FARMACOLOGIA DA OBESIDADE: RISCOS E BENEFÍCIOS
Por: SonSolimar • 21/3/2018 • 5.066 Palavras (21 Páginas) • 387 Visualizações
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Desse modo, este artigo descreve os aspectos gerais da obesidade e oferece uma visão da terapêutica atual bem como de medicamentos que já foram extensamente utilizados, mas que atualmente não são disponiveis ou não são mais considerados como agentes antiobesidade, relatando também fármacos que ainda não são aprovados para este uso, mas estão em fase de teste.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizada a busca dos dados nas bases de dados MEDLINE, LILACS e SCIELO, em português e inglês, por meio dos seguintes descritores: farmacologia da obesidade, obesity, combinados entre si. Foram usados também livros, site da ANVISA, textos recentes, considerando a relevância e o valor informativo do material e alguns artigos-chave selecionados a partir de citações em outros artigos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A era da globalização trouxe muitas tecnologias proporcionando agilidade e conforto ao mundo, no entanto, ao longo de sua evolução acentuou o desenvolvimento de problemas relacionados à saúde e um dos principais foi a obesidade (FRANCISCHI, 2000), doença que é refletida do modelo de comportamento da sociedade atual: o qual é baseado na inatividade corporal: sedentarismo, estresse, acomodação devido as facilidades tecnológicas como televisores com controle remoto, elevador, vidro elétrico, aparelho celular, banco online, computador, consumo de fast foods (comida rápida), e alimentos industrializados cada vez mais calóricos e também um alto estresse causado por uma tensão psicológica imposta aos profissionais que são a cada dia mais workaholic - expressão em inglês que significa pessoa viciada em trabalho. Tudo isso gera comodismo e indolência promovendo o sedentarismo (FERNANDES, 2013).
A obesidade é uma doença crescente devido à nutrição irregular associado ao sedentarismo, sendo que a interação de vários fatores incluindo genéticos - a genética evidencia que existe uma tendência familiar muito forte para a obesidade, pois filhos de pais obesos têm 80 a 90% de probabilidade de serem obesos também. Fatores metabólicos, comportamentais, ambientais, interferem também no fenótipo da obesidade (TAVARES et al., 2010). Sendo que o conjunto de todos esses fatores corrobora e dificulta a redução de massa corporal (NELSON; COX, 2011). Fisiologicamente, é o resultado da ingestão de mais calorias na dieta que o organismo precisa para realizar suas atividades corporais diárias (GUYTON; HALL, 1996). A prevalência desta patologia está aumentando de forma exponencial adquirindo características epidêmicas, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento (BORGES, 2006). A pesquisa VIGITEL - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - (2012), revela que 51% da população acima de 18 anos estão acima do peso ideal e em 2006, o índice era de 43%. Entre as mulheres o excesso de peso atinge 48% e entre os homens, 54%. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) - 2008-2009, realizada pelo IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Ministério da Saúde, evidenciou que a obesidade e o excesso de peso têm aumentado rapidamente nos últimos anos, em todas as faixas etárias (POF, 2011).
A obesidade é definida através do índice de massa corpórea (IMC) (o qual fornece uma medida de peso relativo, ajustado a altura), com valor maior que 30 kg/m2. Os valores do IMC demostram o risco de desenvolver comorbidades associadas que podem ser afetados pela alimentação e a prática de exercícios físicos do paciente. De acordo com os valores do IMC, a obesidade pode ser classificada em três classes: classe l com IMC entre 30 e 34,9 kg/m2, classe ll com IMC entre 35 e 39 kg/m2, e classe lll, em que o IMC é igual ou maior que 40 kg/m2. O IMC normal situa-se entre 18,5 até 24,9kg/m2. Pessoas com valores de IMC entre 25 até 29,9 são consideradas com sobrepeso, sendo que valores menores de 18,5 estão abaixo do peso ideal, (Programa Nacional de Combate à obesidade, 2005). A tabela 1 mostra a classificação da obesidade de acordo com valores de IMC.
Tabela1: Classificação da obesidade no adulto em função do IMC
Classificação
IMC (Kg/m2)
Baixo peso
Variação normal
18.5 – 24.9
Pré-obesidade
25.0 – 29.9
Obesidade Classe I
30.0 – 34.9
Obesidade Classe II
35.0 – 39.9
Obesidade Classe III
≥ 40.0
Adaptado de OMS (2000)
Outra maneira recentemente formulada para quantificar a obesidade, é o IAC (índice de adiposidade corporal), com o propósito de substituir o IMC, proposto por Bergman et al. (2001), o qual utiliza a medida da circunferência do quadril e da estatura para estimar de forma prática o percentual de gordura corporal. É calculado dividindo-se a medida do quadril pela (altura x √altura) e subtraindo 18 no final, no entanto de acordo com os próprios autores são necessários novos estudos que confirmem sua eficácia.
De acordo com Borges e colaboradores (2006) o IMC não é suficiente para caracterizar a obesidade, tendo em vista que considera somente o peso do individuo e não sua composição corporal. Por isso é utilizado à análise da composição corpórea e a quantidade de gordura (massa gorda) e da quantidade de tecido sem gordura (massa magra) para diagnóstico e classificação da obesidade. Ainda segundo Borges (2006) os exames mais precisos para determinação da composição corporal pode ser feito através da densitometria de dupla captação (DEXA), água duplamente marcada, pesagem hidrostática e/ou bioimpedância elétrica.
3.1 TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS DA OBESIDADE
Existe atualmente um arsenal de medicamento para o tratamento da obesidade, a maioria formulada para o tratamento de outras patologias, no entanto devido ao efeito colateral de perda considerável de peso passou a ser utilizado como fármacos antiobesidade (MANCINI; HALPERN, 2002).
Os tratamentos farmacológicos disponíveis proporcionam vantagens de curto e médio prazo, sua relação risco/benefício pode ser favorável visto
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