Risco de lesão no ombro em praticante de Crossfit

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1.1 O problema

Os impactos na articulação do ombro causado pelo treinamento CrossFit oferece riscos de lesão a seus praticantes ?

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral ou Primário

Analisar os fatores de risco para lesão no ombro em praticantes de treinamento CrossFit.

2.2 Objetivos Específicos ou Secundários

- Identificar os exercícios do treinamento CrossFit que oferecem maior impacto na articulação do ombro, e analisar as lesões na articulação do ombro em atletas de alto rendimento.

- Analisar a fisiologia do overtraining, fadiga muscular e seus impactos nas estruturas musculares, tendíneas, ligamentares e ósseas na articulação do ombro em treino de alta intensidade.

- Criar mecanismos e programas de prevenção para minimizar os riscos de lesão na articulação do ombro no treinamento CrossFit proporcionando uma maior satisfação a seus praticantes, e enfatizar a importância do profissional fisioterapeuta, tanto para avaliação como para tratamento de praticantes no treinamento CrossFit, vista a relevância do profissional na área.

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3 JUSTIFICATIVA

O modelo de treinamento CrossFit possui exercícios cardiovasculares, halterofilismo e ginástica combinados com movimentos funcionais de alta intensidade e quantidades limitadas de descanso, com objetivo de construir força e resistência muscular.

A prática de treinamento CrossFit por indivíduos sem uma preparação técnica e acompanhamento adequado de um profissional, eleva o risco e incidência de lesões, essas lesões podem ocorrer por inaptidão, desequilíbrios musculares, alterações posturais e erros de treinamento. Na articulação do ombro que possui apenas músculos, ligamentos e tendões para sua estabilização o risco é ainda maior, principalmente pela realização de alguns exercícios que exigem que essa articulação ultrapasse sua faixa fisiológica normal de movimento.

Por ser uma atividade recente, ter um crescente número de adeptos e não existir uma pré-avaliação para o inicio dos treinamentos, surgiu uma necessidade de serem avaliados os efeitos deletérios que esse treinamento pode oferecer a seus praticantes. Criar mecanismos e protocolos de prevenção, proporcionar um treinamento esportivo seguro, com maior qualidade de vida, satisfação e saúde de seus praticantes justifica-se este projeto.

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 Crossfit

Greg Glassman era praticante de ginastica, levantamento olímpico e ciclismo, decidiu abandonar seus estudos e iniciar sua carreira como treinador aos 18 anos em 1974 na cidade de Pasadena, atuando como treinador em algumas academias. Foi despedido constantemente, devido a seus métodos de treinos “malucos” que colocava em risco a integridade física de seus alunos. Em 1995 se mudou para Santa Cruz – CA, onde montou seu primeiro box de CrossFit e formalizou sua marca. Em 2001 lançou o Crossfit.com onde disponibilizava suas rotinas de treino WOD (Work of the Day, treino do dia) com vídeos demonstrativos e fórum aberto para discussões, em 2003 começou a comercializar a franquia do CrossFit que hoje conta com mais de 12.000 unidades espalhadas no mundo (GLASSMAN, 2016).

O modelo de treinamento CrossFit pode ser definido como uma atividade física com movimento funcional com variação constantemente e alta intensidade. A prescrição dos exercícios é baseada no movimento de cargas pesadas por longas distâncias em alta velocidade, em um programa de força do core (centro do corpo), com o objetivo de aprimorar todos os domínios de condicionamento físico do indivíduo: resistência cardiovascular e respiratória, resistência muscular, força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, agilidade, equilíbrio e precisão (GLASSMAN, 2016).

Devido a crescente adesão à prática dessa modalidade esportiva, o grande número de lesões associadas, e a falta de evidências científicas para sustentar as críticas em relação ao potencial lesivo, foi realizado um estudo observacional descrevendo a natureza e prevalência de lesões associadas à prática dessa modalidade. O estudo concluiu que 73,5% dos indivíduos participantes relataram algum tipo de lesão durante a prática de CrossFit e 7% necessitaram de intervenção cirúrgica (HAK, 2013). Em um estudo epidemiológico descritivo, foi relatado que a taxa de lesões do treinamento CrossFit foi de 19,4% em um total de 386 participantes que não relataram lesão anterior. As áreas mais lesadas conforme o estudo foram ombro, coluna lombar e joelho, responsáveis por 25%, 14,3% e 13,1% das lesões respectivamente. Esse mesmo estudo apontou que a presença de um instrutor diminuía significamente o número de lesões (Weisenthal, 2014).

4.2 Complexo do ombro

O complexo do ombro tem como função posicionar a mão no espaço permitindo ao indivíduo interagir com o ambiente, suspender e prover fixação suficiente para que ocorra o movimento do membro superior, e servir como ponto de apoio para elevação do braço. O complexo do ombro funciona como uma unidade envolvendo uma complexa relação entre suas diversas estruturas (NEUMANN, 2011). Seus componentes consistem de: quatro ossos (úmero, clavícula, esterno e escápula), três articulações (esternoclavicular, acromioclavicular e glenoumeral), uma articulação falsa (articulação escapulotorácica, entre a escápula e o tórax) e uma área fisiológica (o espaço subacromial) (DANGELO, 2007).

4.2.1 Osteologia

Os ossos tem por finalidade dar apoio e forma ao corpo, proteger órgãos vitais, auxiliar no movimento, fornecer uma estrutura rígida para inserção dos músculos e funcionar como um sistema de alavancas (DANGELO, 2007).

O esterno é conhecido como osso do peito e se divide em três partes: manúbrio, corpo e processo xifoide (DANGELO, 2007). Conecta-se a clavícula formando a articulação esternoclavicular e também é o local de inserção das costelas (NEUMANN, 2011).

A clavícula é um osso em forma de S com tamanho aproximado de 15 cm de comprimento (PRENTICE, 2012). Inicia no esterno formando a articulação esternoclavicular se estendendo até parte superior do ombro, onde se conecta com o processo acromial da escápula formando