O Comentário Crítico

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No filme o respeito à dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III, da Constituição Federal) é totalmente dilacerado, como se vê, o Estado é o maior e mais impune violador de direitos de que se tem notícia. E todas essas violações são ainda mais intensas quando se trata de manicômios, cujos internos carecem de atenção permanente e multidisciplinar, o que na prática está longe de ocorrer. Assim, o que restam são seres humanos em constante sofrimento, isolados e abandonados, muitas vezes esquecidos por familiares, fadados ao extermínio. Almas presas a corpos doentes, e que ao invés de socorro, recebem desmedida punição assim como ocorre com NETO, que tenta de tudo quanto é jeito fugir, sumir, falar e mesmo assim os ditos enfermeiros empurram-lhe medicamentos para totalizar sua loucura. Um dos pontos mais cruel no filme é quando Neto ateia fogo nas seringas, na tentativa de não mais usar os medicamentos injetáveis e ele é submetido por um enfermeiro a um quarto escuro sem nada.

A minha indignação também que não mostra no filme mais acredito que nem o menos o que comer ou beber lhe deram. Neto urina e defeca na roupa e quando sai de dentro do quarto em um dia chuvoso e deixado ali fora em meio à chuva.

Não consigo assistir ao filme e não lembrar e até mesmo falar de tempos passados, em que também acontecera o mesmo fato comigo. O repudio total por essas clinicas que tratam o ser humano como um animal sem escrúpulos algum, a indignação pelo o Estado não supervisionar estas. É difícil expor uma critica ao filme e não me remeter ao meu próprio passado, quando o mesmo, assim como acontecera com Neto repercutiu em minha vida.

Enquanto não tomarmos consciência disso, do papel de cada um na garantia dos Direitos Humanos, nada mais justo que aqueles que vêm sofrendo diariamente os reflexos da violência e do abandono resistam, na medida de suas possibilidades, inclusive fugindo.