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MASTITE CLÍNICA E SUBCLÍNICA EM GADO DE LEITE

Por:   •  23/11/2017  •  6.399 Palavras (26 Páginas)  •  546 Visualizações

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FISIOLOGIA DA GLÂNDULA MAMÁRIA

A glândula mamária destina-se à alimentação do terneiro e está, portanto, apta a produzir uma média diária de 3 a 6 litros de leite, como se observa nas vacas de corte. O melhoramento genético e os avanços da zootecnia nos últimos 50 anos levaram os criadores a selecionar vacas cada vez mais produtivas, com grandes áreas de úbere e alta capacidade de produção de leite para fins comerciais (LANGONI, 1998). Estes avanços necessitam ser acompanhados pela melhoria do sistema de sustentação da glândula mamária (ligamentos), uma melhor capacidade de ingestão de alimentos (maior consumo) e dos sistemas de proteção do úbere; tudo isso somado a um plano nutricional que dê suporte à alta produção de leite, em relação tanto à quantidade como à qualidade da dieta. A glândula mamária é um órgão altamente especializado. Cada quarto mamário (ou teto) é uma glândula individual, sem interligação com as demais (CARLTON, 1998).

A glândula mamária apresenta vasta irrigação arterial que suprem o sistema com os nutrientes necessários para a síntese do leite e drenagem venosa. Para cada litro de leite produzido, 500 litros de sangue devem circular pelo úbere. Alterações nutricionais e vasculares causam redução na produtividade do animal (MATIOLI et al., 2000).

Burton et al (2003) avaliaram diversos trabalhos sobre mecanismos de controle das mastites e concluíram que as células de defesa (neutrófilos) e os anticorpos são as principais barreiras de defesa do úbere contra infecções bacterianas. Essa resposta varia em intensidade de animal para animal; há aqueles que reagem à infecção e podem se curar, enquanto outros não reagem ou têm uma resposta débil que cursa com casos prolongados, recidivas e casos severos. Quando esses sistemas de defesa falham ou são insuficientes, surgem as mastites clínicas.

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ETIOLOGIA

A interação entre os microorganismos, as vacas e o ambiente, somadas às práticas de manejo aplicadas pelo homem criam condições favoráveis à contaminação da glândula mamária e ao desenvolvimento das mastites (BIER, 1990).

Outros fatores predisponentes e importantes no aparecimento da infecção da glândula mamária são:

- conformação e tamanho do úbere;

- tamanho e formação dos tetos;

- ligamentos suspensórios do úbere; e

- integridade e oclusão dos tetos

Fatores importantes como causadores de mastites são as falhas de higiene durante o processo de ordenha (MÜLLER, 2002). Contaminação das mãos do ordenhador, problemas com ordenhas mecânicas, vasilhames contaminados e contaminação ambiental são fatores que levam à contaminação dos tetos, podendo aumentar as chances de surgimento da doença. As altas temperaturas e a umidade do ar são condições que favorecem o aparecimento de microorganismos no ambiente onde são mantidas as vacas. A manutenção da qualidade do ambiente no qual as vacas em lactação são mantidas tem sido o principal fator associado com a prevalência de mastites em rebanhos comerciais (YAMAMURA, 2006).

A ocorrência de mastite durante o período seco está ligada a fatores como nível de produção de leite no momento da secagem, condição dos tetos e nível de contaminação ambiental dos tetos. Além disso, a demora na formação de tampão de queratina nos tetos é outro fator de risco para ocorrência de mastite durante esta fase já que até 50% dos tetos permanecem abertos. A formação do tampão de queratina faz parte do processo natural de involução da glândula mamária após a secagem e tem função de proteção contra a invasão bacteriana, atuando como uma barreira natural contra a infecção (RIBEIRO JUNIOR et al., 2010).

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AGENTES

Radostis et al. (2007) descreveram a existência de mais de 140 espécies, subespécies e sorotipos de microorganismos envolvidos nas mastites, o que torna a etiologia da mastite extremamente complexa. Esses autores classificam os agentes etiológicos da mastite bovina em:

- Patógenos contagiosos (Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis e Mycoplasma bovis);

- Patógenos ambientais (Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus equinus, Escherichia coli, Klebsiella spp, Citrobacter spp, Enterobacter spp, e Pseudomonas spp);

- Patógenos secundários (Staphylococcus coagulase negativos); e

- Patógenos incomuns (Arcanobacterium pyogenes, Nocardia spp, Pasteurella spp., Mycobacterium bovis, Bacilluscereus, Serratia marcescens e algumas espécies de bactérias anaeróbias, fungos e leveduras).

Os fungos e as leveduras também são importantes agentes causadores de mastites e são adquiridos durante o processo de uma ordenha sem assepsia. São agentes muito perigosos pois podem causar a perda de um ou mais quartos mamários (LANGONI, 1999). Os dados disponíveis na literatura sobre a frequência de infecções intramamárias provocadas por leveduras apresentam grandes variações, desde 0,1% até 17,3% (COSTA, 2008).

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TIPOS DE MASTITE

Existem várias formas de classificar as mastites. Alguns autores as classificam quanto às formas clínicas em catarral, apostematosa ou flegmonosa (GARCIA, 1996). Outros preferem classificá-las com relação ao agente etiológico e as dividem em ambientais ou contagiosas. A maioria, no entanto, prefere classificar as mastites como subclínicas ou clínicas. As mastites clínicas podem ser agudas ou crônicas.

5.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS FORMAS CLÍNICAS

De acordo com Garcia (1996) a forma correta de classificação das mastites leva em consideração sua apresentação clínica. Para este autor há três formas clínicas de mastite: mastite catarral, mastite apostematosa e mastite flegmonosa.

5.1.1 Mastite Catarral

A mastite catarral é um processo inflamatório superficial que geralmente acomete porções ventrais (cisternas, ductos e ácinos) estando à secreção láctea aparentemente normal, mas com algumas alterações como grumos (precipitados de proteína e resíduos inflamatórios). Os grumos

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