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A TERAPIA FOTODINÂMICA NA ENDODONTIA – REVISÃO SISTEMÁTICA

Por:   •  10/3/2018  •  6.632 Palavras (27 Páginas)  •  339 Visualizações

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A permanência dos microorganismos no sistema de canais radiculares, pós-instrumentação pode ser atribuída à limitada capacidade que o tratamento tradicional apresenta em elimina-los (EDUARDO e GOUW-SOARES, 2001). Diversos autores relatam que o preparo químico-cirúrgico é capaz de reduzir a população microbiana em aproximadamente 50% (BEHENEN et al, 2001), eliminando os microrganismos presentes na luz do canal e na superfície dentinária o conduto. No entanto, em profundidades da massa dentinária essa capacidade torna-se limitada (BERUTTI et al., 1997; GUTKENECHT et al., 2000), uma vez que as substancias irrigadoras penetram aproximadamente de 80 a 220µm em profundidade (GUTIERREZ et al., 1999).

Após o preparo e selamento do conduto, as bactérias, devido às suas propriedades de anaerobiose, podem voltar a reproduzir-se e invadir os túbulos dentinários em grande profundidades, como o Streptococcus sanguis que atinge 790µm (PEREZ et al., 1993), e o Streptococcus mutans que alcança áreas próximas ao cemento de 1150µm (KOUCHI et al., 1980). Outro fator que dificulta e por vezes impossibilita a adequada desinfecção dos canais radiculares é a complexidade anatômica do conduto principalmente do terço apical, que permite a sobrevivência de espécies microbianas, comprometendo a reparação do tecido periapical algumas bactérias são extremamente resistentes às substâncias irrigadoras a medicação intracanal, à mediação sistêmica, ao calor e são capazes de sobreviver no sistema de canais radiculares sem necessitar de interação com outras baterias, até em pequenas densidades, podendo sobreviver mesmo após uma obturação radicular adequada, estabelecendo as infecções resistentes. Outra causa dos insucessos pode ser atribuída à presença do biofilme na superfície cementária apical, propiciando o estabeleci mento de uma infecção refratária ao tratamento endodôntico tradicional (SIQUEIRA JR, 2001).

Neste diapasão, com o intuito de elevar ao máximo a antissepsia propiciada pela fase de preparo químico-cirúrgico, pode-se inserir a Terapia Fotodinâmica na Endodontia (PDT - Photodynamic therapy) que chega como um método para auxiliar no tratamento endodôntico, uma vez que constitui se de fácil e rápida aplicação semdesenvolver resistência bacteriana, pois se baseia no principio de que a eliminação de MO (microrganismo) está relacionada com associação de uma fonte de luz especifica e um agente foto sensibilizador que produz espécies reativas de oxigênio que em altas concentrações se tornam tóxicas para fungos e vírus.

A eterna busca para uma adequada desinfecção dos canais contaminados ganhou nos lasers um aliado promissor. A aplicação terapêutica da luz foi proposta por Einstein (1917) ao discorrer sobre a teoria quântica e de emissão de luz estimulada; da mesma forma, posteriormente, foram discutidos parâmetros que proporcionam segurança na aplicação clinica da terapia por luz (BRUGNERA, et al., 2003, p. 221).

A palavra laser é um acrônimo de light amplification by stimulated emission of radiation, que significa amplificação da luz por ação estimulada de radiação. O laser é uma radiação eletromagnética que pode ser caracterizada pelo seu comprimento de onda específico, localizado numa faixa de espectro que não produz reações mutagênicas. A interação tecidual é definida pelo comprimento de onda do laser, que desencadeia efeitos físico-químicos entre a estrutura irradiada e a energia dos fótons, podendo seguir quatro caminhos: reflexão, absorção, espalhamento e transmissão (KUTSCHU, 1993, p.15).

Neste sentido, a terapia fotodinâmica constitui em terapia aplicada como coadjuvante ao tratamento endodôntico convencional (de uma ou múltiplas sessões), com o intuito de tentar a eliminação dos microorganismos resistentes ao arranjo químico-mecânico. Vale salientar que a aplicação desta terapia é de fácil e rápida aplicação, sendo indicadas, como acima afirmado, pode ser tanto indicada em sessões únicas ou múltiplas (AMARAL et al., 2010). A PDT utiliza um fotossensibilizador (FS), também conhecido como corante, que é ativado pela luz de um específico comprimento de onda na presença de oxigênio. A transferência de energia do FS ativado para o oxigênio disponível resulta na formação de espécies tóxicas de oxigênio. Estas espécies químicas são altamente reativas e danificam proteínas, lipídeos, ácidos nucléicos e outros componentes celulares microbianos (KONOPKA; GOSLINSKI, 2007). Os FS precisam possuir uma banda de ressonância com o comprimento de onda da fonte de luz e essa absorção deve ter o mínimo efeito tóxico. Dentre os inúmeros FS existentes, os mais utilizados são o azul de toluidina (AT) e azul de metileno (AM) (ACKROYD et al., 2001; Amaral et al., 2010). Com relação aos aparelhos de lasers, existem vários tipos, como os gasosos (He-Ne), semicondutores (diodo - AsGaAl e AsGa), semi-sólidos (Nd-YAG, Er-YAG, YAP), entre outros. Os mais utilizados para a PDT são os de diodo de baixa intensidade com luz monocromática. A dose de radiação é facilmente calculada e a área de irradiação é controlada focalizando o tratamento. A luz pode ser transmitida 13 por meio de fibra óptica. Estas fibras podem receber adaptações para melhor acessar as bactérias-alvo com microlentes e difusores (RIBEIRO; ZEZELL, 2004; ACKROYD et al., 2001). A literatura pertinente relata variados protocolos de uso, onde o tempo de irradiação, FS, comprimentos de onda, energia aplicada são as principais variáveis, justificando a presente revisão científica para conduzir àquela que melhor se adequa ao controle da infecção endodôntica.

Existem dois tipos básicos de laser: de alta (power laser) e de baixa intensidade (soft laser). O laser de alta intensidade, em razão do seu efeito térmico, é indicado principalmente para corte, vaporização e hemostasia. Por outro lado, o laser de baixa intensidade atua na bioestimulação em nível celular, aumentando a vitalidade funcional da mitocôndrias e acelerando o reparo tecidual, alem de promover analgesia tecidual (BRUGNERA, et al., 2003, p. 228).

Diante do exposto, esta revisão sistemática de literatura se propõe a discorrer sobre as atuais utilizações da terapia a laser em endodontia.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Tratamento Endodôntico

A endodontia é a especialidade da odontologia que tem por objetivo modelar e promover a desinfecção completa do sistema de canais radiculares contaminados através do preparo químico cirúrgicos, tendo como objetivo final a o selamento hermético do meio interno com o meio externo

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