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Resenha Fordismo - BARROS, L. A./ GRAMSCI, A.

Por:   •  28/8/2018  •  1.568 Palavras (7 Páginas)  •  332 Visualizações

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os direitos dos empregados, que eram sempre governados com “mão-de-ferro”. Os indivíduos deviam realizar uma mesma tarefa até que se torne extremamente eficiente nela: o que é exaustivo e alienador.

Ford era um opositor à remuneração por peça e acreditava que outros mecanismos de controle do operário seriam mais eficientes, pois, segundo ele, esse pagamento por produção resultaria em “peças mal feitas”. Utilizou-se então do sistema de participação nos lucros, que se baseava no aumento do salário dos trabalhadores, entretanto o acordo não trazia um aumento direto. Isto é, por meio da racionalização do trabalho e da avaliação dos companheiros, a produção aumentava e a queda no custo de cada veículo diminuiria, o que aumentaria, portanto, o mercado consumidor. O contrato feito, contudo, contemplava apenas homens maiores de 21 anos que já tivessem trabalhado mais de 6 meses na fábrica e que tivessem seus hábitos particulares bem vistos. O Dia de Cinco Dólares, como era chamado, foi adotado: menos horas de trabalho e o valor do salário dobrado – havia, na empresa, investigadores para garantir que os trabalhadores mereciam essa “bonificação”. Isso demonstra, então, que esse sistema é um mecanismo de controle, pois incentiva os trabalhadores a produzirem mais e a se comportarem da forma que os dirigentes da fábrica desejavam, mesmo que fora dela.

Beynon faz referência ao momento da crise de 1929 e aos anos posteriores: A aversão de Ford aos homens sindicalizados e que lutavam pelos seus direitos. Henry se revoltava porque os operários questionavam sua situação e, segundo ele, os sindicatos tiram a independência do homem. Um pouco irônico, certo? As grandes empresas usam todas as forças dos operários, aliena-os com seus trabalhos repetitivos, paga-os pouco, que até fome passam, e a independência deles é tirada pelo sindicato? Claro, melhor cada homem, sozinho, lutar, pois sozinhos se reduzem a meras peças. Não são nada. A independência dos homens foi tirada muito antes da sindicalização: quando foram submetidos ao capital e àquele que o detém.

O autor conta sobre como era a trabalhar na Ford Motor Company: triste e alienante. Os trabalhadores não podiam ter contato com os outros, não podiam se comunicar, não podiam rir, mesmo que isso fosse em um horário de descanso. Os operários estavam sempre sendo vigiados pela empresa, que só se preocupava com a maior produtividade. Independente de seu estado de saúde: produza. E produza com qualidade! Os trabalhadores tinham de realizar tarefas repetitivas, as quais Ford acreditava serem as melhores para eles, pois não se adequariam ao trabalho de pensar. Henry Ford tentou se passar por um bom chefe em seu livro, dizendo que seus operários tinham autonomia para mudarem de serviços e de que não havia uma hierarquia rígida. Os relatos de seus operários, contudo, o contraria.

Tempo e espaço são dinheiro: busca-se, na empresa Ford, limitar o espaço de um funcionário, a fim de que ele aumente sua produtividade. É evidente que os operários são tratos como máquinas, como números, como “engrenagens de um grande sistema” como disse Webber a respeito da burocracia e acredito que essa expressão se encaixa perfeitamente, pois os indivíduos são tão insignificantes que, se param de funcionar, são substituídos rapidamente por outros indivíduos. E essa era uma crítica dos shop stewards, que acreditavam que o sindicalismo não tinha autonomia o suficiente e que a centralização do trabalho, tanto na administração quanto na produção, era o principal problema. Os administradores só pensavam em como aumentar os lucros da grande organização: os operários deviam fazer o impossível, desde que os administradores dissessem que era possível.

Faz-se necessário mencionar, também, a aversão, por parte dos funcionários do século XX, aos carros e à Ford: eles eram explorados pela produtora daquele veículo. Já haviam dado grandes lucros aquela empresa a partir do momento em que começaram a vender sua força de trabalho: vendiam por bem menos que valia (e não se podia pedir mais, pois ninguém pagaria). Não se sentiria confortável em utilizar um bem produzido por mãos que foram escravizadas: escravas do tempo, do espaço e do capital. Aqueles que viveram e sofreram dentro da empresa Ford se recusavam a comprar o fruto de seu próprio trabalho e ansiavam pelo dia que se veriam livres da empresa.

Portanto, é interessante entender que as transformações advindas da aplicação do método fordista só foram benéficas ao patrão, o detentor do capital e, consequentemente, do poder. Aprisionar o operário a um determinado espaço aumenta a produtividade e os lucros da empresa, mas torna o trabalho do operário monótono. Há ainda a vigilância constante: a sua vida pessoal não se difere da profissional. Quem você é aqui, deve ser em casa: homem bom, religioso, casado, sem vícios: alguém

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