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O ELEMENTOS DE APOIO AO TEXTO

Por:   •  29/11/2018  •  2.587 Palavras (11 Páginas)  •  360 Visualizações

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saber viver.

2 DESENVOLVIMENTO

As perspectivas abertas pelos movimentos sociais baseados em rede parecem promissoras. Uma nova cartografia política tem sido ali desenhada a partir da ativação de uma sociabilidade crítica calcada no julgamento. Agora, surpreendentemente o sujeito tornou-se o produtor da informação que percorre a rede acompanhada de julgamentos que instigam o ativismo social porque elevam os níveis de consciência geral. O sentimento de finalmente ter descoberto como se fazer voz, junto com uma indignação generalizada engolida por tanto tempo, fez com que toda uma legião saísse da internet. De fato, é cedo demais para se explicar o que realmente levou a uma onda tão grande de manifestações no Brasil (por mais que a causa principal tenha sido a revogação do aumento da passagem dos transportes públicos), mas podemos nesse finalmente sentimento de descoberta de como se impor, o que já tentávamos sem sucesso pela internet. A empolgação que antes era vista como algo inútil quando nas redes sociais, agora toma a sua relevância, levando em conta sua influência em manter a motivação entre os manifestantes. Hashtags como#BrasilAcordou ou #OGiganteAcordou não são exatamente protestos, mas gritos de guerra para manter o povo unido mesmo na esfera virtual. Com isso, além de manter o ânimo daqueles que já aderiram à causa, os manifestantes acabam conquistando um público maior e, consequentemente, expandir os protestos nas ruas. Tivemos pela primeira vez nessa geração um momento tão crítico em relação à mídia. As informações circuladas foram em sua maioria vídeos gravados nas ruas e relatos daqueles que estavam presentes nas manifestações, resultado de uma forte desconfiança pelo o que se é passado pela TV, pelos rádios ou pelos jornais nas bancas. Além de ser um amplo meio de comunicação entre os membros do movimento e proporcionar um amplo espaço para veículo de informações originadas pelos próprios manifestantes, a internet está sendo o meio onde, por interesse da maioria, assuntos importantes estão voltando a ser discutidos. Eu diria que esta é uma das nossas melhores armas.

No passado e no presente, moradores das cidades brasileiras lutam por: acesso ao solo para moradia; infraestrutura urbana e social, ou seja: água, saneamento, drenagem, pavimentação, áreas ambientais, espaços de lazer, encontro e celebração, educação, saúde, transporte público. Além disso, o direito dos cidadãos participarem da definição dos investimentos e prioridades da cidade. Também lutas por afirmação de identidades e contra opressões raciais, sexuais, geracionais. Nos últimos anos, esse consciente coletivo questionador já estava presente nas mídias sociais através do ciberativismo de diferentes pessoas e grupos. Porém, pessoas de diferentes classes sociais, que há mais de trinta anos criticavam os buracos de nossas estradas, os médicos e professores sem salários, as crianças sem estudo e o baixo respeito que temos recebido de nossos representantes no Congresso Nacional, decidiram protestar de uma só vez numa mesma onda todos os sofrimentos, reclamações e dificuldades sociais que nos castigam. Socialmente, as mídias sociais desceram para o asfalto, assim como uma postagem, cada um grita o que pensa e dá a sua livre contribuição para construirmos uma obra maior, uma nação.

“Nenhuma revolução social pode triunfar se não for precedida de uma revolução nas mentes e corações do povo.” A revolução do sujeito é a mais necessária de todas. Eis-nos, portanto, diante dos novos sujeitos dos movimentos sociais baseados em rede, aqueles capazes de lutar com mesmo vigor, tanto para a qualidade da sua vida pessoal, quanto pela da vida coletiva através da expressão de desejos que abundam em repetições e ecos inteligíveis. O meu desejo é também o seu desejo. E juntos nosso desejo é mais vida, mais direitos e liberdades. Este ganho é revolucionário porque transformador e irreversível. Ninguém mais poderá calar a voz do povo, não neste tempo regido pelo novo paradigma tecnológico. “Chegou o tempo de temer o poder do povo”. Conforme ( PIOTR KROPOTKIN)

Promovidas inicialmente pelo Movimento Passe Livres, as marchas foram iniciadas devido ao aumento abusivo nos transportes, mas imediatamente tomaram outro foco: lutar contra a corrupção e a inflação excessiva nos serviços públicos em detrimento dos altos impostos pagos e da péssima qualidade dos mesmos. Assistimos no momento a uma reação social, não só da juventude, mas da sociedade brasileira a questões ainda pouco claras. Aumento na tarifa dos ônibus, obras da Copa do Mundo, somados a outros fatores de fundo e estruturais envolvendo áreas de responsabilidade do Estado, têm levado milhares às ruas no país todo. Por muito tempo se manteve a ideia de conformismo pairando sobre a população brasileira. E isso se mantém essencial para a organização dos manifestos: as convocações são publicadas online e rapidamente viralizam por toda a rede. A ocultação de informações, restringindo-as apenas aos manifestantes, não existe mais, porém a força com que o manifesto toma ao serem agilmente compartilhadas as informações é uma vantagem grandiosa ao movimento. Tamanha a importância que esses eventos online tomaram que a própria mídia e o governo passaram a se basear neles para a formação de estatísticas e estipulação de dados em relação a futuros manifestos. Precisamos entender a história recente da sociedade brasileira. Nos últimos 30 anos, o Brasil reconstruiu sua democracia, suas entidades de classe, sindicatos e partidos de novo tipo, como o Partido dos Trabalhadores. A esperança por um Brasil melhor foi acalentada ano após ano e a polarização entre o velho regime – a ditadura militar e seus representantes – e o Novo Brasil – sindicatos e partidos dos trabalhadores do campo e da cidade, estudantes, artistas, classe média – foi constante. Seja nas manifestações das Diretas Já, na Constituinte (onde houve grande diversidade de reivindicações, como agora), no impeachment do Collor, no governo do FHC, que nitidamente foi para “o lado de lá”, o povo do Novo Brasil sempre se manifestou nas ruas e agiu politicamente com coerência no Congresso Nacional.

“Em que idéias fundamentais se vão basear as sociedades que sucederão a nossa? Por enquanto, não o podemos saber. Mas podemos prever que terão que contar com um novo poder – último poder soberano da idade moderna: o poder das multidões. [...] No momento em que as nossas antigas crenças vacilam e desaparece em que os velhos pilares das sociedades desabam, a ação das multidões é a única força que não está ameaçada

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