Filosofia Geral e do Direito
Por: Evandro.2016 • 18/11/2018 • 5.189 Palavras (21 Páginas) • 369 Visualizações
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Mas em 1926, Hannah não suporta viver em tais condições e decide mudar de Universidade, indo para Universidade Albert Ludwig de Freiburg. Hannah obteve sua graduação no ano de 1928, com a tese “O Conceito de Amor em Santo Agostinho”, onde mais tarde acabou realizando mais alguns trabalhos sobre Santo Agostinho.
Um ano após, em 1929, Hannah Arendt, reecontraGunther Stern, onde conheceu em Universidade de Marburg, e acabou se mudando para viver com ele, o que para a época não foi bem visto pela sociedade, neste mesmo ano Hannah Arendt e Gunther Stern, se casaram. O casal passou um ano em Frankfurt, onde Hannah escreveria para o Jornal local, “FrankfurterZeitung” e participava de alguns seminários, e ainda assim, matinha foco nos estudos.
Após Ghunter Stern, sofrer alguns problemas em seu trabalho, o casal voltou a morar em Berlim, e lá, Arendt, não parou com seus estudos, começou a elaborar mais teses, e recebeu uma avaliação positiva sobre a mesma, e após essa avaliação, ela conseguiu uma bolsa de estudos na Notgemeinschaft der DeutschenWissenschaft (Associação de ajuda para a ciência alemã).
Hannah Arendt possuía cada vez mais interesse por questões políticas, passou a analisar a exclusão dos judeus, com base no conceito de “pária”, a este termo, Hannah opôs o termo “arrivista” (pessoas que buscam êxito em tudo, a qualquer custo).
1932 foi um ano de grandes conquistas para Arendt, publicando na revista História dos Judeus na Alemanha, o artigo “O Iluminismo e a Questão Judaica”, onde expôs suas ideias sobre a independência do judaísmo. Ainda escreveu a crítica do livro “O Problema da Mulher na Atualidade”, onde comenta a emancipação da mulher na vida pública, mas também aborda as limitações, tanto no pessoal quanto no profissional, trazendo uma análise de como a mulher sofre na sociedade.
Ainda em 1932, Arendt começou a pensar na emigração, mas ainda permaneceu na Alemanha, pois seu marido emigrou para Paris. Arendt foi de grande importância para os refugiados, pois sua casa serviu de trânsito para eles. Em julho de 1933 ela foi presa durante oito dias. Neste mesmo ano, Arendt, por ser judia, foi proibidade defender uma tese, a qual lhe daria direito à docência nas Universidades Alemãs. Logo após a França ser ocupada pelos Alemães, Arendt foi presa e ficou internada em um campo de concentração, onde conseguiu escapar em 1941 e partiu para os Estados Unidos.
Em 1963 Hannah Arendt foi contratada pela Universidade de Chicago como professora, onde lecionou até 1967, ano que se mudou para Nova Iorque, onde passou a lecionar na New School for Social Research, onde lecionou até o ano de sua morte, em 1975.
Seu primeiro livro, “O Conceito do Amor em Santo Agostinho: Ensaio de Uma Interpretação Filosófica” é acerca de sua tese, que foi editada em 1929 em Berlim. Em 1951, Arendt, publica “As Origens do Totalitarismo”, trazendo a explicação de como o totalitarismo depende da propagação do terror e da manipulação da sociedade. Em 1957 publica “A Condição Humana”, obra que se compreende uma tripartição de atividades humanas fundamentais: labor (atividade do corpo humano), trabalho (produção) e ação (atividades exercidas pelos homens). Em 1963, faz uma publicação Sobre a Revolução, fazendo uma análise sobre a revolução francesa e a americana. Neste mesmo ano, lança cinco artigos que escreveu.
Hannah Arendt faleceu em 04 de dezembro de 1975, e o local de sua sepultura fica em BardCollege, Annandale-on-Hudson, Nova Iorque, nos Estados Unidos.
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2 CONTRIBUIÇÕES PARA O DIREITO
2.1 A Questão Social sob a visão da autora
Um dos assuntos abordados por Hannah Arendt é o da questão social. Para ela, os temas sobre questões culturais, imaginários, etc, inseridos na esfera social, estão erroneamente entendidos como “esfera do artifício, construção humano-cultural, em contraposição à natural” (ARENDT apud AGUIAR, 2004). Sobre o assunto, ressalta, ainda, Odilio Alves Aguiar:
A concepção arendtiana questiona o senso comum teórico que confunde o social com o artifício, a cultura humana no sentido alargado e, principalmente, com o político, uma confusão antiga e que ainda hoje ressoa na atual luta pelo social em contraposição ao econômico. Em Arendt, social e econômico são a mesma coisa, um não existe sem o outro. (AGUIAR, 2004, p. 02).
Para Arendt, a esfera social é um composto da esfera privada e da pública. Com o crescimento do social, as atividades privadas passaram a ter relevância na esfera pública e o que era específico do público, passa a ter importância no privativo. Esse crescimento do social se deu com o surgimento das sociedades de massa, onde os homens fazem a função de base para o ciclo vital e a partir disso se tornou possível o seu controle, aumentando a capacidade humana de agir e transformar.
Portanto, para Arendt, citada por Aguiar (2004, p. 07) o social é
a forma de vida que surgiu com a modernidade e na qual resultam privilegiadas a socialização e a funcionalização das atividades humanas, uma vez que o biológico priorizado impõe uma forma de organização dos homens em que eles não passam de meros meios, funções, para realização do progresso e, assim, como tais, como seres singulares, se tornam supérfluos. [...] Isso significa o fim da liberdade para agir, começar algo novo, fundar comunidades, e o cerceamento da dimensão espiritual, da capacidade de descondicionamento inerente ao exercício da faculdade de pensar.
O problema, para Arendt, não é com o social em si, mas sim com o fato de sua solução como propósito político gerar a própria exclusão da política. Assim, a política transformou-se em uma mera função da sociedade e a liberdade desta “requer e justifica a limitação da autoridade política. A liberdade situa-se na esfera social, e a força e a violência tornam-se monopólio do governo” (ARENDT, 2007, p. 37).
A esfera social obteve legitimidade para indagar qualquer lei ou instituição que não priorizasse a sua necessidade e urgência. O sentimento, com a questão social, torna-se mais significativo do que a opinião na esfera política. A escolha de sentir piedade da humanidade sofredora converteu-se em uma virtude política, e esta piedade, para Arendt, é a perversão da solidariedade.
Hannah Arendt é a favor da grandeza humana e não contra o social.
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