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Religiões de Matriz Africana no Brasil

Por:   •  22/2/2018  •  2.613 Palavras (11 Páginas)  •  358 Visualizações

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Desde o início da formação social Brasileira, o negro esteve presente, logo, houve influência cultural e consequentemente suas religiões contribuíram para a formação de identidades.

''Compreender a escravidão é, de certa maneira, uma tentativa de entendimento da cultura brasileira e das religiões presentes e formadas no Brasil.''

Não havia um grande interesse em pesquisar a fundo sobre escravidão, pois, ainda andavam com uma visão deturpada, coisificando e colocando a situação do negro como resistência servil, até porque havia muito preconceito, e a cor era matizada conforme a classe social.

Ao longo da explosão intelectual e da evolução de pensamentos, surgiu o interesse em querer analisar à fundo a sociedade colonial e sua economia; com isso foram descobertas infinidades de dados históricos relacionados à diáspora e escravidão.

Percebeu-se um grande buraco histórico relacionado à religião, os livros faziam poucas menções as religiosidades dos escravos e de seus hábitos e práticas. Haviam menções superficiais que não ajudavam a entender sua complexidade, se tornando assim crucial para a compreensão da vida dos escravos. Quando era abordado o tema, se fazia menção junto à instituição religiosa predominante (católica).

- ORIGEM DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO BRASIL

Com a chegada ao Brasil-Colônia por volta da primeira metade do século XVI dos primeiros escravos trazidos da África para trabalharem inicialmente na produção de açúcar e mais tarde em minas de ouro e lavouras de café, vieram também suas culturas originais e todo um corpo de crenças e rituais religiosos.

Devido às condições do sistema escravista, que perdurou no Brasil até o final do século XIX, misturavam- se nas senzalas africanos de diversas etnias e crenças, o que obrigava o escravo a aderir a crenças que não eram necessariamente as suas, como forma de sobrevivência dentro do sistema. Além disso, havia também o fato de que o catolicismo era a religião oficial durante o período colonial e imperial no Brasil (1500-1889), o que resultava em diversas formas de repressão a qualquer tipo de manifestação de práticas religiosas que não fossem dentro dos ritos católicos. Assim, criou-se a necessidade dos negros utilizarem o sincretismo de suas crenças com as da Igreja, mascarando seus deuses com os nomes de santos católicos, como forma de resistência cultural.

Pode-se afirmar que essa foi uma estratégia bastante criativa utilizada pelos escravos para poderem continuar cultuando seus deuses africanos, sem que fossem reprimidos diretamente pela Igreja Católica.

Salienta-se também que um dos principais aspectos que reforçaram a necessidade de os escravos desenvolverem sua religiosidade, apesar de tantas dificuldades e diferenças, num momento de tantos sofrimentos e privações imputados a eles pelo sistema escravista, foi o fato de que eles, não podendo se defender materialmente contra um regime onde todos os direitos pertenciam aos brancos, refugiaram-se, pois, nos valores místicos, os únicos que não podiam lhes tirar.

- SINCRETISMO E ADAPTAÇÃO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS À NOVA ORDEM SOCIAL

Sendo assim o sincretismo considerado um fenômeno social complexo.

- PRINCIPAIS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO BRASIL ATUALMENTE

Dentre as principais religiões consideradas de matriz africana e com o maior número de praticantes atualmente no Brasil, podemos destacar a Quimbanda, o Candomblé e a Umbanda;

A Quimbanda é um culto afro-brasileiro derivado da Umbanda, que tem como linha principal a devoção aos Exus e Pombas-Giras. Ela adota suas próprias práticas, como, por exemplo, o sacrifício ritual de animais e a utilização de voduns.

A Umbanda é uma religião brasileira nascida no Rio de Janeiro nos anos 20 da mistura de crenças e rituais africanos e europeus. As raízes umbandistas encontram-se em duas religiões trazidas da África pelos escravos: a cabula, dos bantos, e o candomblé, na nação nagô. A umbanda considera o universo povoado de entidades espirituais, os guias, que entram em contato com os homens por intermédio de um iniciado (o médium), que os incorpora. Tais guias se apresentam por meio de figuras como exemplo: o caboclo, o preto-velho e a pomba-gira. Os elementos africanos misturam-se ao catolicismo, criando a identificação de orixás com santos.

O Candomblé é uma religião afro-brasileira que cultua os orixás, deuses das nações africanas de língua ioruba dotados de sentimentos humanos como ciúme e vaidade. O candomblé chegou ao Brasil entre os séculos XVI e XIX com o tráfico de escravos negros da África Ocidental. Sofreu grande repressão dos colonizadores portugueses, que o consideravam feitiçaria. Para sobreviver às perseguições, os adeptos passaram a associar os orixás aos santos católicos, no sincretismo religioso. Por exemplo, Iemanjá é associada à Nossa Senhora da Conceição; Iansã, a Santa Bárbara e Ogum como São Jorge.

As cerimônias ocorrem em templos chamados terreiros. Sua preparação é fechada e envolve muitas vezes o sacrifício de pequenos animais. São celebradas em língua africana e são marcadas por cantos e o ritmo dos atabaques (tambores), que variam segundo o orixá homenageado. No Brasil, a religião cultua apenas 16 dos mais de 300 orixás existentes na África Ocidental.

5 – AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS EM NÚMEROS NO BRASIL

O Brasil está entre as nações do mundo com maior diversidade religiosa, isto porque ao longo da sua história ocorreu uma grande miscigenação cultural, fruto dos vários processos imigratórios.

Segundo o IBGE, o último censo realizado no País em 2010 trouxe os seguintes dados acerca das religiões no Brasil:

Tabela 1: Religiões e o percentual de praticantes em relação à população brasileira que participou do Censo

Católica Apostólica Romana: 64,6%

- Evangélicas: 22,2%

- Espírita: 2%

- Umbanda e Candomblé: 0,3%

- Sem religião 8%

- Outras religiosidades: 2,7%

- Não sabe / não declarou: 0,1%

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