Os Traumas Dentários

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Para Vasconcellos; Marzola; Genu (2006), os traumatismos dentários são situações de urgência odontológica que impõem ao profissional um atendimento rápido, porém minucioso e influenciam a função e a estética do indivíduo, afetando seu comportamento.

Já para Sanabe et al (2009), consideram-se lesões traumáticas dentárias desde uma simples fratura em esmalte até a perda definitiva do elemento dentário.

Segundo Lanfredi (2015), os traumas dentais são lesões traumáticas que podem envolver desde os dentes, o osso que os circundantes, as mucosas orais, mucosas jugais e mucosas labiais.

As lesões dentárias traumáticas envolvem a dentística e a endondontia, mas podem vir a envolver também outras especialidades odontológicas, como a cirurgia e da reabilitação oral (MOTA JR; SILVA, 2009).

Em se tratando de classificação, Andreasen e Andreasen (2001) descrevem os traumatismos dentários como lesões aos tecidos duros dos dentes e a polpa; lesões aos tecidos periodontais e lesões na gengiva ou na mucosa oral.

De acordo com Cohen; Hargreaves (2007), um trauma dental em um único elemento repercute a muitas estruturas dentárias e perirradiculares. Logo, o tratamento e a consequência destes traumas são multifatoriais, tornando-se nada menos essencial do que saber os tipos de cicatrização inter-relacionados.

Ciente da conceituação de traumas dentários faz-se necessário entender suas causas e origens, ou seja, a etiologia do referido assunto.

2.2 Etiologias

Para Castro; Mello (2013), a população não possui o conhecimento básico necessário para atuar ante esses traumatismos, visto que diante disto o trauma dental torna-se um problema de saúde pública. É dever de o cirurgião-dentista buscar conhecimento científico nesta área e transmiti-lo à comunidade. Informar sobre o prejuízo que hábitos deletérios como roer unhas, morder objetos, usar piercing oral, morder gelo, milho de pipoca podem causar, gerando sobrecarga nos dentes e fraturas.

Segundo Lopes; Siqueira Jr (2010), cada etiologia pode desencadear um tipo de injúria ao dente. Um murro nos dentes anteriores pode causar lesões na coroa, na raiz e no osso da região anterior, raramente lesiona região posterior. Já um baque sob o queixo ou sob a mandíbula pode provocar fraturas em qualquer dente. Uma queda amortecida em algum objeto revestido pode causar fratura radicular ou luxação, porém uma queda em superfície dura pode ocasionar fraturas coronárias.

Os traumatismos dentais são poucos frequentes durante o primeiro ano de vida; mas podem ocorrer, por exemplo, em razão de uma queda do colo. Os traumatismos aumentam substancialmente com os primeiros esforços da criança para mover-se. Contudo,

A frequência aumenta à medida que a criança começa a andar e tenta correr, devido à falta de experiência e à coordenação. A incidência de traumatismos dentais alcança o seu pico logo antes da idade escolar e consiste principalmente e traumatismos devidos a quedas e colisões (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001, p.156).

A agressão física à criança é uma causa trágica de traumatismos orais e é frequentemente a principal razão para a admissão em um hospital. Andreasen e Andreasen (2001) também citam que são muito comuns as quedas e colisões das crianças em idade escolar, sendo caracterizadas por uma alta frequência de fraturas coronárias.

Crianças na Primeira Infância ainda tem pouca coordenação motora, que consequentemente provoca queda da própria altura, que chega a 80% dos casos. Referente às crianças entre 1 e 3 anos, 11 a 30% tem algum trauma dental, sem distinção entre meninos e meninas (LOSSOet al, 2011).

Há também as lesões resultantes de esportes de contato e em acidentes com bicicletas que, geralmente resultam em traumatismos graves, tanto aos tecidos duros quanto aos tecidos moles, devido à alta velocidade no momento do impacto. “Os pacientes que sofrem este tipo de traumatismo frequentemente experimentam fraturas coronárias múltiplas além de lesões no lábio superior e no queixo” (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001, p. 157).

Traebertet al. (2004), afirma que há uma associação entre a condição socioeconômica individual e o ambiente físico, influenciando na ocorrência do trauma dentário, pois criança com nível maior socioeconômico tem mais acesso a bens e equipamentos segurança, porém se utilizados em ambientes inseguros a chance de ocorrer trauma dental é maior.

Nas lesões faciais e dentais resultantes de acidentes de automóveis predominam os traumatismos dentais múltiplos, os traumatismos ao osso de sustentação e as lesões nos tecidos moles do lábio inferior e do queixo e acontecem quando o passageiro do assento da frente ou o motorista atingem o volante ou o painel (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001).

Valem destacar ainda os traumatismos oriundos de lutas, tanto as esportivas quanto as agressões passionais, de marido às esposas e filhos e brigas de rua; os traumatismos decorrentes de torturas, especialmente a encarcerados, um tipo de traumatismo vergonhoso e em crescimento (ANDREASEN e ANDREASEN, 2001).

Há ainda os traumatismos dentários decorrentes de epilepsia, que podem ser diretamente relacionados a quedas durante os ataques epilépticos; os relacionados às drogas, aparentemente resultantes do ato de apertar violentamente os dentes 3 a 4 horas após o uso da droga e; a dentinogênese imperfeita, que é uma fratura radicular espontânea resultante da microrresistência reduzida da dentina e a forma cônica das raízes (ANDREASEN e ANDREASEN, 2001).

O maior risco de ocorrência de traumatismo dentário entre crianças de condições socioeconômica mais alta, no Brasil e em outros países em desenvolvimento como a Jordânia, pode estar relacionado ao fato do maior acesso dessas crianças de às piscinas, bicicletas, skates, patins, patinetes, prática de ski aquático, equitação e outros, do que crianças de condição socioeconômica desfavorecida. Além disso, em países em desenvolvimento, mesmo crianças de famílias mais fluentes, praticam esportes e brincadeiras em ambientes poucos seguros, sem os necessários equipamentos de segurança (J. TRAEBERT et al, 2004 último parágrafo)

2.3 Fatores Predisponentes

Os dentes anteriores superiores são os que mais sofrem traumatismos, tanto na dentição decídua, quanto na dentição permanente. Alguns indivíduos possuem fatores que podem aumentar a predisposição ao trauma como:oclusão do tipo classe II de Angle, overjet maior