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A SISTEMATIZAÇÃO DO TRABALHO SOCIAL

Por:   •  21/6/2018  •  2.838 Palavras (12 Páginas)  •  497 Visualizações

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A AÇÃO PROFISSIONAL

A discussão do problema metodológico não se pode isolar das considerações feitas sobre a complexidade social, as relações de poder e a situação dos atores profissionais na instituição. O trabalho social possui um ciclo operacional e não se contenta em ser somente descritivo, mas também prescritivo, ou seja, com previsão, controle e avaliação dos resultados. Os aspectos quantitativos e qualitativos do diagnóstico apresentam-se de acordo com a lógica institucional de intervenção. A análise da causalidade passa a ser feita a partir do contexto complexo contraditório e estruturado.

As contradições específicas de cada problema devem ser combinadas às contradições globais, que são resultados de um processo histórico, e que isso se reflita na análise e na estratégia.

OS ATORES

É comum, na análise do Serviço Social, considerar somente os atores em presença e suas respectivas estratégias individuais. Os profissionais seriam atores desinteressados, altruístas, na perspectiva funcionalista, ou simples executante numa perspectiva de análise institucional. A presença constante da análise do cotidiano do trabalho social é que vai desvelar atores e contradições, contradições e atores, na dialética da transformação.

CAPÍTULO 07

PROBLEMÁTICA DA CONSCIENTIZAÇÃO

A problemática da conscientização vem preocupando os trabalhadores sociais desde o início de 1960, quando alcançou grande repercussão o método de alfabetização de Paulo Freire, no Nordeste do Brasil, tornando para alguns trabalhadores sociais o objetivo central da profissão. A classe dominante encara o conceito de conscientização como uma ameaça, um perigo, justamente porque não lhe interessa a tomada de consciência, por parte das classes dominadas, de sua própria dominação. Nesse sentido, a atuação do trabalhador social não significa colocar-se como uma vanguarda conscientizada a das classes dominadas nem o porta-voz, nem sequer o orientador ou o teórico desse projeto de libertação. Significa apenas um compromisso com esse projeto, pois se sabe que é na constituição em bloco histórico novo e hegemônico que se podem transformar as relações sociais.

CONSCIENTIZAÇÃO E AÇÃO

A conscientização não se produz num movimento de ideias, mas se enraíza nas situações concretas, nas contradições, nas lutas cotidianas para superação dessas contradições. As situações-limite são, na realidade, situações de dominação, em que o homem dominado não percebe as soluções viáveis e alternativas de mudança, mas representam seu mundo com base no mero reconhecimento imediato de sua prática. As contradições existentes no desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção são assim elementos fundamentais do processo de conscientização, pois é a partir do lugar em que se situam os indivíduos, grupos e classes, nesse processo, que se pode entender e dinamizar o próprio movimento de compreensão das situações concretas.

COMUNICAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO

Hegemonia significa em primeiro lugar a conquista do consenso das classes dominadas pela capacidade de direção das classes dominantes, como significa também a capacidade que a classe operária tem de conquistar as consciências de seus aliados na formação de um novo bloco histórico. Dessa forma o conceito de hegemonia releva principalmente o que se pode chamar de consenso, persuasão, por oposição a coação, violência, força, imposição. Essa ideia de consenso leva considerar uma nova estratégia nas sociedades ocidentais em que os aparelhos do estado tentam ou buscam obter a legitimação das classes dominantes, de seu poder, pelo convencimento.

O marketing social é o instrumento, o meio moderno utilizado pelas instituições para se fizer aceitar e levar suas causas às classes dominadas, As ideias sociais são vendidas como mercadorias, são colocadas no mercado da aceitação. A questão da hegemonia tornou-se já sistematizada por meio do marketing social, para provocar mudanças cognitivas, de comportamentos, de ação, de valores, nas classes subalternas. A estratégia do marketing busca utilizar-se do conhecimento do meio, das agências, dos tipos de produtos de promoção, de práticas de preços, de canais, para atingir os alvos consumidores. A população é explorada e subordinada na produção e no consumo. É necessário, portanto, a imaginação a estratégia, para ludibriar e contornar o controle institucional para que a comunicação seja utilizada como conscientização.

A AÇÃO POLÍTICA

Com a intervenção do Estado na vida cotidiana, nos setores de habitação, recreação, transportes, mudam completamente as relações das classes dominadas com o poder político.

A própria existência da cidade, da urbanização, da reprodução da força de trabalho implica esta intervenção política.

A reorganização global, a participação efetiva das bases vão-se realizando à medida que há uma intervenção mais ou menos direta do Estado.

A estratégia dos grupos populares que lutam por objetivos de melhoria de suas condições de vida cotidiana, e que fazem parte da classe operária, não pode isolar-se do movimento global da sociedade civil, das classes dominadas para modificação da correlação de forças.

O grupo popular enfrenta-se com um adversário de nível superior que é o próprio estado. Esse deve ser o objetivo estratégico do trabalho social: a participação divisional da população no seu próprio destino, a partir de táticas em que essa participação se vá tornando efetiva nas relações de atribuição, de distribuição de recursos muitas vezes limitados.

CAPÍTULO 08

RECONCEITUAÇÃO: AÇÃO POLÍTICA E TEORIA DIALÉTICA

A tarefa da comissão reorganizadora da Escola de Serviço Social caracterizou-se desde o início como uma ação política. Nosso objetivo não era construir teorias, mas transformar as práticas do Serviço Social, iniciando, impulsionando novas práticas a partir dos estágios e das instituições num novo dimensionamento teórico-prático. A luta de classes no Chile polarizou toda a sociedade civil e as massas populares já discutiam na rua a questão do poder popular, pelo controle da produção e da distribuição

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