TEORIA DAS FINANÇAS PÚBLICAS ATIVIDADE
Por: kamys17 • 23/3/2018 • 1.284 Palavras (6 Páginas) • 376 Visualizações
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Mas “direita” e “esquerda”, argumenta Norberto Bobbio, em seu livro “Direita e esquerda: razões e significados de uma distinção política” (São Paulo, Editora da UNESP, 1995, 129 páginas) continuam a servir como pontos de referência indispensáveis. Esse filósofo italiano contemporâneo levanta quais são os critérios para se dizer que alguém é de direita ou de esquerda.
Parte da constatação de que os homens, por um lado, são todos iguais entre si; de outro, cada indivíduo é diferente dos demais. Os que consideram mais importante, para a boa convivência humana, aquilo comum que os une, em uma coletividade, estão na margem esquerda e podem ser corretamente chamados de igualitários. Os que acham relevante, para a melhor convivência, a diversidade e/ou a competitividade, estão na margem direita e podem ser chamados de meritocratas.
São de esquerda as pessoas que se interessam pela eliminação das desigualdadessociais. A direita insiste na convicção de que as desigualdades são naturais e, enquanto tal, não são elimináveis.
Entre os economistas, não há porque descartar a distinção política entre direita e esquerda. Uma moeda possui duas faces, embora “cara” e “coroa” se alternem… Hora uma está por cima, hora outra. Mas há também dubiedade entre os economistas, aquela esquizofrenia em que o “coração” (emoção) está à esquerda e a “cabeça” (razão), à direita.
Quais são as explicações convencionais para determinado economista ser classificado como da “direita”? Algumas são mais empiristas do que científicas, entre as quais ganha destaque a idéia de que se trata de mera adaptação ao ambiente competitivo profissional: para subir na carreira profissional, no setor privado, imagina-se que é mais conveniente ser defensor da “liberdade das forças de O Mercado”.
Outra explicação seria a adoção de conservadorismo de posição conquistada com a mobilidade social. Este alpinismo social dependeria de ambição ou da crença que é superior aos outros, em sociedade de desiguais, plena de conflitos de interesses. Porém, geralmente, esse excesso de otimismo é devido ao viés de autovalidação: pergunta apenas à gente que pensa igual se, de fato, ele é superior aos colegas que pensam diferente dele. Torna-se por auto-atribuição, simplesmente, um esnobe.
Nesse posicionamento ideológico direitista, é comum se adotar o chamado “discurso da competência“, ou seja, sugerir que “não é qualquer um que pode dizer qualquer coisa a qualquer outro em qualquer ocasião e em qualquer lugar”. Só os “competentes” ou “eficazes”, nas entrelinhas, aquele que está falando e, no máximo, seus pares ou discípulos, podem se pronunciar. Os demais são “incompetentes”…
A direita confia que as desigualdades sociais possam ser diminuídas à medida que se favoreça a competitividade geral; minimiza a proteção social e maximiza o esforço individual. A esquerda prioriza a proteção contra a competição social. Na escolha entre a competitividade e a solidariedade, enfatiza esta última.
O que define a posição de direita é a idéia de que a vida em sociedade reproduz a vida natural, com sua violência, hierarquia e eficiência. Se os homens são seres biológicos desiguais, devem submeter-se à lei do darwinismo social. Segundo essa concepção, a sociedade mercantil faz também a seleção, neste caso “social”, entre os indivíduos que podem se desenvolver — “os vencedores” — e os que podem apenas sobreviver — “os perdedores”.
A regra de ouro da direita econômica é: quem melhor se adapta ao meio ambiente econômico enriquece, inclusive dando continuidade a sua dinastia. O homem de direita, acima de tudo, preocupa-se com a defesa da tradição, herança e costumes conservadores.
Já a atitude de esquerda pressupõe que a condição humana é fundada pela negação da herança natural. A sociedade se desenvolve, opondo-se às forças cegas da natureza. Nada mais parecido com o livre-mercado do que a livre-natureza. Quem acredita na essência humana como essencialmente egoísta e imutável é de direita, mesmo sem saber.
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