Melhoramento genético de milho com fins de manejo comunitario
Por: Salezio.Francisco • 19/10/2018 • 2.488 Palavras (10 Páginas) • 369 Visualizações
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Proporcionar o melhor desenvolvimento, adaptação em consórcio de uma determinada espécie resulta em seleção de sementes mais adequadas para o manejo naquele determinado ecossistema.
OBJETIVOS:
- Manejo de sementes crioulas unindo o saber acadêmico (teórico) e do agricultor (empírico);
- Mapeamento genético que mapeiam locos que controlam características quantitativas para obter informações fenotípicas, diversidade genética e genômica da espécie.
METAS:
- Disponibilização e equilíbrio do fluxo de nutrientes;
- Proteção e conservação da superfície do solo;
- Preservação e integração da biodiversidade;
- Exploração da adaptabilidade e complementariedade no uso de recursos animais e vegetais;
- Soberania alimentar.
Metodologia
- Agricultores (seleção de espécies);
“A conservação deve se dar principalmente pela garantia de reprodução das redes informais de intercâmbio presentes nas comunidades. Dentro dessas redes, o fortalecimento do sistema tem se mostrado muito importante. O apoio de outras instituições, sobretudo públicas(...). A experiência local demonstra que quando o trabalho é desenvolvido em grupos, os resultados tendem a ser melhores, pois se valorizam e fortalecem as relações de troca de sementes e de conhecimentos. Em relação especificamente a seleção de variedades locais, são duas as estratégias principais:
Seleção no paiol: Logo depois da colheita, as espigas são armazenadas num paiol, que geralmente se trata de uma construção de madeira, pouco protegida contra a ação de roedores e insetos. Nesse local, as espigas ficam depositadas, sendo retiradas rotineiramente para a alimentação dos animais, para a comercialização, para a fabricação de farinha nos moinhos locais ou então como semente para o próximo plantio. Nesse sistema, as melhores espigas (maior tamanho, emparelhamento, espessura do sabugo e sanidade) são escolhidas para posterior retirada das sementes. Esse processo de seleção costuma ocorrer próximo a data de plantio, quando as espigas já estão armazenadas há vários meses.
Quando da debulha, são preferidos os grãos do centro da espiga, já que são mais uniformes (facilitam o plantio), têm maior sanidade e reserva de energia que os grãos das extremidades. A coloração e o tipo das sementes são escolhidos de acordo com o gosto de cada agricultor. Quando o objetivo principal é a comercialização, os grãos do “tipo duro” são os preferidos; por outro lado, quando se destinam ao consumo interno (animais e familiares), os grãos moles são priorizados. É sempre um conjunto de características visuais, baseadas na experiência cotidiana, que determina quais (ou qual) as variedades ou espigas que serão priorizadas para o próximo plantio.
Seleção na lavoura pelo método massal estratificado: Seleção massal estratificada é o método que permite um maior controle de heterogeneidade do solo. Trata-se, basicamente, de dividir a área de colheita das sementes em estratos ou partes iguais, geralmente de 5 a 10 m, em linha, escolhendo as melhores plantas em cada estrato, de forma independente. Essa seleção é denominada “massal” porque é realizada mediante observação e a avaliação do aspecto geral de todas as plantas do estrato, de forma que todas as plantas selecionadas contribuam com sementes para a próxima geração. Com esse método, os agricultores, vão a lavoura e, em uma área mínima de 800 m², ou seja, cerca de três mil plantas – que é o mínimo para garantir reprodução da espécie sem perda de variabilidade -, escolhem as melhores plantas, de acordo com seu gosto e necessidade.
A colheita da semente genética também é feita sobre essa área estratificada de 800 m², de tal forma que permita a obtenção de quatrocentas espigas. Nesse exemplo, serão quatrocentos estratos, ou seja, cada estrato terá dois metros em linha onde será colhida uma espiga. Predominantemente, são observadas, de forma conjunta, características como altura de planta e de espiga, plantas competitivas, decumbência da espiga, diâmetro do colmo, doenças, pragas nas espigas, tamanho do pendão, emparelhamento da espiga, entre outros. A colheita da semente genética é feita quando o milho tem de 28 a 35% de umidade, pois nesse estágio apresenta maior vigor. Como os agricultores não dispõem de um medidor de umidade, observam a camada marrom ou negra na base da semente, o que é feito escarificando-se com a unha. Quando essa camada estiver presente significa que a espiga já pode ser retirada da planta-mãe. Outra maneira prática de saber o ponto de colheita, é fazê-lo quando o milho apresenta apenas algumas folhas ainda verdes.
Seleção em casa: Após a colheita das espigas no campo, o segundo passo é a seleção em casa, visando a produção da semente genética. Nessa ocasião, é efetuada nova seleção, agora sobre as quatrocentas espigas pré-selecionadas na lavoura, observando-se critérios da variedade como tipo de grão, aspecto geral da espiga, aparência saudável, cor, peso da espiga, entre outros. Nessa etapa, o agricultor seleciona apenas 200 espigas.
Secagem em espigas: Depois desse segundo momento de seleção, as 200 espigas selecionadas são amarradas de duas em duas (ou mais) com parte da própria palha e penduradas em ambiente arejado e inacessível a roedores, a sombra, geralmente sob um telhado de galpão. Nesse local, permanecem por cerca de 45 dias, até estarem prontas para a debulha. A secagem é necessária para garantir o armazenamento das sementes com qualidade por meses, ou até anos.
Debulha: A melhor forma de debulha é a manual, pois não danifica as sementes. Retira-se o mesmo número de grãos são contados para calibrar a mão de quem está debulhando. No exemplo colocado, de cada uma das 200 espigas retiram-se 18 grãos. Considerando-se uma germinação de 85%, teremos 3.060 plantas no campo no ano seguinte. É importante fazer duas retiradas de dois lotes iguais de sementes, deixando uma armazenada para ser utilizada somente em caso de um fator climático adverso impedir a colheita do primeiro lote. A colheita da semente feita dessa forma permite ao agricultor conservar a(s) sua(s) variedade(s) sem erosão genética, devido ao número mínimo adotado de 200 espigas; permite também escolher e manter as características agronômicas desejadas ou descartar as
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