O DESENVOLVIMENTO DE COMUNIDADE NA POLÍTICA NACIONAL POPULISTA
Por: Ednelso245 • 31/1/2018 • 1.827 Palavras (8 Páginas) • 409 Visualizações
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O presidente defende um sindicalismo representativo e independente, e propõe a participação efetiva do trabalhador na direção dos sindicatos e das empresas púbicas e nos conselhos dos institutos de previdência social. O progresso nacional deve ser resultante do desenvolvimento continuado e harmônico do econômico e do social, onde o homem passa a ter participação na solução dos seus problemas e ser agente do seu próprio bem-estar e o Serviço Social se transforma num instrumento da democracia, ao permitir a verdadeira integração do povo em todas as decisões da comunidade.
Com a renuncia de Jânio quadros em setembro de 1961, a direção do país é assumida pôs João Goulart que amplia o espaço concedido à luta pelas transformações estruturais e institucionais da sociedade brasileira, quando postula a reforma agraria, urbana, tributária dentre outras. Defende o voto do analfabeto e dos baixos escalões militares, no que tange à reforma política.
Paralelamente, cresce o movimento operário urbano e se multiplicam as greves. Além das ligas camponesas e dos sindicatos rurais, expande-se outros órgãos com atuação no campo e na cidade: Movimento de educação de base, centros populares de cultura, movimentos de cultura popular e outros. Essas organizações reúnem intelectuais que tentam elaborar uma concepção de mundo de maneira crítica e consciente e participar ativamente na produção de história do mundo, mediante o engajamento na luta pelas mudanças de estrutura.
O I Encontro,particularizando a contribuição do assistente social no desenvolvimento, recomenda seu engajamento na organização de grupos para arregimentação de forças nas zonas rurais, como exemplo, os sindicatos, que devem funcionar como veículos de reconhecimento e defesa dos direitos dos trabalhadores rurais. Afirma como urgente a necessidade de engajamento total das escolas de serviço social a serviço do povo. Defende a formulação de uma política agrária para atender às necessidades do trabalhador rural e a aprovação de um instituto legal que lhes permita o acesso à terra.
O II encontro proclama a necessidade de uma tomada de posição do Assistente Social no panorama sócio-econômico-político do Brasil, engajando-se como o profissional do social, desde o planejamento à execução dos programas de bem-estar social. Dentro desse quadro, o Serviço Social deve promover a preparação das populações locais para a inserção contínua e progressiva no processo de desenvolvimento.
2.2 REFORMAS DE ESTRUTURA PREOCUPAM INTELECTUAIS
A partir do Seminário Nacional sobre ciências sociais e o Desenvolvimento de Comunidade Rural no Brasil, promovido em 1960 pelo Serviço Social Rural, o desenvolvimento de comunidade passa a ser inserido no contexto do desenvolvimento nacional em função de mudanças estruturais. Esse seminário abordou temas referentes ao ensino, pesquisa, aplicação das ciências sociais e desenvolvimento rural e pessoal técnico.
O desenvolvimento de comunidade é definido pela primeira expositora Josephina Albano, do setor de desenvolvimento de comunidade do serviço social rural, como um processo de mudança cultural dirigida e através dele a comunidade é motivada para conhecer e analisar seus principais problemas, buscar soluções e obter o apoio dos órgãos locais para seu desenvolvimento global. Para ela, o desenvolvimento de comunidade é um movimento que implica transformação das estruturas em todos os planos: nacional, estadual e local.
Os principais objetivos são a conscientização da população para o seu desenvolvimento, mediante sua ativa participação em atividades para seu bem-estar, elevação da capacidade de produção, melhoria e criação de serviços locais, melhoria do ambiente e finalmente a criação de uma estrutura administrativa que vise ao completo desenvolvimento de comunidade. O povo precisa sentir a necessidade de mudar, encontrar razões para querer mudar, encarando-se essa mudança pela adesão espontânea e consciente.
Contudo, o serviço social ainda é influenciado com a teoria positivista, o que faz encarar o desenvolvimento de comunidade como uma estratégia para restituir o equilíbrio ao progresso. A proposta de participação tinha como único objetivo manipular as classes subalternas,e, como se não bastasse, utilizava técnicas capazes de encarar o seu caráter manipulador, fazendo com as classes acreditassem que eram autoras das inovações.
Com isso a definição do desenvolvimento de comunidade como processo de mudança cultural dirigida aparece de forma ambígua. Ao serviço social rural interessa uma reforma agrária que viabilize a modernização, uma maior produtividade e a formação de um capital agrícola. O trabalhador só era motivo de preocupação em relação a sua força de trabalho que precisava ser assegurada para a produção da mais valia.
O serviço social passa a favorecer a burguesia nacional defendendo a reforma agraria enquanto uma técnica de racionalização da economia agrícola, buscando a modernização das relações de trabalho, tendo em vista a ampliação do mercado interno para a indústria e a introdução do sistema empresarial capitalista no meio rural. O processo de desenvolvimento, para que conduza ao bem-estar e para que atenda as exigências do homem como pessoa humana, deve ser harmônico, autêntico e solidário.
Em inúmeros debates, o serviço social é apontado como grande responsável pela difusão do Desenvolvimento de Comunidade. Os agonizadores do II congresso de serviço social apontam a necessidade do aperfeiçoamento do aparelhamento conceitual do serviço social e de elevar o padrão técnico, científico e cultural dos profissionais desse campo de atividade.
A quinta comissão expressa a necessidade de reformulação das posições técnicas do serviço social para que ele se coloque a altura das novas exigências; formação de profissionais para uma atuação em nível profundo nos problemas; conhecimento aprofundado dos problemas nacionais, regionais, locais e os recursos existentes.
Em julho de 1963 realiza-se no Rio de Janeiro o seminário de desenvolvimento e organização de comunidade, promovido pela associação brasileira de escolas de serviço social, no sentido de pensar a disciplina com base nas peculiaridades conjunturais e estruturais
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