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EPICURO E SUA FILOSOFIA EM RELAÇÃO A ÉTICA, O PRAZER E A FELICIDADE.

Por:   •  24/4/2018  •  2.243 Palavras (9 Páginas)  •  547 Visualizações

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Dizia que era um dever do homem tornar a vida presente a melhor possível. E a melhor espécie de vida era a vida de prazer - não de prazer turbulento, mas de prazer refinado. Cultivar a felicidade da vida simples. Aprender a gozar do pouco que tendes e evitar os excitamentos de ambicionar mais.

Cultivar um tranquilo senso de humor, aprender a sorrir diante das loucas ambições dos amigos. Aprender também a auxiliá-los nas suas necessidades. Desenvolver o talento de adquirir amigos. Não podeis ser mais felizes do que partilhar vossa felicidade com vossos amigos. De todos os prazeres do mundo, o maior e o mais duradouro é a amizade.

Em seus jardins todos podiam ter acesso, desde escravos a nobreza, uma vez que o entendimento era de que a única condição para ser feliz seria estar vivo e não a quantidade de bens, títulos ou posição.

Diferente de seus antecessores, que tinham no cidadão o modelo de conduta, Epicuro, em sua doutrina, propunha ao homem a valorização da simplicidade, sem os apegos à riqueza ou à vida pública. Para alcançar essa felicidade e a tranquilidade o homem só precisa de si mesmo; não lhe serviam, portanto, a cidade, as instituições, a nobreza, as riquezas todas, nem mesmo os deuses: o homem é perfeitamente autárquico (REALE, 1994)

A filosofia de Epicuro encontrou outros instrumentos para o homem alcançar a felicidade, além do afastamento de seus discípulos do Estado. O ponto de partida de sua doutrina é a substituição das crenças pela correta compreensão da natureza das coisas, especialmente da natureza e do próprio homem. Desse modo, compreendeu que o prazer sereno, como bem supremo, sustenta-se no conhecimento verdadeiro, na ciência da natureza. Nesse sentido, o epicurismo entendeu por lógica uma crítica do conhecimento, objetivando determinar os critérios que permitissem separar o verdadeiro do falso, eliminando as opiniões errôneas e buscando os fundamentos para uma vida feliz e serena (PESSANHA,2007).

4. O VERDADEIRO PRAZER

Como pensar em prazer depois de todos estes conceitos apresentados por Epicuro quanto a obtenção da verdadeira felicidade, os quais nos remetem sempre ao equilíbrio, moderação. Uma vez que sempre que nos remetemos a prazer pensamos em extremos, se torna difícil tal união entre tais conceitos apresentados por Epicuro.

De acordo com filosofia epicurista, o prazer máximo encontra-se na imperturbabilidade da alma, ou seja, ausência de perturbação. Para Epicuro o prazer não se remetia a sentimentos vulgares, extremos emocionais, mas a ausência de dor, sofrimento.

Este sistema filosófico propõe a obtenção, busca por prazeres moderados de forma a atingir um estado de libertação do medo, ausência do sofrimento corporal e tranquilidade, uma vez que se entende que quando os desejos são exaltados e exacerbados, podem causar perturbações constantes. Tal perturbação e exaltação das emoções, segundo Epicuro impediria o alcance da verdadeira felicidade, que só pode ser alcançada por meio da saúde do corpo e serenidade do espírito

Prazer para nós significa: não ter dores no âmbito físico, e não sentir falta de serenidade no âmbito da alma. Pois uma vida cheia de ventura não é formada por uma sequência infinita de bebedeiras e banquetes, pelo gozo de belos mancebos ou de lindas mulheres, nem tampouco pelo saborear de deliciosos peixes ou de tudo aquilo que uma mesa cheia de guloseimas possa oferecer; mas, pelo contrário, somente pelo pensamento claro, que alcança a raiz de todos os desejos e de tudo o que se deve evitar e que afugenta a ilusão que abala a alma como se fora um tufão (EPICURO, 2006, p. 42)

Como o ser humano pode alcançar tal estado de imperturbabilidade? Segundo Epicuro, fazendo uso de Quatro Remédios (tetrapharmakon), comentados na Carta sobre a felicidade quais sejam:

- Não é preciso temer os deuses.

"Ímpio não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos do povo a respeito dos deuses não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença de que eles causam os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons" (EPICURO, 1997, p. 25).

- Não é preciso se preocupar com a morte.

"Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade" (EPICURO, 1997, p. 27).

- É fácil alcançar o bem.

"...em razão dele [o prazer] praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor" (EPICURO, 1997, p. 35)

- É fácil suportar o que nos amedronta.

“Medita, pois, todas essas coisas e muitas outras a elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, quer acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens” (EPICURO, 1997, p. 51).

No epicurismo a busca não é o prazer imediato, vulgar, com intensidade excessiva, mas sim a busca pelo prazer refletido, avaliado pela razão, escolhido sabiamente e com prudência.

O verdadeiro prazer não é positivo, mas negativo, consistindo na ausência do sofrimento, na quietude, na apatia, na insensibilidade, no sono, e na morte.

Epicuro classificou os prazeres em três tipos, ou seja, os naturais e necessários, naturais e não necessários e os não necessários.

O primeiro tipo nos remete as condições básicas de sobrevivência, ou seja, cuidado do corpo, saúde, bem-estar físico, mental e espiritual. Já o segundo tipo trata de privilégios e gostos que muitas vezes o ser humano se permite a fim de atender desejos, como por exemplo se dar o prazer de comer e beber bebidas refinadas. Neste segundo caso a consideração é quanto a moderação e cautela quanto a atender tais desejos evitando os extremos.

Por último, temos os prazeres não necessários, isto é, valores e desejos supérfluos ligados a riqueza, vida política e poder, o que sempre causam mais dores do que alegrias.

O sábio epicurista é, aquele que aprende a ter vida feliz e equilibrada, isto é, mais prazer, menos sofrimento e a necessidade de

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