EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E EDUCAÇÃO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Por: Carolina234 • 12/11/2017 • 5.671 Palavras (23 Páginas) • 684 Visualizações
...
Tal visão de educação não-formal persiste até os dias atuais e destina-se aos mesmos propósitos que se iniciaram na década de 90 do século passado, porém com maior força e reconhecimento por parte de pesquisadores, profissionais envolvidos, educandos e comunidade.
- Conceituando a educação não-formal
Sendo o termo educação algo que não se limita aos muros da escola, este autentica a educação não-formal enquanto educacional, pois reafirma a possibilidade de manifestações educacionais fora da sala de aula, como também em diferentes espaços, porém com condições de processos de ensino-aprendizagem diferentes.
A educação não-formal envolve aprendizagem política, em que o sujeito compreende seu papel enquanto cidadão integrado em seu meio social e natural; aprendizagem que visa o trabalho; aprendizagem e exercício de organização de sujeitos buscando um bem comum voltado para a resolução de problemas coletivos; além da própria aprendizagem dos conteúdos escolares, porém de maneira diferenciada quanto à metodologia e espaço físico.
Na educação não-formal, o ato de ensinar conteúdos escolares decorre de forma mais “espontânea” que nas instituições escolares, pois sempre se busca a relação entre conteúdo e vivências fora do espaço educativo. Dessa maneira, os conteúdos ministrados e a finalidade das práticas educativas podem e são determinadas pela comunidade e seu contexto social.
Esse compromisso com as questões pertinentes ao grupo incita uma aprendizagem significativa, pois trata-se de conteúdos relacionados à sua própria vivência, numa prática que considera os conhecimentos já obtidos anteriormente.
Assim, questões acerca de repreensões, punições em caso de não-aprendizagem ficam obsoletas. Tal metodologia mostra-se tão eficaz que, por vezes, a educação não-formal acaba preenchendo lacunas vazias deixadas pelo ensino formal institucional.
Gohn (1999) diferencia a educação não-formal da informal. A educação não-formal, como já citada anteriormente, é intencional e objetiva a formação de sujeitos. Tal modalidade se dá em espaços não-escolares, contudo educativos. Já a modalidade de educação informal deriva de processos espontâneos ou naturais, mesmo que carregados de valores e representações, como é o caso, por exemplo, da educação familiar.
Nesse sentido, o que diferencia a educação não-formal da educação formal e escolar não é meramente a ausência ou não do espaço escolar. Suas diferenças estão na organização e na estrutura do ensino oferecido e do aprendizado proporcionado, pois o tempo e o espaço diferenciados para a aprendizagem proporcionam novos elementos na educação, em que o tempo da aprendizagem não é fixado e são respeitadas diferenças de assimilação de conteúdo.
A educação não-formal se divide em dois planos: o primeiro relacionado à transmissão de conhecimentos acumulados historicamente pelos homens, e o segundo, abarcando a educação e conscientização da participação social e ações coletivas.
Quanto ao primeiro plano, nota-se a preocupação em se transmitir conteúdos formais de educação, porém, é no segundo plano, que se estabelecem as diferenças entre a educação formal e a não-formal, pois esse ensino oferecido em diferentes espaços educativos, parte do pressuposto de que a aprendizagem se dá por meio da prática social e da compreensão da realidade que se vivencia num caráter coletivo e de práxis concreta de um grupo.
Dessa maneira, permite perpetuação e valorização de culturas particulares dos indivíduos ou de grupos envolvidos, respeitando-as e fazendo não somente com que as atividades propostas contemplem a realidade de cada um, mas sim fazendo com que a realidade transcorra e dê início a outras atividades.
Ao partir da realidade autêntica do aluno, relações sociais, crenças, valores, gostos artísticos forma-se um currículo imediatamente percebido pelo educando. Vale salientar, que o conteúdo relacionado com o seu cotidiano serve como ponto de partida para conhecimentos que lhe são desconhecidos.
É importante lembrar que no Brasil, tal modalidade de educação está vinculada às classes mais baixas economicamente, pois visa suprir deficiências referentes à qualidade do ensino que lhes é oferecido. Consequentemente, a educação não-formal acaba por ter como objetivo a inserção de crianças e adolescentes, clientela essa majoritariamente atendida, na sociedade, uma vez que foram excluídas desde o processo de seleção do sistema escolar, em que a educação é destinada a poucos, e não é para o ensino público na realidade brasileira.
A própria política sócio-econômica brasileira vigente, estimula o crescimento da modalidade educação não-formal, pois ameniza, ou até mesmo extingue as carências da população, obrigação essa cabível ao Estado.
É então conveniente tal crescimento contínuo de OSC’s (Organizações da Sociedade Civil)2, uma vez que além de defender sua causa legítima de proporcionar oportunidades melhores às classes mais baixas economicamente e de torná-los cidadãos, seu crescimento também se torna de interesse das classes sociais altas, pelo fato de acabar por combater a marginalidade, criminalidade/ violência protegendo essas classes mais favorecidas de tal desconforto, através da profissionalização e ascensão econômica da população carente.
No entanto, a educação não-formal de maneira geral, tem outros objetivos que não a perpetuação do descaso do governo brasileiro em relação às classes baixas economicamente. Suas aspirações envolvem indistinção de classes sociais, procurando construir diálogo entre essas partes. Assim, tal modalidade deveria ser acessível a todos e não somente às classes menos favorecidas com o intuito de suprir necessidades de obrigação do Estado.
Outro fator a ser explorado é em relação à formação que deve ter o profissional envolvido nesse processo de ensino-aprendizagem em modalidade não-formal de educação, que nem sempre é exigida apesar de extremamente necessária. O educador além de dominar conhecimentos pedagógicos, também deve conhecer as especificidades que envolvem a educação não-formal, quanto ao contexto que está inserido e a quem está sendo dirigida. Os educadores devem estar atentos e sensíveis aos anseios e necessidades dos educandos, oportunizar diferentes vivências conjuntas, além de levar em consideração, pré-conhecimentos que trazem ao espaço educativo acerca de diferentes contextos sociais e culturais.
Importante salientar
...