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Resenha - Os Fundamentos da ideologia gerencialista

Por:   •  24/12/2018  •  1.369 Palavras (6 Páginas)  •  800 Visualizações

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O capítulo é finalizado com uma crítica aos paradigmas que fundamentam a gestão, o economista (reduz o homem a um recuso da empresa), objetivista (compreender o pensamento humano é medir e controlar), utilitarista (submissão do conhecimento a critérios de utilidade), funcionalista (ocultação dos mecanismos de poder) e experimental (dominação da racionalidade instrumental). Assim, o indivíduo submetido a gestão deve, então, adaptar-se ao “tempo do trabalho”, às necessidades financeiras e produtivas, e é exigido que o ser humano se adapte à empresa e não o contrário.

Conclusão

O conceito ideologia foi criado pelo francês Antoine Louis Claude Destutt de Tracy (1754-1836). Este filósofo o empregou pela primeira vez em seu livro “Elementos de Ideologia”, de 1801 para designar o “estudo científico das ideias”.

“Ideologia é um conjunto de ideias ou pensamentos de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos. A ideologia pode estar ligada a ações políticas, econômicas e sociais. ”

Sendo assim ideologia é um sistema de ideias baseado na articulação e sistematização de ideais universais humanos, que são apropriados por um determinado grupo e convertidos em rituais com o objetivo de emprego em estratégias de manipulação e controle da maioria.

O gerencialismo é tratado com uma ideologia por Gaulejac por incorporar um conjunto de crenças e valores associados a um conjunto operacional de práticas. Além disso, há, geralmente, por trás dessas crenças, um projeto de poder. Os valores gerencialistas contrastam com a liberdade individual e a autonomia, sendo voltados para o fortalecimento do papel, poder e prestigio da organização.

A ênfase na importância da estrutura, em detrimento da autonomia individual, é amplamente destacada. O autor alerta para a instrumentalização do ser humano no modelo gerencialista. Diz ele:

Sob uma aparência objetiva, operatória e pragmática, a gestão gerencialista é uma ideologia que traduz as atividades humanas em indicadores de desempenhos, e esses desempenhos em custos ou benefícios. Indo buscar do lado das ciências exatas uma cientificidade que elas não puderam conquistar por si mesmas, as ciências da gestão servem definitivamente de suporte para o poder gerencialista. Elas legitimam um pensamento objetivista, utilitarista, funcionalista e positivista. Constroem uma representação do humano como recursos a serviço da empresa, contribuindo, assim, para sua instrumentalização. (GAULEJAC, 2007, p. 36)

O que caracteriza a empresa não é mais sua produção, o trabalho. O que a caracteriza é sua organização, sua gestão, seu gerenciamento. Um elemento relevante para este estudo, é o esforço de racionalização feita pelas organizações com o objetivo de naturalizar, via discurso, o que é inaceitável. A tentativa de cooptar funcionários, para que aceitem uma racionalidade finalística como princípio de suas ações, se faz pela pressão por colaboração com o projeto ideológico da empresa, que seria a forma racionalmente estratégica de se escapar das listas de demissão, da diferenciação e do fracasso.

Os novos sistemas de gestão vêm trocando o controle rígido dos superiores por aquele feito pelos pares e pela própria pessoa. A autogestão e a individualização de ações geram programas individualistas, intensificando o jogo de interesses privados. O equilíbrio desses programas privados é bastante complicado e incide sobre a percepção de justiça, sobretudo distributiva, o que pode refletir na saúde física e mental do trabalhador, bem como em aspectos comportamentais, com impacto na estrutura estratégica e na subjetividade dos indivíduos (SOUSA, MENDONÇA, 2009).

Bibliografia

GAULEJAC, Vincent de. Gestão como Doença Social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. 3ª edição. São Paulo: Ideias e Letras, 2005

SOUSA, I. F. D.; MENDONÇA, H. Burnout em professores universitários: impacto de percepções de justiça e comprometimento afetivo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 25, n. 4, 2009.

FARIA, J. H. de; MENEGHETTI, F. K. O sequestro da subjetividade. In: FARIA, J. H. de. Análise crítica das teorias e práticas organizacionais. São Paulo: Atlas, 2007.

DEJOURS, C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: FGV, 2007

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/ideologia-termo-tem-varios-significados-em-ciencias-sociais.html

http://sociologas.blogspot.com.br/2010/08/ideologia-para-comte-destutt-de-tracy-e.html

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