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PERCEPÇÃO DOS GRADUANDOS EM ODONTOLOGIA SOBRE A HUMANIZAÇÃO DAS PRÁTICAS ODONTOLÓGICAS

Por:   •  23/8/2017  •  5.703 Palavras (23 Páginas)  •  536 Visualizações

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Nesse contexto, percebe-se na realidade dos atendimentos odontológicos um quadro social que aponta para a carência de conhecimentos sobre temas como ética, humanização e aspectos relacionados à uma eficiente prática clínica.

Muitas vezes, os estudantes de odontologia adquirem os conhecimentos teóricos da prática humanizadora, mas não os trazem para as suas atividades clínicas, vistas, geralmente, com um caráter tecnicista. Nota-se na sociedade um quadro em que os graduandos em odontologia estão focando mais nos avanços tecnológicos do que em um bom relacionamento odontológo-paciente, havendo, desse modo, a necessidade de uma transformação do ensino ao longo da graduação.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Compreender as representações dos alunos do curso de Odontologia sobre as práticas humanizadoras para um bom atendimento odontológico.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Demonstrar a dificuldade encontrada por alunos do curso de odontologia em transpor os conhecimentos acerca da humanização para as práticas diárias do atendimento odontológico.

Observar a metodologia de ensino do curso de Odontologia nas universidades e os seus reflexos na atuação dos acadêmicos.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO NA ÁREA DE SAÚDE E NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA

A humanização da saúde compreende uma série de transformações que busca melhorar os serviços prestados pelos profissionais de saúde. Embora seja um tema amplo e bastante discutido, o seu verdadeiro significado é um tanto obscuro quanto a sua aplicação na promoção da saúde. Ela compreende a agregação da subjetividade com a objetividade do cuidar humano, ou seja, procura intervir na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, concomitantemente com os aspectos psicológicos, emocionais, espirituais e sociais do indivíduo sujeito a esta prática humanizadora (MONGIOVI et al., 2014).

O debate sobre a humanização trata, justamente, de fazer dialogar mais diretamente as preocupações das práticas de saúde desde esse seu núcleo mais instrumental até os conteúdos relacionais e formativos dessas práticas, sempre presentes de alguma forma, mas relativamente pouco discutidos até os dias de hoje. (GADAMER, 1996).

O ato de humanizar é, muitas vezes, abordado na teoria, mas não é exercido de fato na prática. Isso acaba gerando repercutidas discussões acerca da percepção dos estudantes de odontologia sobre a humanização. A promoção da saúde bucal deve ser efetivada a fim de garantir a satisfação dos pacientes, não somente através de conhecimentos técnico-científicos, mas também por meio de noções ético-humanistas.

Canalli et al. (2011), definiu o termo humanização, enfatizando a sua importância na formação dos cirurgiões-dentistas:

A humanização, que é definida como ato de humanizar, tornar afável e tratável, vem sendo preconizada na legislação vigente como essencial no processo de formação do cirurgião-dentista, bem como na prática diária profissional. Tornar prática diária essa teoria é fundamental para o novo perfil delineado para o cirurgião-dentista.

O Ministério da Saúde (MS), em 2004, criou a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão no Sistema Único de Saúde (PNH), também chamada de HumanizaSUS, visando ampliar a dimensão do ato de humanizar para além do âmbito hospitalar, reformando os serviços prestados à saúde no Brasil. A PNH, juntamente com os princípios do SUS, procura transformar a realidade da prestação de saúde, tendo em vista aperfeiçoar os métodos utilizados e a qualidade de atenção (NORA; JUNGES, 2013).

A valorização da ciência vem, com o decorrer do tempo, se sobrepondo a um bom convívio na sociedade, já que o ser humano está sujeito a mudanças de atitude que, muitas vezes, interfere negativamente em seu trabalho. Isso é notável, por exemplo, no uso exclusivo de conhecimentos científicos e métodos tecnicistas, deixando de lado a necessidade de promover o bem-estar daqueles que utilizam do serviço prestado.

Em meio ao intenso desenvolvimento da Odontologia, a experiência de submeter-se à atividade do cirurgião-dentista é um tanto quanto desagradável, gerando, muitas vezes, sensações de desconforto e ansiedade. Consequentemente, isso acaba por determinar um resultado negativo no tratamento odontológico (CESÁR et al., 1999).

O cirurgião-dentista não deve apenas se preocupar com o diagnóstico e o posterior tratamento, mas reconhecer que está diante de um ser humano. De acordo com Mota, Santos e Magalhães (2012) “As pessoas desejam profissionais capazes tecnicamente, mas almejam também o aspecto humano nas relações sociais”. Dessa forma, a humanização torna-se imprescindível nas práticas odontológicas, a fim de compreender o paciente e adquirir resultados positivos no tratamento.

O atendimento odontológico humanizado envolve as ações que se caracterizam em tratar da melhor forma possível os seus pacientes, respeitando-os, transmitindo confiança e mantendo uma boa relação odontólogo-paciente.

A humanização deve caminhar, cada vez mais, para se constituir como vertente orgânica do Sistema Único de Saúde (SUS) fomentando um processo contínuo de contratação e pactuação que só se efetiva a partir do aquecimento das redes de atenção à saúde e fortalecimento dos coletivos (BENEVIDES; PASSOS, 2004).

3.2 HISTÓRICO DO ENSINO DA ODONTOLOGIA

De uma Odontologia com práticas aleatórias até uma seguindo os preceitos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), o Brasil passou por períodos de mudanças no ensino da Odontologia nas Universidades do país. Muitas dessas mudanças decorreram de seminários promovidos na década de 60 pela Organização Pan-americana da Saúde (QUEIROZ; DOURADO, 2009).

Um documento do Primeiro Seminário Latino-americano Sobre o Ensino da Odontologia de 1955 relacionava as deficiências do ensino da Odontologia, decorrentes da formação oferecida nas faculdades latino-americanas, no período:

I. Tendência ao excessivo tecnicismo e exagero da Odontologia restauradora e de alguns aspectos da cirurgia;

II. Limitações na preparação biológica e médica do odontólogo;

III.

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