OS IMPACTOS PSICOLÓGICOS DA INCLUSÃO ESCOLAR NOS DOCENTES DAS SÉRIES INICIAIS DA REDE MUNICIPAL
Por: Sara • 5/3/2018 • 2.317 Palavras (10 Páginas) • 403 Visualizações
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as estratégias transformadoras e concretizar as ações que o contexto de cada instituição educacional exige, é preciso vontade política dos dirigentes, recursos econômicos e competência dos sistemas educacionais.
A conquista dessas condições passa necessariamente pela elaboração de um projeto educacional coletivo, com a participação de todos os integrantes da escola. Esse projeto pressupõe, antes de tudo, a participação de educadores comprometidos com uma prática educacional orientada por concepções otimistas sobre o potencial educativo de todos os alunos, especialmente dos alunos com necessidades educacionais especiais.
Para que isso ocorra, é necessária uma formação docente que ofereça competência técnica e compromisso profissional, fato que encaminha essa reflexão ao entendimento da importância de articular políticas de inclusão desses alunos com políticas de formação docente.
Os contatos entre as pessoas comuns e as estigmatizadas, que visam mudança de atitudes sociais daquelas em relação a estas, podem ser convenientemente administrados tanto para que o impacto negativo seja o menor possível quanto para favorecer a obtenção de impressões e informações favoráveis acerca das pessoas estigmatizadas.
Segundo Gibbons (1986) seriam particularmente positivos os contatos em situação de igualdade de status ou quando o estigmatizado desempenha papéis não convencionalmente atribuídos a ele.
Conforme Krajewski e Hyde (2000), a inclusão favoreceria a mudança de atitudes na direção favorável, pois permite que os alunos em geral possam estar em contato constante e interagir com colegas com necessidades especiais em situação de igualdade desempenhando. É evidente que o professor da classe inclusiva, com atitudes genuinamente favoráveis, tem papel muito importante para que essa oportunidade de contato e convívio possa ser produtivamente aproveitada por todos que dela participam.
Em estudo realizado por Silveira e Neves (2006), observou-se que os professores argumentam que a inclusão só é possível para pessoas com necessidades educacionais especiais menos comprometidas, demonstrando uma descrença em relação à inclusão escolar do deficiente múltiplo. Esse dado diverge do que é exposto pelo MEC (2002), quando afirma que a grande maioria dessas crianças adapta-se muito bem à educação regular, com a convivência, o envolvimento de profissionais especializados e o comprometimento da família.
Outros fatores que impossibilitariam a inclusão dos deficientes múltiplos, seriam as condições insalubres da escola de ensino regular, como a falta de preparo dos professores. Concorda-se com Carvalho (2001), quanto à afirmação de que o discurso do despreparo técnico e prático apenas cristaliza e imobiliza as ações inclusivas. Impacto da deficiência nas atividades – reflete o descrédito no desenvolvimento e aprendizagem e, consequentemente, na capacidade dos deficientes múltiplos executarem atividades que denotam autonomia e exigem reflexão, abstração e memória. Quanto aos objetivos educacionais, os professores demonstraram dificuldades em defini-los, pois não definem as atividades de socialização, de autonomia em relação à higiene pessoal, como atividades de cunho pedagógico. Dessa forma, consideram impossível a realização de qualquer atividade pedagógica com os deficientes múltiplos.
Os professores parecem considerar apenas as atividades de letramento e aquisições matemáticas como atividades pedagógicas. Essas concepções induzem o desenvolvimento das demais atividades de forma espontaneísta e não intencional. A maioria dos professores dizem ter sentimentos de frustração em relação ao atendimento à criança, mas, a fim de resolverem os conflitos emergentes desses sentimentos, acreditam que só a afetividade que dispensam às crianças já é o bastante. Em relação a esta questão, há uma tendência em se considerar a pessoa com necessidades educacionais especiais tendo baixas perspectivas de aprendizagem, de escolarização e com total nível de dependência por toda a vida (CARVALHO, 2001).
Atendimento individualizado para o deficiente múltiplo – alguns docentes consideram o ensino regular como um espaço que não propicia o desenvolvimento concomitante de atividades com os alunos regulares e com os deficientes múltiplos. Eles consideram a dependência de cuidados práticos, tais como dar banho, trocar fraldas, como um fator de forte impedimento ao trabalho do professor. Em relação a esta constatação, Kruppa (2001) assegura que “a escola não acredita na capacidade de aprender de todo ser humano e se julga competente para apontar de forma arbitrária, preconceituosa e equivocada aqueles que ‘podem’ aprender” (p. 28).
Por não acreditarem no desenvolvimento dos alunos, alguns professores profetizaram que algumas crianças iriam passar a vida no atendimento aos deficientes múltiplos. A última categoria levantada – Relação família-escola e demandas familiares – apresentou dados que indicam o reconhecimento por parte dos professores da importância do trabalho conjunto com as famílias.
Segundo professores, há pais omissos, que transferem a responsabilidade aos professores e outros bastante ansiosos. Diante destes últimos, só resta aos professores omitir dados em relação ao que acreditam ser as verdadeiras potencialidades do aluno.
Existe relatos de que há o predomínio de bom relacionamento entre família e escola e existe a necessidade de um trabalho conjunto, que atenda os deficientes múltiplos em suas dificuldades. Discursos de professores exibem algumas questões que “arranham” a confiança e a franqueza na relação, o que dificulta, sobremaneira, uma interação pais-escola alicerçada, sobretudo, no respeito mútuo, apesar de os professores reconhecerem as dores e as dificuldades dos pais de crianças com necessidades educacionais especiais.
As observações das práticas desenvolvidas pelos professores assinalaram pistas importantes sobre como as concepções dos professores se concretizam em suas práticas pedagógicas. Porém, verifica-se a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre as práticas pedagógicas dos professores das escolas especiais.
Acredita-se que, na medida em que parece que os professores, em sua grande maioria, estruturam suas atividades tendo como base as crenças recorrentes da incapacidade no desenvolvimento e na aprendizagem do deficiente múltiplo.
O olhar inclusivo sobre as escolas especiais ou regulares, deve ser um olhar de mudanças e inquietações, que vem assinalar a necessidade de transformações no sistema educacional, no sentido de considerar as pessoas, suas histórias, concepções, percepções, crenças, experiências e trajetórias pessoais.
Tanto
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