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Economia Relações Internacionais

Por:   •  26/2/2018  •  3.310 Palavras (14 Páginas)  •  256 Visualizações

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Os objetivos eram claros: reduzir o desemprego e estimular o crescimento. Isso fazia com que as economias se mantivessem baseadas em altas pressões de demanda. Em função disso, o uso de políticas deflacionárias – como ocorria no antigo padrão ouro – eram dispensadas e mudanças na taxa de cambio ocorriam apenas em momentos de crise. A partir de 1944, com Bretton Woods, notou-se que o controle de capitais era um ajuste que preenchia o sistema. Através desse ajuste, em períodos de restrição econômica externa, a demanda era eliminada por meio de importação.

Segundo Helleiner, o ano de 1931 é marcado pelo rompimento com a tradição liberal nas relações financeiras, além de significar o colapso do mercado de capital internacional e o abandono do padrão ouro internacional. Antes, os governos usavam o controle de capitais para atingir certos objetivos relacionados a sua política externa. Agora, esse controle se tornou permanente e utilizado em estratégias econômicas. (HELLERINER, 1963,p 27). Dessa maneira, Bretton Woods surge como um acordo no qual o controle de capitais não eram apenas permitidos, mas também encorajados e apoiados pelos governos. De acordo com Carvalho (2004, p.51):

“Tratava-se de criar regras e instituições formais de ordenação de um sistema monetário internacional capaz de superar as enormes limitações que os sistemas então conhecidos, o padrão-ouro e o sistema de desvalorizações cambiais competitivas, haviam imposto não apenas ao comércio internacional, mas também à própria operação das economias domésticas.”

Antes do final Segunda Guerra, o departamento de tesouro dos Estados Unidos e da Inglaterra planejavam a constituição de uma nova ordem econômica mundial, para que assim, não houvesse mais guerras. Eles queriam criar um sistema internacional, no qual os problemas que paralisaram o capitalismo na Grande Depressão - como a taxa de câmbio flutuante e desvalorização monetária – e que gerar a guerra, não ocorressem mais.

“Para evitar a repetição do desastre era necessário, antes de tudo, constituir uma ordem econômica internacional capaz de alentar o desenvolvimento, sem obstáculos, do comércio entre as nações, dentro de regras monetárias que garantissem a confiança na moeda-reserva, o ajustamento não-deflacionário do balanço de pagamentos e o abastecimento de liquidez requeridos pelas transações em expansão. Tratava-se, portanto, de erigir um ambiente econômico internacional destinado a propiciar um amplo raio de manobra para as políticas nacionais de desenvolvimento, industrialização e progresso social.” (Belluzzo, 1995, p.12)

Além do mais, os Estados Unidos tinham como objetivo deslocar o centro financeiro que estava localizado em Londres, para os Estados Unidos. Os americanos estavam em busca de uma ordem econômica que pudesse penetrar em mercados que antes estavam fechados e assim abrir novas possibilidades para o investimento estrangeiro.

Dessa forma, em Julho de 1944, os países se reuniram, em Bretton Woods, para a criação de um novo padrão monetário. Durante as discussões em Bretton Woods, distinguiam-se claramente a existência de duas propostas de reformulação econômicas distintas em jogo: uma proposta inglesa, formulada pelo economista John M. Keynes e a outra apresentada pelos Estados Unidos, formulada por Dexter White.

Para Keynes, deveria ser instaurada a possibilidade de uma regulamentação comercial e também a adoção da livre taxa de câmbio, além da criação de uma instituição internacional responsável por financiar os países com balança comercial deficitária. White por sua vez, defendia a adoção de taxas de câmbio fixas, porém, ajustáveis, se aprovadas por uma determinada instituição internacional que seria criada. Entretanto, White também propunha a livre mobilidade de capitais.

“A diferença entre os planos de Keynes e de White estava nas obrigações que eles impunham aos países credores na flexibilidade das taxas de câmbio e na mobilidade do capital por eles admitidas. ” (EICHENGREEN, 2000, pp. 135).

Podemos dizer que Bretton Woods tornou-se um meio termo das propostas apresentadas por Keynes e White, pois o sistema monetário criado foi caracterizado por controle de capitais, existência do câmbio fixo, mas ajustáveis de acordo com instituições, e também a criação de instituições voltadas a auxiliar países deficitários e em reconstrução. O medo da iminência de uma nova crise internacional fez com que muitos Estados adotassem medidas regulamentárias para o sistema monetário. Entretanto, essa regulamentação da mobilidade de capitais não poderia ser extremamente intensa, pois assim poderia interferir nas atividades comerciais que são uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento econômico. Por isso, essa regulamentação era dada apenas para evitar desequilíbrios econômicos e principalmente evitar a especulação financeira.

Mesmo assim, apesar do que foi acordado em Bretton Woods, eram raros os casos em que os países respeitavam o acordo quanto à manutenção das taxas de câmbio fixas através do controle de capitais. Isso acontecia, pois, os países, muitas vezes encontravam-se sem divisas e ficavam temerosos em abrir sua economia à produtos provenientes da região do dólar.

Apesar de Keyness e White terem visões diferentes sobre como deveria ser organizado a economia internacional, havia um ponto o qual ambos concordavam: o controle de capitais. Eles defendiam a adoção do controle de capitais para resolver as crises dos balanços de pagamentos dos países causadas pela fuga de capitais. Eles tinham em vista um sistema internacional no qual os países tivessem uma maior autônima sobre suas políticas econômicas, ou seja, um maior controle em relação a entrada e saída de capitais.

Eles argumentavam que o movimento de capital internacional não poderia ser um obstáculo à autonomia política e a intervenção do Estado. Segundo Helleiner, “their key concern was to protect the new national macroeconomic planning measures that been developed in the 1930s.”(HELLEINER, Eric. States and the Reemergence of Global Finance. Cornell University Press, Londres, 1963). White acreditava que a partir do momento que houvesse o controle de capitais, cada Estado teria um maior controle sobre as políticas fiscais e monetárias, evitando assim, que ocorresse a fuga de capitais. Keyness afirmava que não era anormal a fuga de capitais, uma vez que isso era motivado pela especulação, devido as diferentes taxas de juros entre países. Segundo Helleiner,

“He (Keyness) worried that a country with current account deficit that attempted to maintain interest

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