescimento, porém, se esta transição acontece bruscamente sem uma elaboração anterior, esta pode ser potencializada negativamente gerando problemas na estrutura social afetando o plano pessoal, econômico e emocional, nota-se principalmente estes problemas quando há diferenças de hierarquia entre operário e trabalhadores com maior prestigio indicando como fator de relações sociais.
Para isso o presente trabalho segue a seguinte estrutura, primeiramente expõem-se o conceito histórico do trabalho sua compreensão e sua importância, segue conceituando a identidade sua origem e formação e finalizando com a aposentadoria.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivos Gerais:
Este trabalho tem por finalidade compreender a ressignificação da identidade profissional no momento que o indivíduo passa pelas mudanças com a chegada da aposentadoria.
2.2 Objetivos Específicos:
a) Compreender os mecanismos que o indivíduo utiliza para enfrentar a transição entre o trabalho e a aposentadoria.
b) Analisar como estas mudanças são vivenciadas.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Conceito Histórico do trabalho:
Antes de compreender o sentido da aposentadoria na vida do indivíduo, faz-se necessário percorrer historicamente pela compreensão e a importância do trabalho e seu significado, deste modo, resumidamente transcorre-se nas citações dos autores o sentido do trabalho desde a sociedade primitiva e as transformações que sofreu até os tempos modernos.
Os estudos direcionados ao conceito do trabalho, considera-se que ele é determinante à centralidade na vida do homem na modernidade, Bernal (2010), o que Zanelli e Silva (1996) afirmam que na importância social, o trabalho é o principal regulador de horários, atividades e relacionamentos pessoais, justificando-se assim o seu valor, portanto, o trabalho não representa somente uma fonte de remuneração para manter o próprio sustento, mas a forma de proporcionar uma identidade social, reconhecimento da própria posição e espaço do indivíduo perante a sociedade.
O trabalho tem sido um conceito tão crucial e definido da sociedade ocidental dos dois últimos séculos, que a maioria das pessoas acredita atualmente que ele é algo natural do homem, que a própria existência do ser humano implica necessariamente algo que chamamos “trabalho”. (BERNAL, 2010, pág. 13)
Zanelli e Silva (1996) acreditam que na medida em que o ser humano transforma a natureza, ela também o transforma, possibilitando ao indivíduo assimilações que influenciam em seus aspectos fisiológicos, morais, sociais e econômicos por meio do processo de trabalho, desta forma, o trabalho é o núcleo na definição da existência humana, onde nossa vida é administrada através dele desde a infância, mesmo não tendo claramente seus entendimentos, já se prepara o indivíduo para o trabalho.
Para entender cabalmente o processo histórico que levou ao conceito de trabalho em nossa sociedade, será útil analisar, ao menos rapidamente, o significado do trabalho nas sociedades primitivas, muitas das quais subsistiram há até pouco tempo, nas quais o trabalho não existia. (BERNAL, 2012, pág.18)
Para Bernal (2010), as sociedades primitivas eram caracterizadas pelo não trabalho, o trabalho era apenas uma forma de saciar a fome e a sede, buscando na natureza o próprio alimento, não havia a necessidade de acumular riquezas e tão pouco como transportá-las, visto que eram consideradas sociedades em abundância, onde os estoques de riquezas estavam na própria natureza.
Certamente, para sobreviverem no passado, tanto as pessoas como os grupos e as sociedades tiveram que exercer algum tipo de atividade, mas o trabalho, tal como o conhecemos, é produto do capitalismo industrial, por isso não tem mais de dois séculos de existência. (BERNAL, 2010, pág. 15)
O autor considera que o sentido do trabalho foi se modificando ao longo dos tempos, chegando à modernidade a se converter em nossa própria vida, tornando-se a atividade fundamental do ser humano, nos últimos séculos ele não é apenas visto como meio material de sobrevivência, mas também nossa realização pessoal e social.
Portanto, no decorrer dos séculos o trabalho passou por várias transformações e muitas vezes seu significado era contraditório, na antiguidade em vários momentos foi desprezado e/ou glorificado pela sociedade, na Grécia antiga o trabalho era servil, coisa de escravos, não tendo nenhum valor social, nesta época, os gregos foram divididos em cidadãos de primeira, considerados varões proprietários, e cidadãos de segunda, o que incluía mulheres e escravos, apenas estes
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