SISTEMA NERVOSO: EPILEPSIA
Por: eduardamaia17 • 12/4/2018 • 2.896 Palavras (12 Páginas) • 445 Visualizações
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A ocorrência de uma crise epiléptica se dá pela ativação de um grupo de neurônios simultaneamente gerando interrupção das ligações inibitórias entre os grupos de neurônios cerebrais. O mecanismo patogênico das crises epilépticas está associado ao descontrole nos canais iônicos na excitação e bloqueio das sinapses, o que faz com que os fármacos antiepilépticos tenham como alvo os mesmos sítios de ação. Os sintomas das crises epiléticas podem durar de alguns segundos a muitos minutos por episódio. Algumas sensações ocorrem como sinais de alerta para uma convulsão que vai acontecer. Essas incluem: sentimentos súbitos de medo ou ansiedade, sentir-se mal do estômago, tontura e alterações na visão (M.D., 2007).
A forma mais comum do diagnóstico é fazendo exames. O eletro encefalograma (que é o exame de maior importância no diagnóstico) caracteriza as crises e as suas frequências; a tomografia computadorizada e a ressonância magnética revelam as anormalidades e a tomografia do crânio mostra fraturas, erosão de ossos ou suturas separadas. (BERGEN, 2003) Há diversas consequências após ter sido feito o diagnóstico de epilepsia e que afetam a qualidade de vida do paciente epilético, como a discriminação no trabalho, as restrições, e perda da independência (PEDLEY; BAZIL; MORRELL, 2010) As comorbidades psiquiátricas são geralmente encontradas em pacientes com epilepsia, sendo assim necessário ser feito o diagnóstico e tratado precocemente. As principais são: transtorno de atenção e hiperatividade(TDAH), psicose, depressão, transtorno de personalidade, dependência alcoólica e ansiedade. (ALONSO, 2010)
As crises podem ser de diversos tipos, conforme o comprometimento do hemisfério afetado. A classificação da epilepsia é indispensável para se conhecer e entender o fenômeno epilético, que levará à escolha do tratamento e assim tomar decisões de como e por quanto tempo se tratar (PEDLEY; BAZIL; MORRELL, 2006). O sistema mais utilizado na classificação de crises epiléticas foi proposto pela Liga Internacional Contra a Epilepsia, que de acordo com o sistema considera as crises como :de ausência, parciais, tônico-clônicas, tônicas, clônica e mioclônica (ARANDAS; SENA, 2006).
A crise de ausência e quando o indivíduo fica estático e ausente, retornando em seguida, onde tinha parado. Devido a sua curta duração, dificilmente é percebida por familiares. (ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA, S.D)
Crises parciais podem ser simples ou complexas. Nos casos simples, o estado de consciência permanece inalterado. Nas crises parciais complexas o estado de consciência fica alterado, ou seja, a pessoa não consegue interagir com outras e não se lembra do que acontece no período da crise. Estas crises são provocadas por alterações localizadas em qualquer parte do cérebro, e portanto, causar os mais variados tipos de sintomas. Por exemplo, durante uma crise parcial simples a pessoa pode apresentar sensações de formigamento, contrações em um braço ou perna, e outros sintomas. Outros sinais são mal-estar, desconforto gástrico, medo sem motivo aparente e sensação estranha de familiaridade (dejà vu). Nas crises parciais complexas, a pessoa pode ficar confusa, fazer gestos mecânicos de mastigação e continuar exercendo a tarefa que estava realizando de modo automático. (ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA, S.D)
As crises tônico-clônicas, as mais conhecidas, envolvem todo o cérebro. A pessoa fica inconsciente e tem contrações musculares involuntárias, bruscas e muito fortes. Nessas situações, é comum a respiração ofegante, dificuldade em engolir a saliva, mordedura da língua e perda do controle esfincteriano (capacidade de reter a urina). (ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA, S.D)
Há, também, as crises tônicas, clônica, mioclônica – marcada por abalos musculares que se manifestam, predominantemente, no período matutino – além de outras, que somam mais de trinta no total. (ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA, S.D)
Existem outros tipos de crises que podem provocar quedas ao solo sem nenhum movimento ou contrações ou, então, ter percepções visuais ou auditivas estranhas ou, ainda, alterações transitórias da memória. (ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA, S.D)
Somente ao final das crises, quando retomam a consciência, a maioria das pessoas com epilepsia fica ciente do que aconteceu. Não raramente, nesse momento, essas pessoas têm dores de cabeça, sonolência e dificuldade de raciocínio. (ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA, S.D)
O tratamento da epilepsia tem como objetivo propiciar a melhor qualidade de vida possível para o paciente, controlando as crises, com um mínimo de efeitos adversos. É importante determinar o tipo específico de crise e síndrome epilética do paciente, uma vez que mecanismos de geração e propagação de crise diferem para cada situação e os fármacos anticonvulsivantes agem por diferentes mecanismos que podem ou não ser favoráveis ao tratamento (PERUCCA, 2005).
A decisão de iniciar um tratamento anticonvulsivante baseia-se fundamentalmente em três critérios: risco de recorrência de crises, consequências da continuação de crises para o paciente e eficácia e efeitos adversos do fármaco escolhido para o tratamento. O risco de recorrência de crises varia de acordo com o tipo de crise e com a síndrome epiléptica do paciente (PERUCCA, 2005).
O tratamento medicamentoso é eficaz no controle de 50-80% das convulsões dos pacientes. (RANG; DALE, 2007) Os medicamentos usados são: fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, clobazam, etossuximida, gabapenstina, primidona, topiramato, lamortrigina, vigabatrina e valproato.
Fenobarbital foi um dos primeiros barbitúricos a ser lançado É um fármaco eficaz e de baixo custo, seu mecanismo de ação deve-se à inibição neuronal em decorrência do aumento da neurotransmissão gabaérgica. Sua ação sobre as crises convulsivas dá-se afetando a duração e a intensidade das crises artificialmente induzidas causando sedação (RANG; DALE, 2007).
Fenitoína foi o primeiro fármaco não sedativo no arsenal de drogas anticonvulsivantes com um amplo espectro de ação. Seu bloqueio ocorre preferencialmente na excitação das células que estão disparando repetitivamente e quanto maior for a frequência de disparo, maior será o bloqueio produzido sem interferir nos disparos de baixa frequência de neurônios no estado normal (RANG; DALE, 2007).
Carbamazepina é um dos anticonvulsivantes mais amplamente usados, sendo um derivado químico dos antidepressivos tricíclicos (RANG; DALE, 2007).
Valproato é um ácido monocarboxilíco
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