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Falhas no Diagnóstico de Câncer de Colo de Útero

Por:   •  5/3/2018  •  5.486 Palavras (22 Páginas)  •  353 Visualizações

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Apesar da alta incidência da doença, o carcinoma do colo do útero tem evolução lenta, sendo possível fazer sua prevenção através do exame periódico, chamado de Papanicolaou, conhecido também como citologia oncótica, colpocitologia oncótica, citopatológico, Pap Test. Este exame foi introduzido pelo médico George Papanicolaou em 1943, e foi difundido universalmente, e é utilizado até hoje como um exame de rastreamento de câncer de colo uterino. Para este, se obtém um esfregaço de células cervicais e, através da citologia diagnostica precocemente as lesões pré-cancerosas, ou pré-invasivas do câncer de colo uterino, que quando identificadas precocemente são tratáveis e amplamente curáveis, evitando assim, a progressão para o câncer invasivo (KOSE e NAKI, 2014).

Apesar de ser utilizado na prevenção, o exame de Papanicolaou, mesmo após 70 anos da descoberta, ainda possui muitas desvantagens, vulnerabilidades e falhas, que quando somadas levam a altos índices de resultados falso-negativos, atrasando o diagnóstico, diminuindo as chances de cura e levando ao pior prognóstico (MANRIQUE et al. 2009; RIBAS, 2011). Segundo o INCA (2014), a taxa de resultados falso-negativos da citologia pode ultrapassar 50%.

Como a técnica é compreendida de várias etapas manuais, como a coleta da amostra, a fixação do material, e ainda estar sujeita de subjetividade durante a fase de interpretação, a citologia oncótica torna-se passível de erros de conduta e traz consequências negativas ao final do processo, com resultados erroneamente liberados (RIBAS, 2011).

Com o intuito de reduzir parte dos interferentes que persistem na Citologia Oncótica Convencional (CC) ou Papanicolaou, surgiu a Citologia em Meio Líquido (CML), no qual as lâminas são confeccionadas de modo automatizado e padronizado, produzindo amostras homogêneas, que podem ser analisadas com maior rapidez e qualidade (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2013; STABILE et al. 2012).

Assim, o objetivo do estudo foi de aprofundar o conhecimento no assunto e demonstrar as principais intercorrências que ocorrem durante o procedimento do Papanicolaou, visando à diminuição dos erros de execução e os altos índices de resultados falso-negativos, assim como relatar as diferenças entre as técnicas de citologia convencional e em meio líquido e a utilização de outros métodos como a colposcopia e o teste de HPV, que são auxiliares no diagnóstico de câncer de colo do útero.

2. METODOLOGIA

O presente trabalho foi realizado a partir de uma revisão bibliográfica com levantamento de artigos das seguintes bases: Scielo, PubMed, Elsevier além de livros e revistas científicas, resultando em uma pesquisa descritiva com análise qualitativa. A bibliografia consultada compreende o período de 2001 até 2014, utilizando de palavras-chaves como: Câncer de Colo Uterino, Exame Citopatológico, Colposcopia, Citologia em Base Líquida e Teste para HPV.

3. DISCUSSÃO

O câncer de colo uterino é o terceiro mais frequente entre as mulheres e corresponde à quarta causa de morte por câncer no país (INCA, 2014). Seu desenvolvimento estende-se por um longo período de 15 a 20 anos, no qual, 70% dos casos estão relacionados com a infecção pelo vírus HPV, sua progressão para lesão precursora, até que se desenvolva o câncer invasor. Outros fatores ligados à imunidade, à genética, o uso de contraceptivos orais e tabagismo também podem influenciar nos mecanismos que determinam a regressão ou a persistência da infecção e sua evolução para o câncer. (FRAZER, 2007; NATIONAL CANCER INSTITUTE, 2014). De acordo com Kose e Naki (2014), a progressão para um câncer invasivo ocorre de 1% a 3% após a transmissão do HPV de alto risco, e o período de tempo necessário é de aproximadamente 25 a 40 anos.

O conceito de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) e seus níveis (NIC I, NIC II, NIC III), foram propostos por Richart em 1940 e anos depois, em 1988, o grupo Bethesda propôs uma nova classificação, no qual o NIC I passou a se chamar de lesão intraepitelial de baixo grau (LIE BG), enquanto a NIC II e NIC III são consideradas como lesão intraepitelial de alto grau (LIE AG) (SOLOMON e NAYAR, 2005). Essas lesões são classificadas a partir da intensidade dos distúrbios morfológicos celulares relacionados com sua proliferação, atipias celulares e o nível no qual essas lesões alcançaram o epitélio verticalmente (FONSECA, JUNG e TOMASICH, 2012).

Nas lesões de baixo grau, as alterações celulares e a perda de diferenciação ficam restritas ao terço inferior do epitélio, correspondendo à displasia leve, na qual a maioria dos casos tem regressão espontânea, sem nenhum tratamento (FONSECA, JUNG e TOMASICH, 2012). Conforme Kose e Naki (2014) e Frazer (2007), em mulheres imunocompetentes, a regressão espontânea da LIE-BG ou infecção por HPV de baixo grau é observado em 60% dos casos, ou seja, ocorre o clearence da infecção viral e a regressão das lesões precursoras. Os casos de LIE BG são os mais difíceis de serem diagnosticados, sendo o tipo mais comum encontrado na população feminina, e assim os testes moleculares para a tipagem do HPV são relevantes nessas situações (RAHIMI, 2008; ZIELINSKI et al. 2001). Nas lesões de alto grau, ocorrem alterações morfológicas que ocupam 2/3 ou 3/3 do epitélio respectivamente, correspondendo à displasia moderada e acentuada. A progressão dessas lesões sem diagnóstico precoce pode evoluir para o adenocarcinoma in situ, no qual ocorre o comprometimento de toda espessura do epitélio, sendo considerada uma displasia grave. Pode ainda progredir para o adenocarcinoma invasor, no qual há infiltração do estroma subjacente, ou seja, as lesões progridem além da membrana basal (FONSECA, JUNG e TOMASICH, 2012).

Atualmente, a triagem mais utilizada no rastreamento da doença, é a obtenção de esfregaços do colo do útero, através da citologia oncótica ou Papanicolaou, importante na identificação de lesões pré-cancerosas, que leva ao diagnóstico e tratamento que podem impedir a sua progressão para câncer invasivo (POLLOCK et al. 2006). O exame consiste na coleta de uma amostra do epitélio cervical para análise citológica, que auxilia na identificação de alterações celulares atípicas, antes que estas se tornem neoplásicas. Deve ser realizado periodicamente por todas as mulheres sexualmente ativas. Quando o resultado do teste é anormal, pode ser necessário a colposcopia, teste para HPV, curetagem endocervical ou biópsia (LIMA et al. 2012; RIBAS, 2011). Apesar de ser o exame de primeira escolha no rastreamento do câncer do colo uterino, apresenta muita vulnerabilidade,

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