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Mkt Social e Cultural - Ong Projeto Vida Corrida

Por:   •  24/4/2018  •  1.412 Palavras (6 Páginas)  •  470 Visualizações

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Assim que eu comecei o projeto, o meu objetivo era fazer a diferença na vida das crianças, porque eu pensava: "quem assassinou o meu filho foi uma criança e eu não quero que isso aconteça com o filho de ninguém, e não quero que o filho de ninguém seja essa criança, eu vou fazer o máximo que eu puder para mudar a história dessa comunidade para o bem, eu pensava: transformando a história dessas crianças, eu vou me dar por vencida.. eu vou ter cumprido o meu papel como cidadã".

Quando nós começamos o projeto, há 17 anos atrás, só 2% dos jovens tinham nível universitário, hoje, 20% já têm nível universitário. Em todo o tempo do projeto, só 2 meninas engravidaram na adolescência. Hoje, já temos 8 jovens que saíram daqui para serem atletas. Nós temos como objetivo promover a inclusão social, saúde, autoestima e qualidade de vida para as meninas e mulheres por meio do atletismo na modalidade corrida de rua. As atividades que a gente oferece na ONG reforçam o vínculo comunitário entre os participantes. Fortalece os laços familiares, já que as mães convidam outros membros da família para participar e ainda aumentam a proximidade entre os moradores com o parque e uns com os outros.

Eu tive muitas dificuldades pessoais, como a morte do meu primeiro marido e a morte do meu filho, mas esse último foi acima de tudo uma motivação para tudo isso. As limitações e dificuldades no começo da ONG não foram apenas financeiras como todo mundo pensa, que tudo é falta de dinheiro, existem outros fatores-problema como o preconceito. No começo, eu era a única que treinava na comunidade e recebia muitas críticas. Alguns me perguntavam por que eu usava shorts são curtos, outros diziam que eu deveria cuidar do meu marido, pilotando fogão, tanque de lavar roupas... Eu era tratada como vagabunda. Mas minha vida continuou e hoje o projeto social é um orgulho.

Outra limitação, que é atual, é o problema de violência: o Capão obteve índice de 47,12 óbitos por homicídio de jovens do sexo masculino (de 15 a 29 anos), quase o dobro do índice da capital. Às vezes me assusto com os altos índices de violência e com presença constante da comunidade nos setores policiais do noticiário.. ainda assim, prefiro me empenhar na luta por um local melhor em vez de transferir o projeto para um ponto na capital, principalmente pelos laços que a gente criou com o pessoal daqui da comunidade. Sem demagogia, eu já tive várias oportunidades de sair daqui, mas não quero. O Capão é meu canto, aqui que eu tenho de ficar. Minha missão é aqui. Não mudaria por nada nesse mundo, nem se fosse para morar no Morumbi. Não tem nada a ver comigo. Mesmo se ganhasse na loteria, continuaria ajudando as pessoas e ampliando o projeto. Meu último suspiro tem de ser aqui.

Eu sou mãe, sou dona de casa, sou costureira, sou atleta, sou maratonista, sou uma empreendedora social, uma líder comunitária e, principalmente, uma sonhadora.

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