A Esclerose Múltipla
Por: eduardamaia17 • 8/4/2018 • 2.789 Palavras (12 Páginas) • 390 Visualizações
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Alguns danos cognitivos podem aparecer desde o surgimento da doença. Faz-se a estimativa de que aproximadamente 40-60% dos pacientes apresentam declínio cognitivo, certamente causando um grande impacto aos que são acometidos pela EM, que são pessoas ainda no auge da vida adulta jovem.
Algumas pesquisas longitudinais (Balsimelli, 2011) demonstram que o detrimento cognitivo não apresenta um padrão no que se refere às funções afetadas, assim como ocorre no próprio curso da doença, não se podendo afirmar quais serão as funções afetadas e seu eventual avanço.
A avaliação neurológica clínica para verificar alterações cognitivas que a EM causa nos pacientes é geralmente insuficiente, sendo mais utilizados então testes neuropsicológicos, porém sem deixar de ressaltar as dificuldades e limitações transculturais também presentes na utilização dos mesmos (Negreiros MA et al, 2011) . Alguns desses testes foram utilizados durante uma pesquisa sobre alterações cognitivas em brasileiros que possuem Esclerose Múltipla Surto-Remissão (EMSR) para avaliar funções específicas como cita Negreiros MA et al. (2011, p. 267-268)
Rastreamento de demência: Foi aplicado o teste Memória-
-Informação-Concentração (MIC), que e útil para esse propósito na EM por não conter tarefas visuais e motoras²².
Atenção e velocidade de processamento de informação: Avaliadas pelo Digit Symbol versao oral adaptada por nos para EM²³.
Memória de curto-prazo: Avaliada pelo Digit Span Forward e Backward, respectivamente (Bateria WAIS III) 24.
Memória de longo prazo: Rey Auditory Verbal Learning Test (RAVLT) 25 foi empregado para medir a memória de longo prazo verbal. [...]
Buschke Enhanced Cued Recall Test (BECR)26. Avalia simultaneamente memória verbal e não verbal e a memória de longo prazo com a ajuda de pistas semânticas durante o período de evocação.
Fluência verbal: Foi testada pelo Controlled Verbal Oral Association Test (COWAT), que mede também a função executiva nos subtestes de produção de palavras fonéticas (F-A-S) e semânticas (animais e frutas) 27..
Pensamento abstrato: Avaliado por meio da aplicação das series A e C do teste Raven Progressive Matrices28.
É importante ressaltar que parte da dificuldade de uma avaliação mais precisa dessas alterações neuropsicológicas aqui no Brasil, vêm do fato de que os instrumentos utilizados para avaliação da EM em brasileiros são feitos com base na literatura estrangeira, visto que o Brasil ainda possui poucos levantamentos neuropsicológicos sobre a mesma, o que acaba por invalidar alguns testes para a utilização ou deixando alguns pontos questionáveis, devido à divergências de contexto.
Porém alterações em funções executivas, déficits de memória de curto e longo prazo, dificuldades na linguagem e aprendizado parecem ser os que mais se apresentam como potenciais prejuízos aos pacientes quando comparados aos sujeitos controles durante os testes, estes que avaliam também capacidades preservadas ou mesmo recuperadas por meio de planos de intervenção específicos.
Após o levantamento das áreas afetadas o paciente deverá passar por uma reabilitação cognitiva, onde o tratamento visa recuperar e estimular suas habilidades sensoriais e cognitivas.
Assim como a visita periódica ao neurologista o atendimento multidisciplinar também tem grande importância para a reabilitação cognitiva. Profissionais como Neuropsicólogo, Psicólogo, Fonoaudiólogo, Fisioterapeuta, Nutricionista e Terapeuta Ocupacionais voltados para um atendimento específico ao problema tem apresentado resultados positivos na reabilitação dos pacientes, melhorando sua saúde física e mental.
A utilização desses testes neuropsicológicos teria como função o acompanhamento das alterações cognitivas decorrentes da doença, para melhor qualidade de auxílio aos pacientes podendo contribuir na escolha de tratamento ou tipos de medicamentos, sendo o objetivo principal preservar e reabilitar as funções cognitivas objetivando uma vida plena e independente.
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4- ASPECTOS PSICOSSOCIAIS: ESCLEROSE MÚLTIPLA
4.1- O IMPACTO DO DIAGNÓSTICO E A ADAPTAÇÃO À DOENÇA
Diante do diagnóstico de esclerose múltipla o impacto é avassalador, pois geralmente a pessoa se vê obrigada a dar adeus a planos e projetos que obviamente não contavam com a doença e seus sintomas, o que acaba afetando a forma como o portador vai lidar com a EM. Bertotti (2011) destaca que a dificuldade em aceitar a doença é grande, sentimentos como raiva, culpa e perda são comuns neste momento inicial.
Segundo Melaragno Filho (apund BERTOTTI, 2011), a queixa inicial do paciente com esclerose múltipla é a de fraqueza e de fadiga, sintomas comuns da doença, essa reclamação é visível principalmente em indivíduos que antes eram ativos. As limitações que a EM traz são muito angustiantes, afetam diretamente a autoestima do indivíduo e proporcionam sentimentos de menos valia.
Por ser uma doença incapacitante e sem cura, sentimentos emergem, assim como em toda doença crônica. Segundo Angerami-Camon et al. (apund BERTOTTI, 2011), o medo é uma emoção que afeta diretamente a autoestima do sujeito, estando muitas vezes presente em pacientes de alguma doença crônica.
É comum que os portadores da esclerose múltipla sintam-se sozinhos, diferentes dos outros, o que resulta em comportamentos de isolamento, que nada ajudam no enfrentamento da doença.
Não são poucas as adaptações necessárias, conviver com uma doença que não possui cura e que traz uma série de sintomas que influenciam no seu dia-a-dia é algo que requer mudanças, tanto na rotina quanto em critérios, valores e prioridades. Ao se deparar com dificuldades na realização de afazeres de pessoas da sua idade, sentimentos negativos vão emergir, e muitas vezes o sujeito se vê optando por deixar de realizar essas tarefas.
Mesmo com as limitações físicas proporcionadas pela doença, o autor Melaragno Filho (apund BERTOTTI, 2011) afirma que é possível que o indivíduo consiga trabalhar normalmente e viver com essa nova realidade, na medida em que for trabalhando suas questões emocionais vai retomando sua vida cotidiana.
O conceito
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