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Artigo de Residencia Enfermagem

Por:   •  22/1/2018  •  7.835 Palavras (32 Páginas)  •  268 Visualizações

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Apesar de ser sinônimo de gravidade, desde a década de 1930 que a UTI é responsável pela alteração de prognóstico de indivíduos, com redução de óbitos em até 70%. 1 Contudo, alguns autores, ainda apontam para uma crescente mortalidade, que varia de 28,4% até 61,9%, relacionando tal fato ao aumento das admissões de pacientes críticos. Isso é preocupante e, torna-se cada vez mais objeto de estudo, no intuito de compreender os fatores relacionados a esse desfecho e, para aperfeiçoar a abordagem e observação destes clientes. 2

Os pacientes admitidos neste setor apresentam sinais de alerta antes da internação e a demora da identificação resulta em um atraso na intervenção e aumento da morbimortalidade hospitalar. Alguns estudos trazem que mais de 70% dos pacientes são identificados com situação crítica, com alterações 72 horas antes da admissão e evolução da deterioração clínica, justificando tal incidência pelo desconhecimento da gravidade do cliente por parte dos profissionais assistenciais ou pela dificuldade de acesso à UTI. 3

A identificação dos pacientes com risco para morrer é critério essencial para atenção clínica e adoção de medidas em tempo adequado. Nesse sentido, a Sociedade Americana de Terapia Intensiva (SCCM) elaborou critérios para admissão na UTI, priorizando indivíduos com maior possibilidade de benefícios aos cuidados intensivos. Dividindo as prioridades em quatro níveis: prioridade 1- pacientes graves, instáveis, que necessitam de tratamento intensivo e monitorização em UTI, com chances significativas de recuperação; prioridade 2- não apresentam instabilidade, porém necessitam de monitorização, justificado pela possível descompensação do seu quadro clinico; prioridade 3- clientes instáveis, com pequena probabilidade de recuperação devido presença de comorbidades ou gravidade da doença aguda e; prioridade 4- aqueles sem indicação de admissão em UTI, por estarem muito bem ou muito mal para se favorecerem deste cuidado.4,3

A mortalidade não pode ser desvinculada da gravidade do paciente, visto ser um frequente indicador de qualidade de assistência. No que tange a qualidade, ressalva-se uma eficiência dos recursos físicos e humanos, com elevado coeficiente de satisfação aos usuários e ínfimo risco aos pacientes, que nessa unidade é essencial a otimização dos recursos existentes e qualificação dos profissionais para uma boa assistência. 5,6

Neste contexto, com o objetivo de nortear condutas nas UTI’s, surgiram os índices de gravidade. Eles têm a capacidade de quantificar as disfunções fisiológicas agudas e crônicas durante admissão, predizendo a mortalidade, também é utilizado para retificar erros, avaliar o desempenho da UTI e exerce um importante papel na reserva profissional e de equipamentos a partir da gravidade dos pacientes atendidos. 7,8

Nesse intuito, apareceram múltiplos índices prognósticos que foram aplicados nos cuidados intensivos, que são calculados a partir do somatório de escores numéricos, correspondentes a alterações clínicas, laboratoriais, variações demográficas e quantidade de procedimentos empregados. Entre eles: Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE II), APACHE IV, Simplified Acute Physiology Score II (SAPS II), Logistic Organ Dysfunction System (LODS) e Sequencial Organ Failure Assessment (SOFA).9

Conforme previsto no art. 48 da resolução da RDC nº 7 de 2010, no que tange a avaliação, fica explicito que se deve calcular o índice de gravidade dos pacientes internados na UTI, através de literatura cientifica especializada, que conste um Sistema de Classificação de Severidade de Doença, ainda cita que o responsável técnico da UTI deve correlacionar a mortalidade geral que ocorreu na sua unidade com a esperada, com base nos índices. Para tanto, é imprescindível monitorar e manter os registros de avaliação dos desempenhos, com o intuito de instituir medidas para controle ou redução. 10

Fundamentando-se nessas informações, fica explicito a necessidade do aproveitamento dos índices de gravidade em todas as Unidades de Terapia Intensiva. Logo, o objetivo principal consiste em aplicar alguns destes escores e analisar quais fatores estão mais associados à mortalidade nesta unidade de cuidados intensivos, na tentativa de fornecer informações sobre os resultados indesejáveis, comparar a mortalidade estimada e a observada, bem como acompanhar a atuação dos profissionais deste setor, baseado na terapêutica instituída e evolução do quadro clínico do cliente, visando identificar as indigências de recursos para o atendimento e auxiliar para um planejamento estratégico destinado ao paciente critico enquanto segurança e qualidade da assistência.

MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa com delineamento retrospectivo realizado em três Unidades de Terapia Intensiva Adulto de um Hospital Público do Distrito Federal. O campo de estudo é composto por quatro UTI’s Adulto, totalizando 61 leitos, porém na referida época, uma dessas unidades encontravam-se com todos os leitos bloqueados, compondo portando 40 leitos. De modo não identificar o local, cada UTI recebeu uma codificação, sendo dessa forma UTI X, UTI Y, UTI Z.

A amostra foi composta por todos os pacientes admitidos nas UTI’s X, Y e Z no período de março a julho de 2015, maiores de 18 anos. Como critérios de exclusão, optou-se por aqueles com tempo de internação menor que 48 horas, com informações insuficientes no prontuário eletrônico e que não foi possível avaliar o desfecho.

Para a coleta de dados foi necessário realização de busca no livro de admissões, software Trakcare (gerenciador do prontuário eletrônico) e ficha de sinais vitais de 24 e 48 horas, norteada por um instrumento elaborado pelas próprias pesquisadoras, contando com dados de identificação do paciente, variáveis clínicas, fisiológicas, laboratoriais e desfecho.

A coleta de dados incidiu desde a admissão até o desfecho final do paciente, dada por alta ou óbito do mesmo. Primeiramente foram coletadas informações das primeiras 24 horas como dados de identificação, variáveis clinicas de maior e menor valor, variáveis laboratoriais e gasometriais e outras informações, como estado neurológico do paciente, uso de ventilação mecânica, parâmetros de Fio2, uso de drogas vasoativas e trombolíticos. Todos esses dados serviram para traçar o perfil dos pacientes admitidos nessas UTI’s e alimentar os escores APACHE II, APACHE IV e SOFA de 24 horas ou SOFA 1.

Em um segundo momento foi extraído a partir da ficha de sinais vitais, variáveis clinicas, dos

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