Compromisso da Alta Direção Com o SGQ
Por: Jose.Nascimento • 15/2/2018 • 1.754 Palavras (8 Páginas) • 386 Visualizações
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E por falar em evento formal, é de importância incondicional a realização de um evento de abertura, momento em que a Alta Direção, também apresentará o Representante da Direção - RD, pessoa que ficará responsável por monitorar, avaliar, propor correções e melhorias nos processos, garantindo o sucesso do Sistema de Gestão da Qualidade. Quando a Alta Direção tem o cuidado em atender ao requisito 5.5.2 da ISSO 9001:2008, automaticamente ela já está gerando outra evidencia de seu comprometimento em manter o foco no cliente e a melhoria do sistema de gestão. Mas apenas designar um RD, e não dar o suporte adequado não é o correto. Costumeiramente o RD recebe inúmeros inputs negativos por parte do Comitê da Qualidade, na grande maioria decorrentes das posturas reativas das equipes operacionais, frente aos novos padrões. E quando o RD não vê resultado com o diálogo, é a Alta Direção quem deverá intervir, advertir e punir quando necessário, colocando ordem na casa.
Descrever uma Política da Qualidade em parceria com a Alta Direção, assinada pelo Diretor, ou outra figura de representatividade superior na organização, empresa ou negócio, também demonstra o carinho e engajamento da liderança com os assuntos da qualidade. Essa Política da Qualidade deve ser o retrato fiel de como a empresa quer gerir o empreendimento, com vistas à excelência da gestão da qualidade. Mas atenção. Durante a vivência no meio, posso garantir que uma política da qualidade é um documento vivo, que precisa ser trabalhado periodicamente, para não ser apenas mais um documento que elaboramos para “ISO” e não para “USO”.
Lembro que em 2014, durante um treinamento sobre formação de auditores para sistema de gestão que integram ISO9001, ISO14001 e OSHAS 1800 pela BSI Learning, ouvi do palestrante essa colocação, que critica a padronização de gaveta, que é aquela que cria documentos, mas não os usa. E para com a Política da Qualidade não é diferente. Para que a Alta Direção concretize seus anseios para com a padronização e normatização, ela também deve garantir que a política que assinou, seja conhecida e atendida. Vejamos algumas boas práticas que contribuem para o compromisso da alta direção:
- Formalizar regra de leitura e discussão da política na abertura de reuniões de resultado;
- Alta Direção participar da semana da qualidade realizando palestra sobre a Política e requisitos da qualidade;
- Abordagem da Política da Qualidade nas integrações para novos colaboradores.
Um excelente exemplo de compromisso da Alta Direção com o sistema de gestão da qualidade, e que muito pouco é evidenciado, é a revisão periódica da Política da Qualidade. O que se vê é a elaboração de uma política da qualidade durante a certificação do SGQ, e após cinco, dez, quinze anos a política continua a mesma. Será que a organização nesse meio tempo não conquistou novos clientes, com outros anseios e necessidades? E os objetivos, continuam os mesmos, sem uma oportunidade de melhoria nem que seja na descrição? Acredito que sempre há pontos a serem melhorados, e a Alta Direção “deve” identifica-los.
No item 5.6.1 a ISO9001 aponta para a empresa a necessidade de analisar criticamente seus Sistema de Gestão da Qualidade e o quanto os processos estão atendendo os requisitos dos clientes. Está ai outra evidência do compromisso da direção com a saúde do SGQ da empresa. Mas devemos ter o cuidado para que estas reuniões, que são anuais, possam evidenciar a melhoria do sistema. As atas de reuniões precisam ser claras, sendo possível identificar os participantes (subentende-se diretoria), e correlacionar tudo o que foi planejado “entrada”, com o que foi concluído “saída”. Como toda reunião que gere ações, um plano com responsáveis e prazos para execução das ações precisa ser elaborado. O status de atendimento desse plano, também pode demostrar o nível de comprometimento da diretoria com o sistema de gestão, haja vista que na figura de diretor, eu não posso deixar que ações fiquem atrasadas.
Por fim, porém não menos importante, a diretoria no papel de empresa, a fim de demostrar o compromisso com a manutenção do sistema de gestão da qualidade como um todo, deve prover e disponibilizar os recursos necessários para que o Sistema de Gestão da Qualidade seja capaz de dar o suporte aos processos que agregam valor ao cliente. Aqui devemos ter a consciência que a escassez de recursos não é sinônima de inexistência de recursos. É comum em tempos de recessão a exemplo do que vivemos nos anos de 2009 e 2015, que as empresas precisem enxugar seus quadros de funcionário, e as cinco pessoas que compunham a equipe da qualidade se reduzam a uma. Os recursos como s equipamentos, devem ser capazes de atender o que foi programado, no tempo, na quantidade e com a qualidade certa. Quando o auditor chega na empresa e se depara com equipamentos com o prazo de calibração vencido, sem ao menos ter um plano de calibração elaborado, isso é o exemplo claro de que a empresa não está comprometida com a política e os objetivos da qualidade. Portanto, disponibilizar os recursos certos e na quantidade certa é outra evidencia do comprometimento da empresa e direção para com o sistema de gestão da qualidade, ou melhor, o cliente.
Concluímos que muito antes de garimparmos no texto da norma ABNT NBR ISO9001:2008 o termo “deve”, precisamos olhar para dentro de nós mesmos, e perguntar: é isso mesmo que eu quero para minha organização? Sejam o diretor, gerente ou empresário, todos no papel de representantes supremos do negócio, precisam falar e fazer. O ditado popular “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço” esse sim, “deve” passar longe dos portões das empresas que almejam não só um certificado, mas sim, um resultado de excelência e duradouro.
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