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RELATÓRIO DE VISITA TÉNICA EM MARAGOGIPINHO-BA

Por:   •  17/8/2018  •  1.360 Palavras (6 Páginas)  •  305 Visualizações

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Figura 2: Olarias

Acredita-se que a técnica de moldar o barro foi desenvolvida pelos indígenas que habitavam a região e com a colonização o processo foi melhorado, os colonizadores contribuíram com o torno e algumas técnicas de pinturas, alguns oleiros utilizam um pedaço de bambu para melhorar o acabamento das peças.

2- OBJETIVO

Este relatório tem como objetivo detalhar o processo produtivo das peças de cerâmica em Maragogipinho, bem como conhecer as atividades desenvolvidas em toda a cadeia produtiva.

3- ATIVIDADES ECONÔMICAS

A produção do artesanato, em Maragogipinho, acorre com maior ascendência no verão que é o período com o maior número de visitantes no lugarejo. No entanto, de acordo com os artesãos no período do inverno, a chuva, por exemplo, compromete a continuidade dos trabalhos, no que tange a secagem das peças. Vale ressaltar que o artesanato não é a única atividade econômica da região, segundo um dos associados da AAMOM, 95% da população vive somente do artesanato, enquanto os outros 5% vive do artesanato e pesca.

O vilarejo produz cerca de 5000 peças mensais de modelos diversificados, entretanto, a maior dificuldade encontra-se na comercialização das peças. Atualmente, a AAMOM vende suas peças para a loja de decoração Tok&Stok. A comunidade chegou a exportar para a Itália, mas por não ter embalagens adequadas para o transporte e armazenamento, ocasionou um prejuízo de 300 peças que se danificaram com o processo de transporte.

Os oleiros participam de alguns eventos, como a Feira do Caxixis realizada no município de Nazaré, porém poucos profissionais são selecionados para fazerem exposição de suas obras de arte. Além disso, participam de eventos em outras cidades, como no São João na cidade de Cachoeira-BA e no mercado modelo em Salvador-BA.

Figura 03: Feira de Caxixi / Nazaré – Ba

A ausência de políticas públicas voltadas para a valorização dos oleiros é um dos fatores que comprometem a preservação dessa arte, posto que não há uma boa condição de trabalho, uma renda satisfatória, para que se possa elevar a qualidade de vida. Além disso, torna-se necessário o ensino da arte do artesanato tradicional nas escolas locais, bem como estabelecimento de mais parcerias para perpetuação dessa manifestação cultural.

4- ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO

São muitas as peças fabricadas no distrito, como por exemplo, potes, jarros, panelas, moringas, bilhas (tradicionais ou sob a forma de baianas e bois), no qual o principal instrumento de trabalho dos oleiros é o torno, Figura 4., em que o artesão molda o barro e cria peças diferentes. Nesse contexto, ás mulheres são responsáveis pela decoração das peças com a tabatinga (argila branca).

Figura 4: Torno

As matérias primas utilizadas na produção dos artefatos doméstico, religioso, utilitário, são provenientes das proximidades de Aratuípe, através de acordo com os proprietários de terrenos barreiros, sendo que quando chegam ás olarias são armazenados e molhados com regularidade. (Figura 5).

Figura 5: Barro armazenado

4.1- Pisa

O processamento inicia com a pisa, realizado pelo amassador que pisoteia o barro no chão. (Figura 6).

Figura 6: Amassador de Barro

4.2- Empelador

Em seguida, coloca-se uma determinada quantidade no empelador, que consiste em uma mesa de madeira comprimida, no qual é realizada a tarefa de amassar o barro com as mãos, bem como retirar as impurezas.

Figura 7: Empelador

4.3- Pelas

Logo depois, são enrolados as pelas, bolos de argila molhados, numeradas e classificadas por tamanho.

4.4- Modelagem

Nessa etapa o oleiro precisa demostrar toda sua capacidade se sincronismo: enquanto os pés giram o torno, as mãos moldam as peças, por meio do uso de bambu ou seções de tubo plástico ainda com torno em movimento.

Figura 8: Oleiro moldando pote

Quando as peças estão secas é de responsabilidade das mulheres a pintura e o burnimento, que significa alisar as peças, após a aplicação do tauá. È incumbido às crianças, o transporte das peças para as casas das Brunideiras. Antes da queima, é realizada a decoração folhas, traços finos e flores, com a “goma” da tabatinga sobre o vermelho do tauá. (Figura 9)

Figura 9: Decoração de Pote

4.5- Queima

Logo depois, é feita a queima em dois tipos de fornos, a capela e caieira, que são usados de acordo com o tamanho das peças. A madeira usada no processo é a candeia, posto que é de fácil renovação da árvore.

Figura 10: Forno

5- PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO COM BASE NO TURISMO

Sem dúvida, o artesanato representa um forte fator de geração de renda, mas, o mesmo é sobretudo uma manifestação cultural de um povo, revelando seus hábitos e preservando os costumes e tradições. Ademais, a produção artesanal é um elemento importante para compelir o turismo.

Foi possível observar em Maragogipinho um forte potencial para o turismo, visto que o lugar possui uma tradição secular do barro, revelando o modo de vida, organização dos habitantes, viável para o turismo cultural, histórico e de eventos. Este último através de festas populares, por exemplo, com a comercialização das peças artesanais.

O que prejudica o crescimento do turismo em Maragogipinho é a ausência das parecerias com grandes empresas. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) fornecia um suporte muito grande as atividades, por meio da divulgação, capacitação, porém como foi relatado por alguns oleiros, o individualismo que prevalece na comunidade acabou afetando essa parceria tão importante para o desenvolvimento local.

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