Desafios e perspectivas da permanência do jovem no campo: um estudo de caso no projeto de Assentamento Grande
Por: eduardamaia17 • 18/10/2018 • 7.393 Palavras (30 Páginas) • 428 Visualizações
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INTRODUÇÃO
A reprodução camponesa é necessária no contexto social, visto que a agricultura familiar é uma das principais responsáveis pela produção de alimentos. Contudo, a ausência de politicas públicas eficazes que proporcione aos jovens melhores condições de vida e permita aos mesmos darem continuidade as atividades agropecuárias da família aliada a aproximação campo-cidade, através da modernização, traz novos hábitos e modos de vida que atrai a juventude cada vez mais para o mundo urbano, resultando no êxodo rural e acabando com as perspectivas da permanência da juventude no campo.
Segundo Abramovay e Camarano (1998), nas últimas décadas ocorreu no Brasil um intenso esvaziamento no campo, principalmente de jovens em busca de melhores oportunidades de trabalho, com predominância da migração feminina para os centros urbanos.
A falta de renda, a falta de acesso à educação e tecnologia, cultura e ate de lazer vem intensificando o processo de migração da juventude do campo. Essa realidade de migração vem acarretando o envelhecimento da população e a diminuição da produção camponesa, assim como a desestruturação das famílias, que aos poucos perdem suas raízes e seus valores.
Os atrativos da cidade são inúmeros, colocando os jovens em constante conflito entre os seus valores sociais e culturais. A proximidade entre o campo e a cidade tem provocado mudanças no modo de vida desses jovens, pois a cultura urbana capitalista influência nos hábitos e modos de vida. Acresce, às condições socioeconômicas e culturais da família, às demandas pela ampliação do capital escolar, o acesso e à permanência dos filhos no ensino superior, às trajetórias entre campo e cidade e às perspectivas sócio - profissionais dos jovens.
O histórico de ausência de políticas públicas no Brasil, da dificuldade e insuficiência aos serviços de saúde e educação de boa qualidade, bem como o acesso ao lazer tem reduzido à vontade dos jovens permanecerem vivendo no campo. Assim os jovens que tem o interesse de permanecer no campo e capacitar-se profissionalmente na área rural encontram grandes desafios como à falta de iniciativas, de motivação e de oportunidade.
Assim, ressalta-se a necessidade de políticas de desenvolvimento para a juventude, não só para a agricultura rural, mas para outras atividades que valorize a biodiversidade existente no meio rural e aumente as chances de realização pessoal e profissional dos jovens sucessores.
A juventude está em cena e diariamente luta contra o processo de exclusão social sofrido historicamente por este segmento. É nesse sentido que o presente trabalho tem como objetivo entender quais os maiores desafios que essa categoria enfrenta. Para isso foi realizada em um primeiro momento uma pesquisa bibliográfica sobre os debates sobre juventude e sobre de juventude rural, trabalhando seus conceitos e faixas etárias. Em seguida traz uma das principais questões associadas a juventude do campo, qual seja, o problema da migração para as cidades.
Em seguida foi realizada uma breve contextualização e resgate das políticas de juventude no Brasil, relatando a trajetória dessas políticas e sua situação no momento atual. Foi realizada também uma análise sobre as politicas públicas para a juventude do campo no Brasil e em Goiás, observando se os jovens rurais tem acesso às politicas públicas já existentes.
Em ultimo momento foi realizado uma entrevista semiestruturada com cinco jovens do P.A Lagoa Grande para ouvir dos mesmos quais as dificuldade que eles encontram para permanecer no campo e quais são suas expectativas de melhores condições de vida.
O referencial teórico utilizado foi autores como Groppo (2000), Strapassolas (2002), Castro et al (2009), Redim (2001), Sposito e Carrano (2003), entre outros.
A metodologia do estudo foi fundamentalmente bibliográfica e circunscrita à produção acadêmica disponível na internet, baseado na análise de resumos de teses, dissertações, artigos e livros publicados em revistas ou anais de congressos científicos de diferentes áreas disponíveis em várias fontes.
A pesquisa foi realizada no Projeto de Assentamento Lagoa Grande Zona Rural do município de Heitoraí, Estado de Goiás. O assentamento tem mais de 15 anos de existência e ao longo do tempo foram vários os jovens que saíram de lá para irem para a cidade.
Inicialmente, no mês de novembro de 2013, foi realizado um diagnostico para conhecer melhor a comunidade como um todo. A pesquisa de campo foi realizada no mês de novembro de 2014, sendo o mês de dezembro de 2014 e janeiro de 2015 para a análise dos dados colhidos.
1. O conceito de Juventude
Cada vez mais pesquisadores e profissionais de varias áreas tem demostrado preocupação com o tema juventude, visto que apontam questões de âmbito econômico, sociocultural e educacional.
No Brasil, pode-se falar em um campo temático sobre juventude que se torna mais evidente a partir dos anos 1990, e que reproduz o debate mais amplo nas Ciências Sociais. (Castro e et al, 2009, p. 41)
Para os autores Kummer e Colognese (2013, p. 201), os estudos sobre juventude ocupam um espaço significativo na pesquisa brasileira. “Entretanto, não abarcam de maneira efetiva toda a complexidade da realidade a que esta categoria esta relacionada”.
Apesar de ter vários estudiosos sobre o tema, ainda encontramos divergências e contradições sobre o conceito de juventude, pois alguns autores utilizam o conceito como categoria social, outros usam o critério idade fundamentando-se em indicadores demográficos, e ha ainda aqueles que afirmam que não existe ainda um conceito formado sobre o que é juventude.
Para Pierre Bourdieu (1983), em seu artigo “A juventude é apenas uma palavra”, a noção de juventude é uma construção dos adultos, para sobre ela, exercer controle social, estabelecendo assim uma divisão de poder. O autor afirma que “(...) a juventude e a velhice não são dados, mas construídos socialmente, na luta entre jovens e velhos. As relações entre idade social e idade biológica são muito complexas”. (1983, pg. 02).
Para o autor a separação entre jovens e velhos seria uma forma de manter uma ordem que coloca cada um no seu lugar, respeitando limites sociais invisíveis.
Para Xavier (2009, pg. 21) considera-se
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