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Resenha Áxel Honneth

Por:   •  12/12/2018  •  3.229 Palavras (13 Páginas)  •  314 Visualizações

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Palavras-chave

Passo 2 – Leitura Aprofundada

- Qual é o tema principal do texto?

O tema central do texto é o reconhecimento. De forma mais específica, como devemos entender esses conflitos levando em consideração o tratamento que foi conferido ao termo “reconhecimento” ao longo da história do pensamento filosófico. Todo o texto é voltado à compreensão de que devemos enxergar os conflitos por distribuição material como parte dos conflitos por reconhecimento, operando como uma de suas várias dimensões.

- De que forma escreve o autor? Por que ele constrói sua argumentação dessa maneira?

A argumentação do autor é construída sobre a base da fundamentação teórica. Todas as suas proposições são fundamentadas na percepção de grandes autores dos séculos XVI a XIX sobre o reconhecimento ou sobre temas análogos cuja aplicação possa ser estendida para abarcar também o reconhecimento.

Ele divide o texto em quatro partes, que representam os quatro argumentos principais da tese que foi apresentada logo no início do artigo. Após desenvolver cada um desses argumentos, na última parte ele desenvolve a sua tese, com exemplos e propostas para aplica-la.

Essa construção argumentativa visa tornar o texto mais didático, e consequentemente, mais persuasivo, de forma que o leitor consiga entender o porquê de sua argumentação e consiga acompanhar o desenvolvimento do raciocínio.

- Contra quem o texto está sendo escrito?

Axel Honneth escreve esse texto com o intuito claro de se defender de críticas à sua teoria, como fica claro na última seção da obra. O autor rebate explicitamente e de maneira enfática três pensadores: Charles Taylor, Nancy Fraser e Karl Marx.

A referência a Nancy Fraser aparece logo no início do texto. Honneth afirma que Fraser apresenta uma “fórmula sucinta, quando se referiu a essa transição como uma passagem da ‘redistribuição’ para o ‘reconhecimento’”. Nessa parte, não fica clara uma discordância entre os autores. Ao contrário, Honneth utiliza-se dos conceitos de Nancy Fraser para introduzir uma nova visão sobre o mesmo tema. É na parte final do texto, no entanto, que a divergência fica clara. Honneth alega, sobre a teoria da filósofa americana, que ela acredita que políticas de redistribuição não têm espaço dentro da estrutura do reconhecimento. A teoria do autor alemão pressupõe justamente o contrário: que a redistribuição é uma das faces do reconhecimento, e que, superada a luta por reconhecimento, a distribuição realiza-se naturalmente.

Esse equívoco se dá, segundo Honneth, em decorrência de uma simplificação histórica elaborada por Fraser, que consiste em opor dois momentos distintos da história: o momento das lutas de redistribuição versus o momento das lutas por reconhecimento. Essa distinção é falaciosa na visão do autor. O que existem são nuanças entre esses dois aspectos, que se relacionam mutuamente e se sobrepõe um ao outro em alguns momentos.

O mesmo erro é apontado na crítica a Charles Taylor. De forma semelhante ao que foi dito por Nancy Fraser, Taylor concebe a chamada “política da identidade” como um fenômeno novo, oposto à “política da desigualdade”, que seria um fenômeno próprio do século XIX e início do século XX.

Finalmente, na breve menção feita a Karl Marx, o autor da Escola de Frankfurt reconhece que concorda com a visão marxista de que a distribuição material deve ser considerada como algo secundário e decorrente de um problema mais profundo. A crítica feita a Marx é direcionada ao uso de premissas “pouco elucidativas” e à concepção limitada da ideia de trabalho no sistema capitalista. Para Honneth, há outras formas de trabalho não assalariado que são importantes para a manutenção do sistema capitalista e que não foram consideradas por Marx em sua teoria. A compreensão dessas atividades como parte integrante do capitalismo seria fundamental para entender o porquê da dificuldade teórica em compreender a redistribuição como um aspecto do reconhecimento.

- De que forma o texto está dividido e por que o autor realiza a divisão dessa maneira?

O texto foi dividido em cinco partes. A primeira parte, introdutória, é reservada à apresentação do panorama histórico do assunto a ser tratado. São introduzidos conceitos de Nancy Fraser e Albert Hirschman, além de duas interpretações alternativas para o dilema distribuição-reconhecimento. O autor identifica aquela com a qual ele concorda e introduz sua tese: os conflitos de distribuição devem ser entendidos como lutas por reconhecimento.

A segunda parte se propõe a analisar como a filosofia utilizou o conceito de reconhecimento ao longo da história e como esse processo foi importante para concretizar a notoriedade do termo. Para isso, o autor revisa os conceitos de Hobbes, Rousseau, Kant e Hegel, que será o eixo principal da próxima parte. Em seguida, é feita uma breve análise das implicações do conceito de reconhecimento.

A terceira parte busca fundamentar a tese do autor a partir da filosofia social de Hegel, e do conceito de reconhecimento recíproco. Nessa seção, é analisada a influência do reconhecimento recíproco na formação da autoconsciência dos indivíduos e, de forma mais aprofundada, no progresso ético de uma sociedade. Essa seção é de vital importância para fundamentar a opinião do autor, pois a partir dessas conclusões ele conclui que, partindo de uma concepção mais abrangente do reconhecimento, podemos explicar fenômenos muito além da identidade dos grupos.

A quarta parte introduz uma diferenciação entre os três tipos de reconhecimento e os tipos de injúria/desrespeito que cada um deles pode sofrer. Estabelece também uma relação entre eles: à medida que se conquista reconhecimento nas esferas mais limitadas, a luta se abre para a busca do reconhecimento em esferas cada vez maiores.

A quinta parte é dedicada à crítica a outros autores, e à conclusão de sua tese. Assim, propõe uma mudança conceitual da ideia de trabalho, para facilitar a compreensão da distribuição como um elemento do reconhecimento.

O que podemos perceber sobre a estruturação do texto é que o autor procura introduzir a tese de maneira breve logo na parte inicial. Feita essa introdução, passa para a parte da fundamentação filosófica, na qual os conceitos mais importantes, como reconhecimento, são localizados

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