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A NEUROPSICOLOGIA: HISTÓRIA

Por:   •  1/6/2018  •  2.885 Palavras (12 Páginas)  •  290 Visualizações

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Imagem do livro “De corporis humani fabrica libri septem”, Andreas Versalius (1543), página 606

A questão de corpo versus alma começou a motivar novas interpretações sem contar com o fundamento empírico e sim com o método racional entre os séculos XVII e XVIII. O filósofo francês René Descarte, para entender o cérebro, não usou somente as dissecações cerebrais como base. Ele preferiu estudar a lógica para compreender como nosso encéfalo produz o comportamento. Em sua primeira teoria, diz que a mente e o corpo são separados, outrora, interligados. O corpo era apenas uma máquina orgânica, movida pelos reflexos. Já o cérebro ajudaria no trabalho mecânico, nos movimentos, e a atividade mental dependeria da alma. Essa teoria da separação da mente e do corpo é chamada de dualismo cartesiano. Descartes também dizia que a alma é uma entidade livre e imaterial, e o corpo era somente a parte mecânica e material. Mesmo sendo diferentes, um é interligado ao outro, interagindo através da glândula pineal. As deduções do filósofo não foram aceitas pelos cientistas e médicos da época, porém a ideia de que a mente é separada do corpo mudou o rumo da medicina, que passou a investigar e tratar somente as doenças físicas, e ignorar as doenças psicológicas.

António Damásio rebate a afirmação “penso, logo existo”, feita por Descartes em 1637 na obra O discurso do método. Ele diz que essa citação contradiz o que o filósofo acredita sobre a ligação entre cérebro e mente, pois antes do aparecimento da humanidade, os seres já existiam. Para Damásio (1996, p. 279) “existimos e depois pensamos e só pensamos na medida em que existimos, visto o pensamento ser, na verdade, causado por estruturas e operações do ser”.

Já no século XIX, o médico Franz Joseph Gall, dizia que o cérebro era composto por vários órgãos separados, onde cada um controlava uma aptidão, como a benevolência, agressividade, amor parental e diversas outras, totalizando vinte e sete.

- O CASO DE PHINEAS GAGE

Phineas Gage era um operário americano que estava supervisionando a construção das ferrovias da Rutland e Burland Railroad, no ano de 1848. Ele era encarregado de preparar o barris de pólvora, que eram utilizados para a explosão das pedras. Porém, no momento que ele pressionou a pólvora com uma barra feita de ferro com pequena quantidade de liga de carbono, o atrito provocou uma faísca, que resultou em uma explosão. A barra encravou em sua caixa craniana, entrando pela bochecha, destruindo seu olho e atravessando o cérebro em sua região frontal do cérebro, saindo pelo topo da cabeça. O rapaz passou a ter fortes crises de convulsões e perdeu totalmente a consciência. Entretanto, momentos depois, recuperou a consciência e foi encaminhado ao hospital local, onde John Harlow o socorreu. Gage, conseguia falar e andar normalmente, só teve algumas infecções, das quais se recuperou rapidamente.

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Crânio de Phineas Cage | http://onlinestorybank.com/wp-content/uploads/2014/03/Phineas-Gage.png

Tempos depois, Phineas mudou sua personalidade e humor. Tornou-se mentiroso, antissocial e não conseguia se manter em um emprego, mudando constantemente de trabalho. Ele morreu treze anos após o acidente, em 1861. John Harlow, o médico responsável por socorrê-lo, entrevistou amigos, familiares e conhecidos, usando como base para seus dois artigos sobre o caso, o primeiro, feito em 1848 chamado "Passagem de uma Barra de Ferro Pela Cabeça ", e outro em 1868, "Recuperação da Passagem de uma Barra de Ferro Pela Cabeça ".

Gage se transformou em um clássico na literatura educacional da neurologia. A parte perdida de sua massa encefálica, foram relacionados com as funções do comportamento que sofreram alterações. Seu crânio foi recuperado e se encontra no Warren Medical Museu da Universidade de Harvard. Em 1994, dois neurobiologistas Hanna e Antônio Damasio da Universidade de Iowa, montaram, com o auxílio da tecnologia e da computação gráfica, o possível trajeto que a barra de aço percorreu no cérebro do jovem rapaz. Dessa forma, chegaram à conclusão que as mudanças no comportamento social ocorreram por causa dessa lesão nos lobos frontais, pois observaram as mesmas mudanças em outros pacientes com danos similares.

- O PACIENTE H.M

O paciente H.M, Henry Gustav Molaison, sofria com epilepsias graves e foi submetido a uma cirurgia experimental no lobo temporal. Como consequência, perdeu a capacidade de guardar novas memórias (amnésia retrógrada parcial e amnésia anterógrada), ficando preso ao passado.

Era uma criança saudável até sofrer uma queda ao andar de bicicleta, resultando em um forte traumatismo craniano. As sequelas desta queda foi as crises epilépticas que foram piorando ao longo dos anos, até que, o neurocirurgião William Scoville descobriu que a origem das crises ficava no lobo temporal e sugeriu a retirada do mesmo. Em 1953, a cirurgia foi realizada e teve êxito, os ataques epiléticos sumiram, porém, o paciente passou a ter problemas de memória. Ele só conseguia lembrar dos acontecimentos de sua vida até seis meses antes da cirurgia, sendo incapaz de guardar novas memórias por muito tempo.

Mais de cem cientistas, curiosos com os mecanismos de armazenamento de informações, começaram a estudar o H.M. Esses estudos foram importantes para associar as áreas cerebrais com aos processos da formação da memória. O paciente passou a ser a cobaia, o laboratório vivo. Mesmo depois de morrer em 2008, continuou sendo cobaia.

- PAUL PIERRE BROCA E KARL WERNICKE

Paul Pierre Broca foi um famoso antropólogo francês que se destacou nos estudos da neurociência. Seu mais notório trabalho relatava a relação entre as lesões cerebrais e o comprometimento da fala, onde descobriu, através de seus estudos com pacientes que perderam o dom de falar, o local onde a linguagem era processada, chamado de “área da Broca”, parte de trás da terceira circunvolução frontal do hemisfério esquerdo.

O problema encontrado por Paul, o qual o paciente entendia mais não conseguia reproduzir palavras, foi denominado por ele de afemia, termo que nos dias atuais conhecemos como afasia, que ocorre quando a região da Broca sofre algum tipo de dano. O cientista, também acreditava que o hemisfério esquerdo era dominante do direito.

Outro importante estudioso que se comprometeu a estudar

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