O Seminário de Psicopedagogia
Por: YdecRupolo • 26/8/2018 • 2.635 Palavras (11 Páginas) • 261 Visualizações
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Por influência francesa, a Psicopedagogia surgiu na Argentina e Buenos Aires, sua capital, foi a primeira cidade a oferecer o curso de graduação em Psicopedagogia. Posteriormente, no final de 1970, ela foi introduzida no Brasil, mais especificadamente no Rio Grande do Sul por meio de cursos de especialização. Durante a década de 70 os relatórios médicos normalmente atribuíam os problemas de aprendizagem a uma disfunção neurológica não detectável em exame clínico chamada DCM (Disfunção Cerebral Mínima). Esse termo foi usado muito frequentemente para rotular crianças com tais problemas e para camuflar os de natureza pedagógica, ou seja, para justificar a não posição dos educadores em relação a modificar a realidade dos educandos que estavam nessa situação. Dessa forma, a Psicopedagogia surgiu para superar as explicações uni causais do “fracasso escolar”, isto é, conforme afirma Scoz (2001), “nem as estruturas cognitivas, nem a afetividade e nem a influência do meio social por si só conseguem explicar os processos normais e patológicos da aprendizagem”.
É possível definir a Psicopedagogia como uma área que estuda os processos de aprendizagem de crianças, adolescentes e adultos, mais especificamente os bloqueios contidos nesse processo. O psicopedagogo buscará compreender os fatores que levam as pessoas a obterem resultados insuficientes na busca pela aprendizagem. Assim, ao diagnosticar esses fatores, por exemplo, o déficit de atenção, o distúrbio da fala, entre outros, o profissional intervirá promovendo atividades que estimulem as funções cognitivas, assim como elaborará sugestões metodológicas e de orientação educacional e vocacional.
Área e Objeto de Estudo da Psicopedagogia
A Psicopedagogia é uma área de natureza multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. O primeiro refere-se à abrangência de várias áreas do conhecimento que não necessariamente dialogam e relacionam-se, englobando experiências e buscando atingir metas, o segundo à interação entre disciplinas que se relacionam e o terceiro à união das matérias ultrapassando o que já está posto nelas a fim de produzir um novo conhecimento. Como afirma Barone (1993, p. 113), “o sujeito com dificuldades de aprendizagem, apresenta, quase sempre, um quadro de comprometimentos que extrapola o campo de ação específico de diferentes profissionais, envolvendo dificuldades cognitivas, instrumentais e afetivas”.
O objeto de estudo da Psicopedagogia consiste na aprendizagem humana, como define o psicopedagogo brasileiro Kiguel (1991, p. 24) “o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência do meio no seu desenvolvimento”. Assim, visa-se promover a aprendizagem, favorecer a construção de uma visão holística (os fatores que determinam a aprendizagem devem ser tomados em conjunto) acerca do desenvolvimento humano, melhorar a autoestima da criança com histórico de “fracasso escolar”, favorecer a inclusão educacional e social da mesma, além de possibilitar as várias áreas do conhecimento.
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Atuação do Psicopedagogo
Ao concluir o curso de Psicopedagogia, o formando terá aparato teórico e metodológico para identificar e resolver problemas no processo de aprendizagem. Assim, a sua ação deve estar respaldada por 3 pilares: formação inicial e continuada, pois o profissional deve, após a formação, dar continuidade aos seus estudos e pesquisas uma vez que trabalha com processos humanos complexos; fundamentação teórico metodológico, base orientadora da sua ação e autoconhecimento, em razão da subjetividade que envolve a relação de quem ensina com quem aprende.
Por se tratar de uma área multidisciplinar, assim como já exposto anteriormente, os conhecimentos derivados de diversas áreas irão auxiliar a prática psicopedagógica, que pode ser desenvolvida no espaço clínico, em consultórios particulares, e/ou institucional (escolas, hospitais, ONGs e empresas) e com enfoque preventivo e/ou terapêutico. Ambos os enfoques podem ser exercidos no espaço clínico, mas o preventivo também pode ser realizado no espaço institucional.
A atuação preventiva tem objetivo de prevenir futuros transtornos na aprendizagem, ou seja, as situações que podem desencadeá-los devem ser aqui abolidas. Para isso, são realizadas metodologias e procedimentos avaliativos que busquem envolver a equipe de educadores e os familiares da pessoa analisada, a fim de que a mesma não encontre nenhum obstáculo grave no seu processo de aprendizagem.
Já no foco terapêutico, o especialista trabalha com sujeitos que já sofrem com o “fracasso escolar”. Dessa forma, tem como objetivo sanar os equívocos presentes no processo de aprendizagem. Para isso, o psicopedagogo deve realizar pesquisas para aprofundar o entendimento sobre o que está prejudicando o desenvolvimento do sujeito, levando em consideração suas especificidades, e conseguir chegar a um diagnóstico. Após diagnosticado e se necessário, o sujeito deve procurar auxilio de profissionais de diversas áreas para a solução do problema.
Partindo do princípio de que o especialista deve se unir com outros profissionais, como psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros, é que se recorre ao Código de Ética do Psicopedagogo que regulamenta seu trabalho. É de extrema importância e ética que o profissional deixe claro que não pode solucionar problemas psíquicos, por exemplo, pois não atua como um psicólogo, mas, sim, em cooperação com o mesmo.
Símbolo da Psicopedagogia
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CONCLUSÃO
Pode-se constatar que a ação psicopedagógica tem sido fundamental da construção de um novo paradigma de aprendizagem, o de que aprender é inerente ao desenvolvimento humano. Ademais, considerando os problemas enfrentados pela educação brasileira, é possível afirmar que a psicopedagogia tem muito a contribuir para a transformação da realidade educacional e social.
Ainda são necessárias algumas mudanças, sejam elas políticas e sociais, em relação ao psicopedagogo uma vez que se trata de uma área de trabalho relativamente nova e que pode enriquecer o espaço escolar, pois auxilia na melhoria da qualidade do ensino e proporciona condições favorecedoras do processo de ensino e aprendizagem.
Portanto, esse trabalho tem como fator primordial a compreensão da
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