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Segregação Espacial e Estrutural das Cidades Modernas

Por:   •  1/3/2018  •  1.372 Palavras (6 Páginas)  •  332 Visualizações

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Com o tempo, nesta configuração, há veemente a polarização dos espaços e a estigmatização de pessoas presentes em localização desfavorecidas da modernização e higienização. Despossuídas de condições mínimas de cidadania, são recompensadas com uma árdua criminalização.

“O principal agente da exclusão territorial e da degradação ambiental é a segregação espacial, que traz consigo uma lista interminável de problemas sociais e econômicos, tendo como consequência a exclusão e a desigualdade social que propicia a discriminação, o que gera menores oportunidades de emprego, dentre outros problemas, ocasionando assim uma perpetuação da pobreza e a ausência do exercício da cidadania. (Funes, 2005).

É exemplo desta política a Cracolândia, em São Paulo, onde usuários(as) de crack, corpos largados e objetificados, resultantes desse desamparo provocado pela injustiça e desigualdades sociais, se aglomeram. Não se trata somente de uma ocupação, materialmente dizendo, ou um espaço geográfico, pensado somente na interpretação física, mas um retrato de políticas públicas ineficazes e insuficientes, que estigmatizam essa população, a ponto de negá-lhes o pleno direito à cidadania. A Cracolândia refere-se genericamente à região no centro da cidade de São Paulo, desconsiderando todas as diversidades de relações humanas desenvolvidas ali, para além dos usuários de crack.

Em 2007, a prefeitura da cidade lançou um programa de revitalização da área, para atrair investimentos privados, que configura o método de higienização. Tal ação nos remete aos procedimentos de cercamentos, abordados na Inglaterra há alguns séculos, que culminou no fortalecimento da Revolução Industrial, no século XVIII. É visível, nessa ótica, que o projeto sequer se atenta às condições humanas e à solução dos problemas existentes ali, que devem ser entendidos na ordem da saúde pública, e ainda levaria à desapropriação de moradias de pessoas que moravam há tempos nesta região, que estabelecem uma relação com símbolos históricos ali presentes. Isso nos revela que o direito e a construção das cidades, após a mercantilização destas, apenas menospreza a cidade com seu conteúdo para além das concepções espaço-matéria, cujo o seu signo se evidencia no sentido dado pelas pessoas, personagens protagonistas do território. A própria terminologia ‘revitalização’ nos elucida esse fator, cujo o sentido é que só haverá vida de fato, após uma intermediação do espaço com as grandes articuladoras do capital, sob advento da especulação imobiliária.

Há, no entanto, um novo método em curso para a resolução das adversidades do local, é o programa ‘De Braços Abertos’, que usa a estratégia de redução de danos, em que o dependente é incentivado a diminuir gradativamente o consumo, sem internação e com oferta de emprego e renda.

Logo, há a necessidade de uma guinada mais humanista nessa lógica de erguimento e desenvolvimento das cidades, cujo o centro seja a sua função social, a sustentabilidade e a gestão democrática, havendo delimitações mais coerentes sobre a ação das políticas públicas. Entendendo que as pessoas, em déficit de ações básicas e estruturais de serviços públicos de qualidade e efetivos, tendem buscar estímulos que ilusionem uma condição de bem-estar consigo e com a sociedade, após séries de descompromissos e portas fechadas, advindas das sistemáticas desigualdades sociais e do racismo estrutural.

Bibliografia:

• Hill, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a revolução inglesa de 1640 / Christopher Hill; tradução, apresentação e notas Renato Janine Ribeiro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

• Política de Habitacão Social e o Direito à Moradia no Brasil. Holz, S. Monteiro, T. Barcelona. 2008.

• Nobre, P. A Cidade e o Capital: um breve histórico da situação da classe operária. 2011.

• Funes, S. Regularização Fundiária na Cidade de Piracicaba – SP: Ações e Conflitos. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005.

• Ferreira, J. Produzir casas ou construir cidades? Desafios para um novo Brasil urbano. São Paulo: FUPAM, 2012.

• Cidade Luz: uma investigação no centro de São Paulo. São Paulo. Editora PI, 2008.

• A apropriação privada da cidade nos megaeventos | Revista IHU Online #445. Disponível em: . Acesso em: 19 de maio de 2016.

• Gestão Haddad muda estratégia e tenta afastar viciado da cracolândia - 18/03/2016 - Cotidiano - Folha de S.Paulo. Disponível

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