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A Economia Política Internacional

Por:   •  19/12/2018  •  2.879 Palavras (12 Páginas)  •  407 Visualizações

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Portanto, como foi mostrado acima, foi com a Teoria da Dependência que se iniciou uma visão diferente das teorias tradicionais acerca do desenvolvimento. Desde seus princípios, as colônias sempre tiveram como objetivo principal gerar excedentes para que fossem transferidos para a metrópole. Mesmo após a “independência” das colônias essa relação perpetuou, porém, ao decorrer do tempo, ela foi alterando suas formas, mas seu fundamento continua sendo o mesmo. Enquanto não houver um rompimento da relação dependente entre centro e periferia, as economias mais atrasadas estarão fadadas ao subdesenvolvimento. Elas não se encontram em uma fase anterior do desenvolvimento pela qual as economias desenvolvidas já passaram, como afirma as teorias tradicionais, e sim, submetidas à dominação dos países centrais

2) Qual a novidade trazida pelas perspectivas construtivistas e críticas para o debate de EPI?

Teoria Construtivista:

Atualmente, é comum recorrer-se a enfoques construtivistas para analisar questões de Relações Internacionais (RI) e salientar as dimensões da cultura e das identidades, ignoradas pelas perspectivas tradicionais. O foco do construtivismo está na construção social da política internacional. Na base do argumento construtivista está a idéia de que (i) a realidade é ‘socialmente construída’; (ii) as estruturas são definidas, principalmente, por idéias compartilhadas, e não apenas por forças materiais; e (iii) as identidades e os interesses dos atores são construídos por aquelas idéias compartilhadas. Isso significa que idéias e normas têm um papel fundamental tanto na constituição da realidade e dos agentes, quanto na definição de identidades e interesses. Os atores estão imersos numa estrutura social que os constitui e que, por sua vez, é constituída, também, por esses atores no processo de interação.

Segundo os autores que se autodenominam construtivistas (Haas, 1987; Ruggie, 1986; Alker, 1986) ¾ em uma alusão ao fato de que o sistema internacional é socialmente construído, não se diferenciando ontologicamente de outros sistemas sociais ¾ , o estudo das instituições internacionais não pode tratar valores, idéias e a cultura como variáveis endógenas. As análises baseadas no cálculo do custo da cooperação seriam limitadas e estáticas. No curso da interação dos atores novas formas de identidade e cultura estão continuamente se formando. A intensificação e diversificação de fluxos de interação no sistema internacional nos leva, efetivamente, a um questionamento sobre os valores em formação. Na medida em que ocorre convergência de orientação de valores em algumas áreas, as possibilidades de cooperação são maiores. Em contraposição aos institucionalistas, os autores que hoje se voltam para essa perspectiva buscam na formação de valores comuns as bases da ordem internacional; o aumento do número, densidade e funções das instituições internacionais são parte desse processo.

Hoje observamos que uma série de fatores favorecem a formação de identidades comuns, como a convergência de valores domésticos (governos democráticos, direitos humanos, bem-estar mínimo); a incapacidade de atingir objetivos de forma unilateral; a intensidade do fluxo de transações; a repetição de práticas cooperativas, de práticas discursivas etc.

Cabe destacar que entre os autores que buscam incorporar a literatura sociológica ao debate sobre instituições internacionais, encontramos diferenças significativas: há os que enfatizam a formação de conhecimento consensual, como Peter Haas e Ernst Haas (1995), e aqueles que salientam que o estudo de normas, regras e instituições pode nos levar à ilusão de sociedades de Estados normativamente integrada, nas quais os conflitos são periféricos. Wendt (1996), por exemplo, ressalta que a estrutura cultural incorpora relações de medo, inimizade, ameaças, hegemonia, ideologia etc.

A perspectiva institucionalista tem obtido resultados mais efetivos no estudo das instituições internacionais, sendo essa sua vocação natural. A maior parte das pesquisas sobre processos de integração regional, sobre o papel de organizações internacionais e sobre a formação de regimes específicos baseia-se na premissa institucionalista. Todavia, conforme nos deparamos com fenômenos como o nacionalismo, a contradição entre a defesa da soberania nacional e formas de governabilidade internacional ¾ ou novas formas de representatividade ¾ , a tensão entre ideais "universais" e particularismos culturais, essa perspectiva não encontra respostas nos marcos do modelo do ator racional.

Durante os anos 50 e 60, a preocupação com a dimensão cultural das relações internacionais gerou frutos importantes, como as análises de política externa que enfatizavam o papel das variáveis cognitivas. Naquele momento, a maior preocupação dos autores era com a distorção das informações e com os problemas gerados pela tendência da literatura realista em homogeneizar os atores estatais5.

Ainda nos anos 70, os autores da escola inglesa buscaram estabelecer uma distinção entre sistema internacional e sociedade internacional, recuperando, como vimos, um tema grotiano. No caso do segundo conceito, pressupunha-se a presença de normas compartilhadas, baseadas na existência de uma cultura internacional (Bull, 1977; Luard, 1990). No caso de outras perspectivas, como as dos pós-modernistas, feministas ou construtivistas, o interesse pelos fatores subjetivos, como cultura e identidade, foi permanente durante toda a década de 80.

Contudo, as críticas à ausência de uma base empírica coerente e a influência das teorias neo-realistas durante os anos 80, particularmente o trabalho de Kenneth Waltz (1979), resultaram em uma marginalização da dimensão cultural das relações internacionais. A maior parte dos trabalhos sobre o funcionamento do sistema internacional negligenciou o tema da cultura.

Teoria Crítica:

O objeto específico deste projeto é o estudo da literatura referente a gênero e feminismo nas contribuições de Robert W. Cox no âmbito da teoria crítica e de autores filiados a sua perspectiva em matriz gramsciana. Conforme Cox (1981), tal teoria se diferencia daquelas por ele criticadas (chamadas de problem-solving) na medida em que a primeira identifica historicidade, perspectiva transformadora e de mudança, a identificação de propósito em todas as abordagens teóricas, uma perspectiva da totalidade social com infinitas variáveis com uma delimitação apenas de caráter metodológico. Seria crucial para a abordagem da

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