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Trabalho de T.E.

Por:   •  29/4/2018  •  1.599 Palavras (7 Páginas)  •  217 Visualizações

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— É, tem mais alguém vindo sim. Sou Aristóteles, desculpe se te assustei por surgir de súbito. É que não temos tempo a perder. Você está correndo perigo, garoto. Mas não tenha medo. Pelo menos, não mais medo que o suficiente. O que diferencia a virtude moral do chamado “vício” é o justo-meio. O justo-meio contraria-se ao excesso e ao defeito e, por resultado, não existe justo-meio de um excesso ou de um defeito, assim como não existem nenhum excesso nem nenhum defeito de um justo-meio. Com isso quero dizer que você precisa, entre a imprudência e a covardia, alcançar a coragem.

— Boa tarde, aqui é o Michel Focault...

— Chega! — O menino interrompe. — Não entendo onde vocês Sete querem chegar. Só invadiram o corpo do meu avô e disseram abstrações... O que está acontecendo? O que ele esconde de mim? Por que corro perigo? Quando pretendem me contar tudo isso?

Seus olhos se encheram de lágrimas. Ele estava desnorteado, perdido. Eram muitos nomes, muitas ideias e muitas pessoas. E seu avô no meio delas? O que faria ali? E o neto nem sabia ao certo se queria mesmo descobrir. Não sabia ao certo nem se queria ganhar esses presentes. As mentes adicionais não pareciam mais uma vantagem, um dom.

Pareciam só um turbilhão confuso.

— Criança, você tem que se acalmar. Você é a chave de tudo, você pode mudar tudo. Seu avô é um homem poderoso. O mais poderoso desta nação. E quando ele morrer, será seu desejo passar este poder a você. Eu possuo uma teoria sobre isso. O poder não é um objeto natural, por assim dizer, e sim uma prática social expressa por um conjunto de relações. Então temos que pensar no poder não como algo que uns tem e outros não, e sim como relações que se exercem. Desse modo, o poder não está restringido ao governo. Não está restringido ao seu avô. Você tem uma relação com ele, é a pessoa que ele mais ama no mundo. Sei disso porque nossas mentes se fundem e desfundem com frequência. E se você tem uma relação com o homem mais poderoso daqui, você tem poder.

— É minha vez, sou Werner Jaeger. Seu avô te criou isolado sobre as quatro paredes desse palacete, e agora você se tornou esse garoto medroso, confuso e manipulável. Já a Paidéia era o processo de educação em sua forma verdadeira, a forma natural e genuinamente humana na Grécia antiga. O termo também significa a própria cultura construída a partir da educação. Era este o ideal que os gregos cultivavam do mundo, para si e para sua juventude. Uma vez que o governo próprio era muito valorizado pelos gregos, a Paidéia combinava ethos (hábitos) que o fizessem ser digno e bom tanto para o governante quanto para o governado. Não tinha como objetivo ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade e nobreza. Paidéia também pode ser encarada como o legado deixado de uma geração para outra na sociedade. Além de formar o homem, a educação deve ainda formar o cidadão. E nisso seu avô falhou contigo.

— Francis Bacon, ao seu dispor. Vou lhe aconselhar falando de uma de minhas obras, “Nova Atlântida”. Eu, assim como meu companheiro que em breve irá conhecer, Thomas Moore, escrevi um romance utópico. Perdão, como? Você não acredita nesse tipo de coisa? Mas uma utopia não é um boato ou uma lenda que esperamos que você acredite. É algo que sabemos que não existe, e que muito provavelmente nunca vai se tornar realidade. Inclusive esse termo significa, praticamente, “Lugar Nenhum”. E ela pode ser usada para criarmos um lugar fictício afim de criticar um concreto, como eu utilizei minha obra para falar da Europa. Ou também pode servir de norte. De algo talvez até inalcançável, mas que valha a pena buscar e seguir. Precisamos ter fé e lutarmos pelo que acreditamos, garoto. Lembre-se bem disso.

Então eles deram ao garoto a verdade. Os Sete, como filósofos, haviam passado a vida a procurar a verdade na ética e na moral, no indivíduo e no todo, no conhecimento e na ignorância, no imaginário e no concreto, nos extremos e no justo-meio, na prática e na teoria, nas muitas perguntas e poucas respostas. A verdade do garoto era mais simples, porém não menos dura.

Sua mente viajou e se expandiu. Então era isso. Descobrir. Ele se extasiou em seus sentidos. Havia sido liberto de seu avô. E de si mesmo. Lembrou das palavras a ele passadas: opressão, violência, guerra, golpe de estado, autoritarismo, aristocracia e ditadura. Antes sua vida era vazia de definição. Ou melhor, era presa à poucas, advindas de apenas um homem. E agora ele tinha várias, vindas de Sete. Ele compreendeu o poder de seu dom, e decidiu usá-lo de forma diferente de seu avô. Ele compreendeu o que significava o “saber”, de fato.[pic 1]

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