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CONTRIBUIÇÃO DOS SOFISTAS PARA FILOSOFIA E O DIREITO

Por:   •  8/3/2018  •  5.632 Palavras (23 Páginas)  •  330 Visualizações

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Atacados por Platão, Aristóteles e alguns outros filósofos, o termo que originalmente significaria “sábios” ganhou fama pejorativa, um sentido de desonestidade intelectual, falsos sábios, ilusionistas, interesseiros...

“Esmaguem os fanáticos e os patifes, suas insípidas declarações, os miseráveis sofismas, a história mentirosa... o amontoado de absurdos! Não permitamos que os possuidores de inteligência sejam dominados pelos que não a tem - e a geração vindoura nos deverá a razão e a liberdade”. (Voltaire, iluminista francês escritor e filósofo, inflamando as massas contra os sofistas defensores dos regimes totalitários, e da Igreja, no fim da idade média).

Portadores de uma eloquência incomum, porém, suas técnicas nada mais eram do que uma forma de persuadir seja por meio da emoção, por meios de falácias, entre outros. Além de serem oradores ardilosos, para eles era fácil convencer conforme seus interesses, articulando conforme as necessidades do debate, para convencer e derrotar seu oponente.

Devido à habilidade que possuíam de defender de forma igual duas teses diferentes mesmo sendo opostas, independente de qual fosse verdadeira ou falsa, foram desprezados por filósofos. Só ensinavam a quem pudesse pagá-los, dizendo serem portadores de um saber universal.

- Características comuns dos sofistas

O termo “sofista” não corresponde, portanto, a uma escola filosófica e sim a uma prática. Mesmo assim, podemos elencar algumas caracterizações comuns aos sofistas:

a) Oposição entre natureza (phýsis) e cultura (nómos): podemos dizer que a maior parte dos sofistas tinha seu interesse filosófico concentrado nos problemas do homem e da natureza. Isso significa que aquilo que é dado por natureza não pode ser mudado, como por exemplo a necessidade que os homens têm de se alimentar. O que é dado por cultura pode ser mudado, outro exemplo, aquilo que os homens escolhem como alimento. Ou seja, todos nós precisamos da alimentação para continuarmos vivos, mas na China, a carne dos cães pode fazer parte do cardápio e, na Índia, o homem não pode se alimentar da carne bovina, pois a vaca é considerada um animal sagrado.

b) Relativismo. Para os sofistas, tudo o que se refere à vida prática, como a religião e a política, era considerado fatores culturais, logo podiam ser modificados. Dessa forma, colocavam as normas e hábitos em dúvida quanto à sua pertinência e legitimidade. Como eles eram relativistas, suas questões podiam ser levadas para o seguinte sentido: as leis estabelecidas são pertinentes para essa cidade ou precisam ser mudadas?

c) A existência dos deuses. Para os sofistas, é mais provável que os deuses não existam, mas eles não rejeitam completamente a existência, como Platão, por exemplo. Portanto, eles são mais próximos do agnosticismo do que do ateísmo. A diferença entre os sofistas e aqueles que acreditavam nos deuses – e a educação grega esteve, no início, ligada à existência e interferência dos deuses nos destinos da humanidade – é que eles preferiam não se pronunciar a respeito. Mas, se os deuses existissem, eles não teriam formas e pensamentos humanos.

d) A natureza da alma. A definição de alma para os sofistas é de uma natureza passiva e podia ser modelada pelo conhecimento que vem do exterior. Isso é muito importante para a prática que eles exerciam, pois, se as pessoas possuem almas passivas, elas podem ser convencidas de qualquer discurso proferido de forma encantadora. Por isso, era preciso lapidar a técnica a fim de levar as pessoas a pensarem de um modo que favoreça o orador, ou seja, aquele que está falando para o público. A resistência que alguma pessoa oferece a algo que é dito não seria proveniente da capacidade de refletir ou questionar e sim era decorrência da inabilidade discursiva do orador.

E). Rejeitam questões metafísicas. Os sofistas estavam bastante empenhados em resolver questões da vida prática da polis. Aquilo que contribuiria para uma vida melhor com os outros ou para atender às necessidades imediatas era o centro de suas preocupações. Por concentrarem seus esforços para pensar naquilo que consideravam útil, questões como a origem dos seres, a vida após a morte e a existência dos deuses, ou seja, questões de ordem metafísica, eram rejeitadas.

f) A habilidade de argumentar, mesmo se as teses fossem contraditórias, também era um de seus fundamentos. Apesar da dura crítica feita a eles, o trabalho dos sofistas respondia a uma necessidade da época: com o desenvolvimento e a consolidação da democracia na Atenas do século V a.C., era imprescindível desenvolver a habilidade de argumentar em público, defender suas próprias ideias e convencer a maior parte da assembleia a concordar com aquilo que os beneficiaria individualmente.

g) Antilógica. Uma estratégia de ensino comum aos sofistas era ensinar os jovens a defenderem uma posição para, em seguida, defenderem seu oposto. Essa técnica argumentativa foi chamada de ontológica e foi criticada por Platão e Aristóteles por corromper os jovens com a prática da mentira. Historiadores contemporâneos, no entanto, consideram essa técnica como uma atividade característica do espírito democrático por respeitar a existência de opiniões diferentes (cf. CHAUÍ, Marilena).

- Principais Sofistas

São famigerados e numerosos os sofistas que operaram na Grécia antiga, em especial em Atenas, na qual a cultura floresceu com mais evidência. Híppias, Pródico, Antístenes, Trasímaco são apenas alguns protótipos históricos destes que inventaram um certo modo de viver numa política que pressupunha a isonomia (leis iguais para todos os cidadãos). No entanto, podemos distinguir especialmente dois dos maiores sofistas de todos os tempos: Górgias e Protágoras.

Protágoras é renomado como o primeiro sofista. Sua fama se estendia por todas as colônias e era um homem culto e bem-sucedido. Aliás, a estima do público, a vaidade e o reconhecimento era algo de que todos os sofistas se valiam, pois, para eles o que importa é o momento e jamais o que se tem depois de morto. Questões espirituais eram rejeitadas, fazendo assim com que houvesse algumas acusações de impiedade, das quais o próprio Protágoras conseguiu escapar.

Este sobressaído orador vivia uma forma de completo subjetivismo relativista. Sua máxima “o homem é a medida de todas as coisas” mostra bem o modo de pensar das diferentes pessoas. Isto quer dizer que cada ser, pensa, deseja e busca algo para si, de tal forma única que impossibilita que exista uma verdade absoluta.

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