A Natureza da argumentação
Por: Kleber.Oliveira • 25/12/2018 • 4.726 Palavras (19 Páginas) • 421 Visualizações
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Exemplo 1.1.1: Considerem a duas pessoas, Charlie e James, trabalhando num escritório de jornal. Charlie afirma o seguinte argumento a James, de modo que Charlie é o proponente do argumento enquanto que James é a plateia do mesmo.
- Afirmação [Claim] Nós podemos publicar que Simon Jones está mantendo um affaire.
- Apoio [Support] Simon Jones é uma figura pública, pelo que podemos publicar detalhes de sua vida privada.
- Em resposta, James realiza o seguinte contra-argumento a Charlie; de esse modo James é o proponente do argumento, enquanto que Charlie é a plateia.
- Afirmação [Claim] Simon Jones já não é mais uma figura pública.
- Apoio [Support] Simon Jones se demite da Câmara dos Comuns; portanto, ele já não segue sendo uma figura pública.
A fim de investigar exemplos como os explicados acima, podemos começar com um desenvolvimento significativo de Stephen Toulmin. Para isso, Toulmin identifica a importância do esquema de um argumento. Mostra que para analisar um argumento é necessário identificar os principais componentes da informação, em relação ao papel que desempenha este componente chave respeito do argumento. Esses componentes são resumidos a continuação:
- Dados: [Facts][2] O termo ‘dado’ é usado por diferentes autores de diferentes formas. Aqui nós assumimos que um dado é uma unidade de informação que é específica para um contexto dado. Por exemplo, considere um médico atendendo um paciente. Os dados são informação sobre um paciente dado, como é o nome, a idade e a pressão arterial. Esta informação é aplicável somente nesse paciente. Isto contrasta com o conhecimento entendido como normas revogáveis que podem ser usadas em todos os pacientes, tais como se um paciente tem uma pressão arterial elevada e é de mediana idade, então o medico tem que prescrever uma dieta pobre em sódio.
- Garantia [Warrant] Esta é a parte do argumento que relaciona aos dados com as afirmações. Uma garantia toma a forma de uma norma revogável (uma norma que normalmente é válida quando o fato requerido é sustentado, porém em circunstâncias pouco usuais pode falhar para sustenta-lo): o que essencialmente assinala é que se as condições requeridas (representadas pelos fatos) são sustentadas então existe uma razão para aceitar a afirmação. Para este cenário podemos considerar que os dados somados à garantia são os suportes para um argumento.
- Apoio: [Backing] Um apoio é algum tipo de justificativa para uma garantia. Entrega uma explicação de por que a garantia é uma razão para aceitar a afirmação. As justificativas devem ser fundamentadas em vários critérios, tais como uma crença, a lei, a autoridade, a ética, a moral ou a estética.
- Rejeição: [Rebuttal] Uma rejeição avalia as circunstâncias em que as exceções podem ser consideradas uma garantia. Em outras palavras, considerar as razões que mostram que a garantia não está apoiando ao argumento. Assim, se os fatos da reserva se sustentam, então temos uma rejeição e, portanto, um contra-argumento para o argumento baseado na garantia.
- Afirmação qualificada: [Qualified Claim][3] Uma afirmação é uma conclusão que pode ser asseverada se a garantia a sustenta enquanto que a refutação não. Em certo sentido, os fatos somados à garantia dão como resultado a afirmação.
Um exemplo de um argumento, segundo o esquema de Toulmin, é dado na figura 1.1. Podemos ver que desde o fato de que Harry nasceu nas Bermudas, temos a afirmação Harry é um sujeito britânico, a menos que os padres sejam estrangeiros ou ele seja nacionalizado americano ou etc.
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Em certo sentido, a abordagem da argumentação de Toulmin, em termos de um esquema argumentativo é análoga ao uso dos sistemas de classificação ou árvores de decisão: tendo em conta alguns fatos nós podemos decidir sim a afirmação se sustenta pela revisão, sim os fatos e as garantias a sustentam de fato e a refutação não. A abordagem é estrutural e, em certo sentido, lógica. No entanto, carece de mecanismos para criar e manipular as gráficas. É, em certo sentido, estático ou imóvel. Além disso, é um esquema baseado-em-texto [text-based], por isso, requer algumas interpretações para usá-lo. Isso gera dificuldades para automatizar o raciocínio com ele.
Para ilustrar as deficiências da proposta de Toulmin, se queremos usar um raciocínio automatizado, suponha que temos um individuo Sr. Jones, e queremos determinar se o Sr. Jones é um sujeito britânico; então temos que determinar se o Sr. Jones nasceu em Bermuda e se os pais dele são estrangeiros, ou se ele se tornou um americano naturalizado, ou etc. Isto não é suposto por qualquer linguagem formal; é dado na língua natural e, portanto, o tema sobre o problema da ambiguidade que envolve o uso da linguagem natural em computação.
Por exemplo, nós supomos que temos o fato de que Sr. Jones nasceu na França; com o fim de automatizar o raciocínio que pode proibir o uso desta particular garantia para o Sr. Jones, nós temos a necessidade de declarar explicitamente que França não é parte de Bermuda. Por suposto que isso é trivial para humanos, mas para computar se requer que muito do conhecimento do sentido comum seja explicitamente especificado, para o qual vamos a necessitar algumas representações de conhecimento e a formalização do raciocínio para capturar e automatizar o uso deste conhecimento do sentido comum. Como outro exemplo, agora suponha que nós temos a informação que o Sr. Jones nasceu em Hamilton; mais uma vez a necessidade de conhecimento do senso comum e um raciocínio automatizado que permitira a possibilidade de uso das garantias para o indivíduo Sr. Jones.
No entanto, o esquema argumentativo de Toulmin nos dá alguns conceitos importantes, incluindo os de garantia, respaldo, rejeição e afirmação, para descrever argumentos. Podemos ver esses conceitos representados em inúmeros exemplos. Porém, a abordagem não oferece um quadro compreensivo para a lógica da argumentação e, além disso, a abordagem não responde varias das perguntas importantes de como automatizar a construção ou o uso de esquemas argumentativos. No entanto, seria razoável sugerir que o esquema da argumentação de Toulmin é um antecedente para muitas das abordagens formais à argumentação em Inteligência artificial, embora muitas das propostas formais decorrem de forma significativa a partir deste ponto de partida.[pic 8][pic 9][pic 10][pic 11]
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